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Dexter 4×12 – The Getaway (Season Finale)

Por: em 14 de dezembro de 2009

Dexter 4×12 – The Getaway (Season Finale)

Por: em

Dexter

Parem qualquer coisa que estejam fazendo. Tudo. Pensem nos últimos dois minutos da season finale que acabaram de assistir (ou que assistiram faz tempo). Respirem fundo. Coloquem na cabeça a imagem de Harrison banhado em sangue, da mesma maneira que a gente viu acontecer com Dexter, 3 anos atrás. Agora vai, tenta me dizer que o último episódio da melhor temporada de Dexter se encaixa em um nível menor do que genial. Não faz nem 10 minutos que eu fechei o player de vídeo e abri o bloco de notas pra escrever essa review, mas não tô nem aí pra empolgação de fim de festa. Se um episódio consegue me deixar do jeito que eu tô agora, eu duvido muito – muito – que com o passar do tempo minha opinião mude da que eu vou tentar descrever logo abaixo.

Aliás, a minha opinião já tá bem clara, achei perfeito e não vou falar mal de (praticamente) nada. Não agora pelo menos. E muito menos vou descrever passo a passo o que aconteceu no episódio, todo mundo já viu e se surpreendeu. Acho que depois de The Getaway a principal questão que fica é: como uma série consegue ser tão bem construída pra chegar nesse ápice que foi o cliffhanger deixado no final do episódio? A 4ª temporada de Dexter mostrou como a série é coesa, e mesmo com os vários errinhos que vira e mexe não deixam de aparecer, no decorrer desses últimos 12 episódios os roteiristas foram impecáveis em deixar claro que todas as histórias estão conectadas. E apesar disso ser uma característica meio óbvia pra um seriado, não é sempre que a gente consegue enxergar essas conexões de maneira tão clara, se empolgando tanto com elas. E o melhor é que todas essas histórias caminham em uma única direção, a mais evidente e mais interessante delas: a história do protagonista.

Dexter Morgan Criança

Dexter Moser é o moleque abandonado numa lagoa de sangue junto com o irmão mais velho e a mãe assassinada. Dexter Moser É o Dark Passenger. Dexter Moser representa tudo aquilo que Dexter Morgan quer se livrar, mas não consegue, porque o destino insiste em jogar na sua cara que ele não nasceu um Morgan. Ele nasceu um Moser. Depois de tanto especular nas reviews passadas, a maior resposta que a temporada podia trazer era essa: Dexter é diferente de Trinity porque Trinity sempre foi um Mitchell. Depois que sua família inteira morreu, ele não teve um Morgan pra pegá-lo no colo e controlar seus traumas. Dexter teve. Afinal, se Dexter não fosse um Morgan, ele seria um… Ice Truck Killer. Harry Morgan criou as famosas regras, o Código de Harry, pra diminuir o impacto que o Dark Passenger traz à tona naquele que o habita.

Mas e agora? Depois do final surpreendente que a séries nos brindou, o que acontece? Harrison viu sua mãe morrer numa banheira de sangue. De novo: Harrison viu sua mãe morrer numa banheira de sangue. Mais uma vez: Harrison viu sua mãe morrer numa banheira de sangue. Tentem tirar um pouco da cabeça o universo paralelo que é assistir a uma série de televisão, e façam um esforço pra trazer isso pro mundo real: Harrison viu sua mãe morrer numa banheira de sangue. Tentem se imaginar na situação de Harrison. É impossível. Só quem realmente viveu esse tipo de situação – e, acreditem, existe gente assim – deve conseguir absorver de verdade o que representa aquela cena.

Não há pra onde fugir. Não tem como encontrar uma brecha pro getaway. “It doesn’t matter what I do, what I chose. I’m what’s wrong. This is fate.” Seja Morgan, seja Moser… Dexter é Dexter, e agora, Harrison é Harrison.

Dexter Harrison Morgan

Pra quinta temporada a dúvida que fica é: Harrison vai ser um Morgan, um Moser ou um Mitchell? Ele tem um pouco dos três. Ele já é um novo tipo de monstro e eu mal posso esperar pra descobrir que tipo é esse. Qual direção a série vai tomar daqui pra frente? Vão seguir a linearidade e ainda mostrar o nascimento do monstrinho ou vão avançar no tempo e já mostrar o monstrão em desenvolvimento? Qualquer uma das possibilidades me agrada. Da segunda pra terceira temporada eu tava cheio de expectativas  e acabei me decepcionando. Mas o 2×12 não deixou um cliffhanger tão avassalador igual essa 4ª temporada deixou. Acho que a gente não vai ter nenhum motivo pra  se preocupar com grandes decepções quando o 5º de Dexter ano começar.

Enfim, bora parar com o texto pseudo-cult-filosófico e que fique com os P.S. a tarefa de comentar mais especificamente o que foi esse season finale.

P.S. 1: Primeiro de tudo: sim, a review do 4×11 não saiu. Eu não tive cabeça pra tirar o atraso com o texto de “Hello, Dexter Morgan” depois de assistir ao 4×12. Acho que depois de terem visto esse final, dá pra vocês me entenderem um pouquinho, não dá?

P.S. 2: Agora sim, falando sobre a série e começando por uma das melhores partes: Gostei muito, muito, muito, da importância dada à Deb nessa temporada. Não que nas outras ela fosse deixada de lado, mas aqui ela teve um brilho especial, não sei como explicar. O sofrimento com o Lundy, a investigação impecável, a descoberta do passado de Dexter e o trabalho incrível de Jennifer Carpenter elevaram a Deb, pra mim, à categoria de hors-concours. Não comparo mais com nenhum outro personagem.

Dexter Debra Morgan

P.S. 3: Já o Quinn continuou sem mostrar exatamente a que veio… Na verdade, a função dele sempre foi a de um coadjuvante de luxo e, apesar de nenhuma de suas tramas terem decepcionado nesse ano, nenhuma delas empolgou muito também. A questão da corrupção flagrada pelo Dex no começo não foi a lugar algum e o sofrimento com o suicídio da Christine também não me convenceu tanto.

P.S. 4: A própria Christine que foi a surpresa. Parecia que ela ia ser uma personagem mala pra combinar com o Quinn, mas do “Hi, Daddy” pra frente foi tudo perfeito. Ponto alto pros interrogatórios na delegacia e, óbvio, pra cena do suicídio.

P.S. 5: Com o Batista e a LaGuerta, eu vi muita gente fechando a cara, mas me amarrei na química que os dois construíram. Apesar disso, tiveram alguns problemas de ritmo nessa trama, tipo o começo abrupto (DO NADA, a gente viu os dois juntos) e o casamento mais abrupto ainda (a temporada inteira mostrou a tensão deles poderem ser descobertos e em 3 minutos eles arrumaram a solução pra escaparem da punição).

P.S. 6: Outra coisa que ficou corrida e não rendeu tudo que poderia render foi o fato de Masuka ter visto a Rita beijando o vizinho. Mas passo longe de reclamar, porque essa correria serviu pra dar espaço à história do Trinity e à construção do que foi o cliffhanger final da temporada.

P.S. 7: Ahhh A trilha sonora. Eu tenho na minha playlist todos os temas que o Daniel Licht compôs pra Dexter, e por mais que eles continuem sempre os mesmos, são sempre MUITO eficientes. Gosto demais.

P.S. 8: Não sou lá muito entendido dos termos mais técnicos de cinema/televisão, etc., mas tem como botar defeito na sequência da morte de Arthur Mitchell? A fotografia da cena dele fugindo com o carro e sendo capturado pelo Dexter já foi incrível. O resto então, nem comento. O que vale é rever, rever de novo e reaproveitar cada segundo. Outro ponto alto foi quando Dexter despejou o corpo de Trinity no mar: o céu vermelho deixou o clima da cena impecável.

Dexter Arthur Mitchell Trinity Killer

P.S. 9: Falando em Mitchell, eu nem guardei muito espaço pra falar dele no texto principal da review, porque muito da personalidade do cara eu já havia comentado nas outras semanas. Mas que fique registrado aqui mais uma vez o talento de John Lithgow interpretando o psicopata. Nunca vou esquecer do “Hello, Dexter Morgan”. Mesmo que todo mundo já soubesse dessa frase quando o 4×11 acabou, duvido que alguém não tenha ficado arrepiado depois.

P.S. 10: Quem vai sentir falta da Rita? Aposto que vão contornar bem a ausência dela temporada que vem. A personagem era importantíssima, mas muitas vezes irritaaaante… Além do mais, Dexter como pai viúvo de TRÊS vai ser MUITO interessante.

P.S. 11: RANKING DE TEMPORADAS! Vamo’ lá:

4º lugar: Terceira temporada
É boa, mas me decepcionou em vários aspectos. Também já comentei em algumas outras reviews o porquê disso.

3º lugar: Primeira temporada
É fantástica, mas não consigo colocar na frente das outras duas. Até porque, estranhamente, não me empolgou tanto no começo. Vai ver porque eu ainda nem era muito ligado em séries quando comecei a ver.

2º lugar: Segunda temporada
Até setembro, eu achava que a Lila tinha sido a melhor coisa que aconteceu em Dexter. Agora já é a segunda melhor. Ou a terceira. Enfim, de qualquer forma, merece com folga o meu segundo lugar.

1º lugar: Quarta temporada
Nível Lost de qualidade. E não importa se você não gosta de Lost, considerem isso como um elogio de quem acha a série da Ilha a melhor coisa que já existiu na galáxia.

Dexter Morgan Criança

P.S. 12: Com certeza eu esqueci de várias outras coisas que aconteceram – não só nessa season finale, como no restante da série. Não se acanhem em me lembrar.

P.S. 13: Finalmente, brigadão MESMO pra todo mundo que acompanhou essas reviews aqui no Apaixonados. Mesmo que tenha lido só uma delas, ou só alguns parágrafos soltos por aí. Apesar de alguns atrasos, sempre é mó gratificante escrever os textos, ainda mais quando vocês comentam. E créditos também pro Leandro, que cobriu os 4 primeiros episódios.

Valeu e até o ano que vem! : )


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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