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Dexter 5×05 e 5×06 – First Blood e Everything Is Illumenated

Por: em 3 de novembro de 2010

Dexter 5×05 e 5×06 – First Blood e Everything Is Illumenated

Por: em

Dexter

Eu não lembro de ter uma antipatia tão grande pelos coadjuvantes de Dexter como eu tô tendo nessa temporada. É fato que eles nunca vão ser tão interessantes quanto o protagonista, mas a intenção não precisa (e nem deve) ser essa. Eles tão lá pra dar suporte à história, ajudar a trama a se desenvolver. O que tá acontecendo na série é exatamente o contrário disso. Em vez de coadjuvar, eles tão ficando no meio do caminho, empacando os acontecimentos mais interessantes da temporada. E o fato de eu ter me atrasado no episódio de semana passada e ter que escrever essa review dupla funciona muito a meu favor, porque o contraste entre o 5×05 e o 5×06 reforçam da melhor maneira possível esse meu argumento. A diferença entre eles é básica: o primeiro focou boa parte do tempo em Quinn, Deb, Batista, LaGuerta e Masuka. O segundo pegou o que há de melhor na dinâmica de Dexter e Lumen e deu pouco espaço pra que qualquer outra trama roubasse a cena.

O que eu acho legal nos dois é que durante essa temporada eu ando chato pra caramba tentando descobrir quais facetas de Lumen já foram usadas nos personagens das temporadas anteriores, mas episódio atrás de episódio ela prova que não é repeteco de nenhum deles. Ela tem uma personalidade própria que é bem diferente das que a gente já viu. Provavelmente, Lumen é a mais assustada e insegura, e através de todo o drama que ela passou ao ser vítima dos ataques do grupo do Boyd, é criado um laço com o Dexter que nunca foi muito explorado com outros personagens. Com Miguel e Arthur Mitchell, por exemplo, Dexter sempre esteve muito mais numa posição de aprendizado, tentando entender o que é conviver com um amigo, o que é ter uma família e ao mesmo tempo ser um assassino… Com Lumen, é Dexter que passa a ensinar. Não só a matar um cara e não deixar rastros, mas, principalmente, a conviver com o dark passenger.

E é engraçado como o fato de a Lumen também ter passado por um trauma tão grande meio que faz com que a confiança do Dexter aumente. Lumen VIU o que ele fez, ela sabe quem ele é, mas mesmo assim ele tava disposto a mandá-la pra casa em Minneapolis e ignorar que, em uma cidade distante, havia uma testemunha ocular de seu lado obscuro. Chega a ser quase incondizente com tudo o que a gente conhece sobre o cara, mas, de certa forma, até que faz sentido. Ninguém tá muito diposto a falar dos momentos traumáticos que passou, e seguindo essa lógica, é difícil imaginar Lumen abrindo a boca pra falar justamente da pessoa que a salvou daquela tortura.

Mas Lumen não foi embora, continuou em Miami, e trouxe mais problemas pro Dexter do que provavelmente traria se tivesse ido. O lado bom é que problemas pro Dexter sempre significam que quem se dá bem é a gente do lado de cá da tela, e o 5×06 foi a prova perfeita disso. Foi muito, muito, muito bom ver a bola de neve gigante que foi se formando na reta final do episódio. A tensão enorme que surgiu com Lumen, o cara baleado, o cara enrolado no plástico e a polícia de Miami chegando, sem dúvidas, foi o momento mais apimentado da temporada até a agora. E o melhor a é que a cena mostra que Dexter SABE empolgar sem precisar de um grande arco na temporada, usando de casos soltos pra dar importância ao que realmente vale a pena acompanhar: a vida dos personagens. Eu não tô nem aí pro assassino de Santa Muerte enquanto eu não descobrir qual o envolvimento dele com o Dexter (se é que vai ter algum). Mas os dois mortos nesse episódio que eu nem sei o nome, nem nunca vou saber? Incríveis. Me deixaram grudado na cadeira como ainda não havia acontecido nessa temporada.

Dexter Lumen Julia Stiles

Semana passada foi o inverso disso e o negócio me irritou pra caramba. Pra dar continuidade à história principal, surgiram DO NADA com um fetiche aleatório do Masuka por tatuagens e cuecas de oncinha — que foi até engraçado e tal —, mas tava na cara que eles só inventaram aquilo pra poder dar um passo a frente com a história do assassino de Santa Muerte. Não existe muito comprometimento com o personagem em si. A confusão do Dexter no 5×06 também tem seus exageros (olha lá no P.S.), mas soa muito mais natural porque foi crescendo aos poucos no decorrer do episódio, e principalmente, porque era coerente com o que a gente tá acostumado a respeito do Dexter (os assassinatos de sempre que o levaram a ter um cara enrolado no plástico na mala do carro), e com o que a gente já aprendeu a respeito da Lumen (o desejo dela de vingança com os caras que a estupraram).

Além disso tudo, o que tá me deixando MUITO curioso é a forma como o Robocop vai interferir no mundo de Dexter. Ele sim tem cara de que não vai sair da temporada vivo, o que aumenta ainda mais as minhas esperanças de ver a Lumen na série a longo prazo. Mas enquanto Peter Weller não se vai, o envolvimento com Quinn pode acabar fazendo o policial crescer momentaneamente aos meus olhos — como foi na temporada passada quando a gente descobriu que Christine era filha do Trinity. Não só porque eu quero ver o personagem crescendo em outras direções, mas principalmente porque, como já aconteceu um pouco no final do episódio dessa semana, torço absurdamente pra que isso afaste um pouco o casal formado com a Deb. Pra mim, ela tá sendo de longe a personagem mais mal aproveitada da temporada, e é uma pena ver o potencial da Jennifer Carpenter em tramas fraquinhas assim. A personagem mesmo falou em determinado momento: “I know it’s insane, I know it’s wrong for a lot of reasons…” Então por que não para? Eu posso aprender a ignorar Batista e LaGuerta, mas não me façam ignorar Debra Morgan. Por favor.

Agora, metade da temporada já se passou e o saldo por enquanto é um pouco decepcionante. Mas colocando Dexter e Lumen em primeiríssimo plano, Everything Is Illuminated mostrou que Dexter pode voltar a me empolgar — talvez não tanto quanto nas minhas temporadas favoritas, segunda e quarta —, mas pelo menos não a ponto de eu sofrer tendo que falar mal da série a cada review. Dexter merece mais do que isso.

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P.S.: A cena do clímax do 5×06 foi fantástica com o Dexter tendo que fazer malabarismo com a Deb, Lumen, Harrison e os corpos, mas foi um pouco absurda a forma como ele e o cara enrolado no plástico caíram numa briga, se arrastaram, e mesmo assim Deb e Masuka logo ao lado não escutaram NADA. Perdoo porque a conclusão que o Dexter montou (e que o Masuka encenou de maneira perfeita) foi bem escrita pra caramba. E o absurdo de vez em quando pode ser empolgante, é só não exagerar.

P.S. 2: Meio bizarra a paranoia do Dexter com o Harrison falando ‘die, die’. Eles fizeram melhor e de maneira mais sutil no próprio 5×05, quando Harrison arranhou o outro bebê. Além do mais, Harrison pode até sofrer algumas consequências por ter visto a mãe morrer, mas sorridente do jeito que é, ele parece muito mais sádico do que traumatizado.

P.S. 3: Depois dos dois primeiros episódios, eu fiquei com muita impressão de que parecia que eles tinham esquecido completamente da Rita, mas foi bem legal a forma como eles colocaram a Lumen na exata posição em que ela morreu, trazendo à tona um pouco do sofrimento de Dexter, combinando com o sofrimento da própria Lumen.

P.S. 4: Sempre me amarro quando qualquer série faz alguma pequena menção a acontecimentos de outras temporadas, e aqui teve a investigação do personagem do Peter Weller descobrindo que Dexter só saiu dos EUA uma vez — pra matar a Lila na França.

P.S. 5: Mil desculpas pelo atraso na review do 5×05. Peguei mó gripe e acabou que eu só assisti ao episódio ontem.

P.S. 6: Ah, claro: É som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado. Pura poesia.


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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