Um dos principais tipos de sitcom que a gente vê nos EUA desde sei-lá-quando é o workplace comedy, o tipo de série que se passa num ambiente de trabalho e mostra a vida dos personagens numa rotina que, na maioria das vezes, é até melhor do que a que eles vivem fora do escritório (ou seja lá onde eles trabalham). Hoje em dia, na NBC, todas as comédias do canal seguem esse estilo, mas elas têm um twist: praticamente ninguém quer realmente estar no lugar onde está.

Tudo bem que Community se passa numa faculdade, mas a lógica é a mesma. É uma faculdade comunitária — e se o termo não é muito comum aqui pelo Brasil, já no piloto dava pra perceber como nenhum estudante de Greendale tava realmente empolgado em estudar por lá. Entretanto, apesar dos supostos fracassos nas vidas de cada personagem, o que cada um aprende com o tempo é que o que importa de verdade é que eles têm um ao outro. E é legal pra caramba acompanhar o jeito como eles se sentem cada vez mais à vontade de admitir isso.

O Jeff no começo de Community era o típico cara que nunca iria se encaixar num grupo daqueles. Mas mesmo que agora a amizade dele com todo mundo já esteja estabelicida, achei excelente a ideia da série nos mostrar um pouco de como era a vida dele antes do grupo de estudos. Ele se adaptou tão bem a Greendale, que eu nunca tinha parado pra lembrar que ele tinha um passado como advogado, com um escritório, com um chefe, com amigos advogados.

E que bom que ele teve. Porque por mais que o episódio não tenha sido tão engraçado quanto a premiere na semana passada, a trama do amigo traíra em Accounting For Lawyers montou o panorama perfeito pra minha maior risada da semana: a cena da Annie com o clorofórmio. Ainda melhor do que a Annie pagando de badass foi o desespero do Troy ao ver o que ela fez. O Abed geralmente é a escolha de todo mundo pra personagem mais engraçado de Community, mas quando o Troy recebe material, ele é fácil o personagem que me faz rir mais alto.

A ideia de todo mundo fingir que desmaiou e acordou ao mesmo tempo foi genial de tão bizarra, mas o Donald Glover joga um toque ainda mais especial no jeito completamente SURREAL que ele coloca nas expressões do Troy. (Sem contar que uma das outras partes mais engraçadas do episódio foi a cena final dele acreditando na brincadeira do Abed, mas depois ficando completamente devastado porque o túnel de desenho animado não funciona de verdade.)

O Chang acabou ganhando uma trama bem parecida com a do episódio passado, mas que ainda sim funcionou bem e me fez rir (quase) tanto quanto antes. Foi legal ver a obsessão dele no concurso de dança só pra conseguir fazer parte do grupo, mas o que me conquistou de verdade foi a parte bonitinha do Jeff chegando na última hora e percebendo que era ali que ele queria ficar. E o melhor é que mesmo quando a série dá uma escapada pro sentimentalismo, ao mesmo tempo ela não deixa de lado a pura e simples comédia — aqui, através da dança bizarra de todo mundo, da eliminação no concurso e da frustração de Chang.

Enfim, tô gostando desse começo de temporada mais do que eu imaginava. Mais alguns episódios nesse nível nas próximas semanas e eu não vou hesitar na hora de estufar o peito e dizer feliz que ela é minha comédia atual favorita. Pelo menos até a volta de Parks and Recreation.

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P.S.: Infelizmente, a audiência de Community não anda bem das pernas. A concorrência com The Big Bang Theory tá massacrando a coitada.

P.S. 2: “She’s a stripper. Life sued her, and she lost.”

P.S. 3: Olha só, teve referência ao Rio. Fiquei feliz. (Ou não, sei lá.)