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Breaking Bad – 4×07 Problem Dog

Por: em 4 de setembro de 2011

Breaking Bad – 4×07 Problem Dog

Por: em

Um episódio cheio de tensão em cima de atitudes que os personagens podiam tomar mas acabam não acontecendo, e que traz Hank novamente ao primeiro plano. Gus tenta negociar com o cartel mexicano na intenção de resolver os problemas acontecidos desde a morte de Tuco, e não tem sucesso, afinal, eles estão irredutíveis. O sim ou não, proferido pelo porta-voz do cartel seria: autorizar ou não a morte de Walter? Foi a única pergunta que me ocorreu quanto a isso.

A cena inicial do episódio mostra que Jesse ainda tem algum tipo de luta interna contra a idéia de ser mais um “capanga” de Gus. Apesar de ver Gale em cada inimigo do jogo, ele segue atirando na cabeça deles, revivendo seu primeiro homicídio e tentando não sofrer com isso. Já que agora ele arranjou um motivo pra viver, ele se agarra a isso com todas as forças e vai se forçar a fazer tudo, pra conseguir se manter nessa posição.

E Walter pega o carro zero, novinho (que Skyler o obriga a devolver), pra correr por um estacionamento vazio de universidade, até cair em uma vala, para depois explodi-lo. Walter não quer perder o controle, nem nessa situação boba, ele é quem quer decidir o destino do carro que veio do seu dinheiro. É tão idiota a forma como Walter vem se comportando ultimamente, que só me leva a concluir que ele está sentindo falta da adrenalina que sentia quando era Heisenberg. Não que ele tenha deixado de ser, mas o fato dele ter se afastado dessa parte mais complicada que envolvia venda e distribuição da metanfetamina, e sendo apenas um empregado de laboratório para Gus, o sentimento de controle que ele tinha antes, certamente lhe escapou.

Ao descobrir que Jesse viu Gus em uma situação, Walter tenta dissuadi-lo de toda forma. Jesse é que tinha a arma na mão, para matar Gale e assistiu a morte de Victor em sua frente: ele sabe muito bem que deve temer a esse homem, que algumas semanas atrás queria vê-lo morto. E essa inversão na forma em que Gus trata Jesse; partindo de pária, viciado, que deve ser exterminado, para se tornar aliado, homem de confiança a ponto de fazer parte da segurança pessoal do proprio Gus, é que deixa tudo mais confuso. Jesse coloca o veneno feito por Walter dentro de um cigarro, o cigarro da sorte, e a cada vez que esse cigarro aparece em cena, nos seguramos em nossas cadeiras, com medo do que pode acontecer.

Hank e Walter Jr. foram comer frango frito e acabaram sendo atendidos por Gus em pessoa. No final da cena, finalmente fica clara a intenção de Hank indo até lá; e não só isso, também é necessário considerar todo seu afinco em voltar ao trabalho, ficar bom logo, se esforçar mais na fisioterapia, e tudo isso por se sentir mais próximo do responsável pela metanfetamina azul de Albuquerque; Hank consegue as digitais de Gus, e elas estão em várias evidências do apartamento de Gale: me lembrei na hora de uma cena, em um episódio perto do final da terceira temporada, em que Gus visita Gale, com a intenção de dizer a ele que Walter tem os dias contados no laboratório.

Fiquei pensando por muito tempo sobre o fator que faz com que Mike e Jesse acabem se dando tão bem, enquanto Walter e Jesse, apesar de serem sócios há tanto tempo e de terem passado pelas situações mais absurdas e apavorantes juntos, não conseguem se entender: o fator é o silêncio. Jesse respeita Mike, e mais do que isso, com o tempo de convivência – apesar de breve – consegue entendê-lo. Quando Mike diz a Jesse: “Olhos abertos, boca fechada” está claro o quanto Mike valorizava Victor, e fica mais claro ainda que Mike quer ver Jesse atento aos acontecimentos, sem que ele atrapalhe as negociações de Gus. Jesse resolve questionar a Mike, o que é que Gus viu nele afinal, e a resposta é “lealdade”, a sensação que a cena deixa é que Jesse tem cada vez mais motivos pra estar em duvida quanto a quem ele é leal, afinal de contas.

Finalmente começa a cena que dá nome ao episódio: Jesse confessa que matou um cachorro, na reunião do grupo de ajuda à viciados que frequentava – o mesmo onde conheceu Andrea. É claro que chamar Gale de cachorro não foi nada respeitoso da parte dele, mas foi a maneira que mais fácil de comentar o ocorrido, e tentar trabalhar a culpa que ainda sente sobre isso e sobre várias outras coisas que fez, copiando as palavras dele (em livre tradução minha):

A verdade é que se você faz coisas, e nada acontece, qual é o significado de tudo isso? Qual é o objetivo? (…) Então eu deveria parar de me julgar e me aceitar.Então não importa o que eu faça, todos dão um ‘viva!’ para mim, por ser um cara ótimo? Está tudo bem? Não importa quantos cachorros eu mate, apenas faço um inventário e aceito? Você deu ré e atropelou seu próprio filho e aceitou? Quanta besteira! Quer saber de uma coisa? Porque eu estou aqui, pra começo de conversa? É pra vender metanfetamina a vocês.Vocês não são nada pra mim além de clientes. Eu fiz de você minha vadia, e você não liga pra isso? Está ok com isso? Aceita?

Hank volta ao trabalho para mostrar a Gomes e ao seu chefe o que encontrou sobre a morte de Gale: e nesse momento eu não pude segurar o “outta boy!”, para Hank. Ele conseguiu juntar as peças do quebra-cabeça, finalmente! E mais uma vez, Hank vai ser jogado bem no meio de toda a situação conturbada de Gus, Walter e Jesse. Mal posso esperar.


Bruna Antunes

Porto Alegre - RS

Série Favorita: Battlestar Galactica

Não assiste de jeito nenhum: Sex and the City

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