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Dexter 5×02 – Hello, Bandit

Por: em 4 de outubro de 2010

Dexter 5×02 – Hello, Bandit

Por: em

Dexter

Pra onde essa temporada de Dexter tá se encaminhando? Semana passada a gente começou a acompanhar o modo como as consequências da morte de Rita afetam a vida de Dexter e das pessoas ao seu redor, e isso funcionou bem pra caramba, montando um dos episódios mais emocionalmente carregados da série. Mas agora, em Hello, Bandit, eu fico imaginando se essas consequências vão ser suficientes pra segurar uma temporada inteira — e se não forem, acho que as tramas ao redor do nosso protagonista provavelmente não vão ter força de segurar as pontas. É bem capaz que eu esteja sendo um pouco cauteloso demais, mas alguma coisa nesse segundo episódio me faz acreditar que seria muito válido se a produção da série soubesse desde agora a data de encerramento de Dexter pra já começar a preparar o final dessa história.

Porque senão tudo vai ficar girando em torno de determinadas tramas que a gente já acompanhou. O caso de Deb com Quinn parece que vai render mais do que o sexo casual da premiere, assim como a investigação do cara também parece que vai se esticar mais e mais no decorrer da temporada. E tanto num caso, quanto no outro, simplesmente não existe muita diferença praquilo que a série já apresentou em momentos anteriores. Até mesmo o conflito de Dexter com a morte da esposa, pelo menos nesse episódio, não se desenvolveu de maneira tão diferente do que já aconteceu antes. Com o irmão, com a Lila, com Miguel e com Trinity, todos os problemas que se passam na cabeça de Dexter acabam resultando na vontade de matar, de liberar o instinto assassino que o personagem guarda dentro de si desde que viu a mãe morrer quando criança. Há sempre algumas variações entre um caso e outro, mas será que essa quinta temporada vai ter fôlego pra encontrar uma OUTRA variação interessante o suficiente?

O final do episódio mostrou que talvez sim, afinal o desânimo de Dexter ao querer ir atrás do novo serial killer de Miami (aliás, só tem assassino bizarro por lá) representa muito bem o vazio que a morte de Rita deixou, e que agora a ausiência das crianças também vai deixar no seu dia-a-dia. A relação que esse novo Dexter vai ter com cada assassinato é imprevisível e interessante — na premiere o ataque foi instintivo e brutal, mas agora com Boyd o método mais calculista já aparece de novo. Ou seja, o panorama é legal, só que eu fico muito na dúvida sobre qual direção a história pode tomar a longo prazo. Dexter é um personagem que evoluiu muito ao decorrer das temporadas, mas o universo ao seu redor nunca consegue acompanhar o ritmo, então eu não consigo enxergar muito bem a série se sustentando em uma 6ª ou 7ª temporada.

Pega o caso do Batista nesse episódio por exemplo. Quando ele pediu a opinião dos colegas de trabalho, foi engraçado ver o conselho egoísta do Quinn de um lado e a perspicácia precisa da Deb do outro. Além disso, eu acho que eu sou uma das únicas pessoas no mundo que acha que ele tem uma certa química com a LaGuerta. Mas de que que isso adianta se as histórias que dão pro casal nunca chegam nem perto de serem tão interessantes quanto as do Dexter? Eu não dei a mínima pro “segredo” que o Batista descobriu, ainda mais depois de ele ter agido da maneira mais infantil possível a respeito dele. Quando confrontada, a LaGuerta passou LONGE de falar alguma mentira, e pior, ela falou de um jeito completamente amigável e compreensível. Ou seja, bora voltar a falar só do Dexter que a coisa rende mais.

Dexter Cody

Um dos focos do episódio foi o modo como as crianças trataram a morte da mãe, e apesar dos atores que interpretam Astor e Cody não mandarem tão bem, a história conseguiu ser tocante. Um dos problemas com os dois é que é MUITO improvável que os roteiristas imaginassem que algum dia eles precisariam usar da carga dramática necessária agora, então acho que é pedir demais que ambos conseguissem expressar a emoção tão forte da perda de Rita com o mesmo impacto de Michal C. Hall. Além disso, a história das crianças meio que se deu por encerrada por aqui, então não é como se a gente tivesse que conviver com eles durante toda a temporada. Concentrando SÓ esse episódio em Astor e Cody, a série conseguiu pregar minha atenção, me emocionar e não me deixar preocupado a respeito de futuros choros semi-fakes de Christina Robinson e Preston Bailey.

É a relação do Dexter com Harrison que tem potencial pra se desenvolver bem durante não só o restante da temporada, como o restante da série. Até porque o bebê só tem que ficar parado sendo bonitinho como sempre, o resto é tudo por conta de Michael C. Hall. A forma como Dexter cuida do bebê já expondo todos os seus segredos, contando pra ele exatamente quem seu pai é e o que ele faz monta uma intimidade ENORME entre os dois, ainda maior do que a genética sozinha já traz. Há um tempo eu li um rumor (falso) sobre como Dexter iria ensinar pro Cody tudo o que Harry o ensinou (se não me engano, é esse rumo que tomam nos livros), mas na série a direção mais lógica é que Harrison herde todo esse instinto assassino. E não porque Dexter vai ensiná-lo ou algo do tipo, mas porque mesmo que ele cuide do bebê com as melhores intenções do mundo, a forma como Dexter o expõe ao seu mundo cria uma cicatriz gigante na vida já ferida da criança. Não é porque Harrison é um bebê que ele não tem potencial de absorver tudo aquilo que tá acontencendo, mesmo que inconscientemente.

O potencial dessa quinta temporada ainda tá presente, mas o que Hello, Bandit me mostrou é que diminuir expectativas às vezes é necessário. Os conflitos de Dexter ainda são interessantes pra caramba, mas as tramas que começaram a se desenvolver ao seu redor não me empolgam tanto. O novo alvo de Dexter e o novo caso da polícia de Miami (que, por sinal, são casos soltos ou será que se conectam?) acabam caindo um pouco na mesmice e me deixam numa dúvida enorme: acordei de mau humor hoje ou o episódio realmente não foi lá essas coisas?

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P.S.: Tô curioso pra saber como a questão do Kyle Butler vai se desenrolar. Com o desânimo de Dexter no final do episódio, e se a investigação do FBI começar a se desenvolver bem, será que Dexter poderia acabar se entregando e assumindo que foi ele que matou o Trinity?

P.S. 2: Dexter e seu jeito com crianças: “No one’s gonna notice you.”

P.S. 3: Como o Quinn é chato. Uma porrada de séries usa a história dos personagens se fingindo de casal quando visitam uma casa à venda, mas em vez de aqui o negócio montar uma dinâmica divertida entre os dois, ele só mostra como Quinn é um cara inconveniente. (Aliás, uma série que fez isso muito bem faz poucas semanas foi The Big C.)

P.S. 4: Ficou bem tosca a forma como toda hora que o Dexter olhava pro caminhão, aparecia a mancha de sangue com o efeitinho de vídeo e a música brega.


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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