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Dexter 5×04 – Beauty And The Beast

Por: em 20 de outubro de 2010

Dexter 5×04 – Beauty And The Beast

Por: em

Dexter Lumen Julia Stiles

The babysitter doesn’t trust me because of the lies.
Lumen doesn’t trust me because of the truth. (…)

Lumen. É agora que a quinta temporada realmente começa a me empolgar. E por mais irônico que isso aconteça logo num episódio que, de certa forma, foi meio paradão, a maneira como a série trabalhou com a apresentação da personagem foi interessante pra caramba. Por passar boa parte de sua vida alheio aos sentimentos, às interações humanas que todo mundo pratica, Dexter sempre soube ler a cabeça das pessoas ao seu redor. Ele tem um olhar externo que identifica os padrões, reconhece a previsibilidade das pessoas, e a partir daí, quase sempre sabe exatamente o que esperar de cada um. Com Lumen é diferente. Dexter tá quase tão perdido quanto a gente. Não adianta buscar a ficha dela no banco de dados da polícia, porque as informações no papel não podem dizer metade daquilo que Lumen tem — ou não — a capacidade de fazer.

E nisso, a grande vantagem da série foi ter escolhido Julia Stiles pro papel. Ela tá sabendo carregar um ar de mistério gigantesco que me deixa com os olhos grudados na tela toda vez que a personagem aparece. Eu quero conhecê-la, saber quem ela é de verdade, o que ela faz, o que fizeram com ela. Em vez da falta de informações me deixar impaciente e inquieto, Lumen me deixa empolgado porque ela, de fato, passa a impressão de que os seus mistérios são importantes, são profundos, são dignos de se esperar as respostas com calma. E, principalmente, são extremamente compatíveis com o universo da série e com a personalidade complexa de Dexter. O par que pode sair daí é fantástico.

Não exatamente par romântico (mas levando em consideração que a morte de Rita foi tão recente, se a relação dos dois partir por esse caminho vai ser algo inesperado e acho até que tem chances de funcionar), mas simplesmente uma combinação de personas. A partir das dores e dos traumas de cada um, eles podem se complementar e criar um laço que, dependendo dos próximos episódios, eu queria muito que se desenvolvesse a longo prazo. A série segue uma fórmula muito estrita temporada atrás de temporada, e apesar de quase todas elas funcionarem muito bem, uma quinta vez já seria demais. Tá na hora de ampliar a visão, pensar lá pra frente. Mudar os paradigmas da série porque os próprios paradigmas do protagonista já mudaram.

O ruim é que com o resto do elenco, a coisa ainda continua intacta. E nem vou perder muito tempo discutindo sobre isso porque as reclamações são as mesmas de todas as outras reviews. Minha maior raiva mesmo foi por causa da promo do episódio anterior. Eu já fui enganado 454156278 vezes com as promos de Dexter, mas juro que essa foi a última vez que eu vou assisti-las. Semana passada, ela simplesmente mostrou todo o desenvolvimento de Quinn no caso Kyle Butler, e quando chegou a hora do episódio avançar com o que a promo havia mostrado, foi jogado um balde de água fria na minha cabeça com o segurança de Jonah impedindo o Quinn de falar com o garoto. Tudo bem que ainda tá cedo pra que ele consiga descobrir a verdade sobre o caso, mas a questão aqui não é nem o desenvolvimento da história, mas as falsas expectativas que as promos criam TODA semana. Sempre tem alguma pegadinha desse tipo.

Dexter Quinn

A história da Deb foi outra que não me empolgou tanto, porque depois de 5 anos como policial e vendo tudo o que ela já viu, não compro muito o certo trauma dela se culpar pelo corte no pescoço do garoto. O pior é que a série juntou os problemas dela com os problemas do Quinn tomando uma patada da LaGuerta. Resultado: a volta do relacionamento dos dois. Eu torço pra morder a língua e em algum momento gostar desse “casal” (ênfase nas aspas), mas pra mim soa um pouco forçado porque parece que eles só tem um ao outro no mundo inteiro, e que a única solução que a série consegue encontrar é colocá-los juntos. Não porque é interessante nem nada, mas porque existe essa brecha e eles querem encher a temporada com o maior número de histórias possível. Aquelas que funcionarem é lucro.

Como a da babá. A trama dela é legal por dois motivos. Primeiro porque já mostra que, mesmo que o Dexter se importe pra caramba com Harrison, o estilo de vida dele não permite combinar as profissões de serial killer e de pai. Ver o personagem tendo que decidir entre as suas prioridades traz um elemento interessante pro jogo. E segundo porque a babá em si também tá sendo bem legal de se acompanhar. Ela parece ser a pessoa mais legal e honesta do mundo, mas na Miami que Dexter nos mostra desde o começo da série, nunca houve espaço pra personagens assim. Então toda vez que ela aparece — e levando em conta alguns comentários da review de semana passada — não consigo deixar de ficar com uma pulga enorme atrás da orelha. Eu quero gostar dela, mas a série nos ensinou a tomar cuidado.

Acho que a maior prova de como eu gostei bem mais de Beauty And The Beast do que dos dois episódios anteriores foi como tudo isso que eu disse aí em cima fluiu bem enquanto eu escrevia. Semana passada, eu escrevia um parágrafo e parava. Escrevia outro, parava de novo. Eu não tinha vontade de escrever sobre o episódio porque o episódio não me dava essa vontade. E ao mesmo tempo em que Julia Stiles e Lumen me trouxeram de volta a empolgação com a série, agora eu já aprendi a ignorar a redundância das histórias que eu não tô gostando (Batista e LaGuerta, tô olhando pra vocês). Vamos ver se domingo que vem a coisa continua assim.

(…) There must be a name for that.
Oh, right. Dexter Morgan.

_____

P.S.: Acabou que eu não falei do cliffhanger deixado no final: Quer dizer então que Boyd não tava sozinho em todos aqueles assassinatos? Levando em conta o que a Lumen comentou e as últimas palavras de Boyd antes de Dexter matá-lo (You don’t know what you’re getting into), será que existe algum tipo de organização de serial killers (que termo bizarro) por trás disso tudo?

P.S. 2: Meio tosco como a polícia de Miami dependeu do Dexter pra achar aquela poça enorme com cinzas de cigarro. Tudo bem que ele é o profissional modelo da delegacia, mas os outros não são fracos a ponto de deixar isso passar em branco. Aliás, o fato de Dexter ter aparecido naquela cena do crime pareceu meio inútil. Talvez tenha sido só uma deixa pra que ele conheça o assassino de Santa Muerte e provavelmente desvende algum mistério que ele ainda irá esbarrar no decorrer da temporada.


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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