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Dexter 4×10 – Lost Boys

Por: em 5 de dezembro de 2009

Dexter 4×10 – Lost Boys

Por: em

Como não ser repetitivo em uma série que episódio atrás de episódio continua fazendo o que há de melhor nessa fall season de 2009? Simplesmente não tem como. Então preparem-se: bombardeio de confetes pra Dexter assim que eu recuperar o fôlego por ter assistido à promo do 4×11.

Inspira… Expira… Inspira… Expira…

Dexter Arthur Mitchell Trinity Killer

Horas depois…

Pronto. Agora com o fôlego recuperado, eu posso falar: Lost Boys foi sim incrível, mas até que ponto o vídeo promocional de um episódio faz parte do conteúdo da série? Porque, pra mim, sem ele, seria a mesma coisa que um confeiteiro preparando o melhor bolo do mundo e esquecendo de colocar a cereja em cima dele na hora de servir. Seria a mesma coisa que a Deb fazendo a maior descoberta da história da polícia de Miami sem soltar um fuck depois. Seria a mesma coisa que o Dexter matando o Trinity e não pegando a amostra de sangue antes do golpe final.

Mas como vídeos promocionais muitas vezes são traiçoeiros, que ele fique de lado por enquanto e bora falar do 4×10. O nome do episódio, aliás, é cheio de referências. Talvez a mais óbvia, seja o filme de 1987, que leva (praticamente) o mesmo nome – e adivinhem – também fala de jovens desaparecidos. Outra referência vem do mundo do Peter Pan, onde as crianças que nunca crescem também eram chamadas de garotos perdidos – a diferença é que, em Dexter, elas nunca crescem porque não tiveram oportunidade pra isso.

Dexter The Lost Boys Peter Pan

O próprio Arthur Mitchell não deixa de ser um lost boy. Ele nunca conseguiu se livrar dos fantasmas da sua infância, vendo toda sua família morrendo pouco a pouco. E esse episódio, com a incrível descoberta de que o ritual de Trinity tem uma quarta peça só nos prova isso. Essa outra peça, a que dá início a todo o ritual, é o sequestro de um garoto por volta dos 10 anos, que nunca mais é encontrado. Arthur quer enxergar em cada uma dessas crianças a sua própria infância, a sua própria inocência. Quando Trinity enterra no cimento os meninos ainda com vida, é sua própria inocência que é enterrada junta. Mas a infância continua lá. Porque é ela que vai sempre ficar na cabeça dos pais desesperados pelo filho desaparecido. É ela que vai sempre ficar na cabeça de um Arthur Mitchell desesperado pela família desaparecida.

E é ela que também vai ficar sempre na cabeça de um Dexter… desesperado ou amadurecido? Porque por mais que a série sempre nos deixe com aquele ar ambíguo com relação a quem é verdeiramente Dexter Morgan (e olha eu esbarrando na promo do 4×11 de novo), ela também não cansa de nos mostrar como ele encara os sofrimentos da infância de uma maneira cada vez mais segura. A pessoa sem coração, sem sentimentos, lá da primeira temporada, que aprendeu com o pai a liberar seus fantasmas através de seus assassinatos, hoje é um homem casado, com filhos e que vê em Arthur Mitchell tudo o que ele não quer pra si mesmo. A possibilidade de matar Trinity é o ponto-chave pra que Dexter ou assuma de vez a personalidade que ele construiu com Rita, ou se dê conta de que tudo aquilo sempre foi só uma máscara.

Dexter Batista

Enquanto isso, lá no outro lado da história…

Deb e cia finalmente deram fim ao mistério da morte de Lundy. A entrevista com a Christine já era prova suficiente de que foi a repóter a responsável pelos tiros, mas Deb e Batista não levavam tanta fé na hipótese, até porque a garota aparentemente não tinha motivo algum pra disparar aquela arma. Gostei muito do ritmo em que a delegacia foi encaixando as peças até descobrir o parentesco entre Christine e Trinity, uma vez que foi rápido o suficiente pra não enrolar no que já era claro pra gente, e devagar o suficiente pra não colocar os detetives com uma inteligência e poder de dedução muito maior do que o normal.

Também na delegacia, outra coisa que me deixou com um sorriso no rosto foi a volta de uma das informantes que a Deb correu atrás em alguns episódios atrás. Pareceu um aviso dos roteiristas falando “Olha só, Dexter destruiu os arquivos de Laura Moser, mas a gente ainda não esqueceu dessa história não”. Acho que isso até abre as portas pra que a tão falada reviravolta no final dessa temporada tenha a ver com a Deb conhecendo o Dexter serial-killer. Quem sabe?

No final das contas, apesar de Lost Boys ter sido impecável, acho que todo mundo que assistiu ao episódio baixado e viu a promo no final do release só consegue pensar em uma coisa: “Hello, Dexter Morgan.”

AAAAHHHHHHHHHHH!

Dexter Família Rita

P.S.: Uma das coisas que eu mais gosto em Dexter é o jeito com que os episódios sempre seguem uma linha bem individual (como o caso dos garotos perdidos, do jantar de Thanksgiving, etc.), mas sempre bem ligada às tramas principais da temporada. É quase uma junção do estilo mais procedural com o estilo mais contínuo.

P.S. 2: Qualquer semelhança do primeiro parágrafo com o estilo que o Sepinwall começa as suas reviews não é coincidência.

P.S. 3: Assim como em Dirty Harry, eu queria ter assistido a “The Lost Boys”, antes de ver esse episódio. Não deu :~ (Ah, o Kiefer Sutherland de 24 horas participa do filme)

P.S. 4: Enquanto eu escrevia a review, estranhamente o shuffle do meu Winamp foi parar no CD mais pertinente possível: Misplaced Childhood, do Marillion hahaha


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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