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Dexter – 6×08 Sin of Omission

Por: em 22 de novembro de 2011

Dexter – 6×08 Sin of Omission

Por: em

“I’ve killed people. A lot of people.”

Pra onde essa temporada de Dexter se encaminha, eu não faço ideia. Mas tenho a impressão de que só agora, a 4 semanas do season finale, é que a coisa começou a mostrar força. Parando pra analisar, o que se vê é que os roteiristas passaram a primeira metade desse ano colocando o Dexter diante de seus próprios conflitos internos, deixando a trama do DDK de fundo. A partir de Sin of Omission, é como se a coisa tomasse o caminho inverso. A personalidade do Dexter já ganhou uma nova faceta, os ensinamentos do irmão Sam, de alguma forma, mexeram com ele. Quando ver o personagem se confessando com um padre e estudando a bíblia (mesmo que com segundas intenções) faria sentido? Escrevendo esse texto, eu me lembro do medo que tive quando soube que essa temporada falaria sobre religião. Imaginava 1001 cenários de profunda descaracterização do personagem, mas para minha própria surpresa, acredito que o elemento de uma possível “credulidade” do Dexter foi bem trabalhado e inserido com cuidado.

Uma das cenas que mais me chamou atenção nesse episódio foi aquele momento pequeno no velório do Sam, quando o Dexter assumiu, mesmo que cuidadosamente, que, de uma forma ou de outra, o Sam tinha mudado sua vida. Ele fez o Dex ver que, apesar de seu Dark Passenger, existe uma luz – por mais fundo que ela esteja – ali também. Com o fim da série praticamente marcado (porque eu não espero – e nem quero – que ultrapassem a inevitável 8ª temporada), talvez isso acabe aparecendo com mais força nos próximos anos. A interação dele com o Travis foi muito interessante e eu acredito que pode render mais nos episódios que estão por vir. Não acho que o Dexter vai salvá-lo (ainda acredito que ele vai pra mesa no final da temporada), mas vale a tentativa e os ótimos momentos que ela pode entregar. Mostra que o Dexter tem mesmo luz dentro de si – mesmo que, de um jeito distorcido, a salvação que ele quer dar ainda envolva uma morte.

Quanto ao Gellar, eu não consigo mais cogitar a possibilidade dele ser um fantasma/projeção e nem mesmo uma dupla personalidade do Travis. Amarrar uma garota ao pé da mesa tudo bem, mas se nocautear, amarrar, matar a própria irmã e ainda se marcar à ferro me soa um pouco demais. O momento em que o Dexter encontrou o Travis na igreja e ele viu o Gellar de longe me fez ter ainda mais convicção de que o personagem realmente é de carne e osso. Semana que vem isso tudo pode cair por terra, mas eu não consigo enxergar um cenário plausível em que essa teoria se comprove  (embora eu também tenha uma ressalva, caso o personagem se mostre real – alguém explica como diabos ele anda pra lá e pra cá e ninguém o reconhece pelos cartazes de procurado?). Esperava que o Dexter visse o professor ainda nesse episódio – para saciar de vez a dúvida -, mas tenho certeza de que os produtores devem estar se divertindo muito com toda essa discussão dos fãs e vão levar o “mistério” o mais longe que puderem. O episódio da semana que vem se chama Get Gellar, talvez encontremos respostas nele.

Eu não queria me empolgar novamente com a possibilidade de uma trama futura, porque a série tá se mostrando mestre em desperdiçar plot bacana, mas não tem como não achar interessante o começo da mudança de estrutura na relação do Dexter com a Deb. Nos comentários do texto da semana passada, alguém falou que a caneta que o cara que o Dex matou poderia ser o primeiro passo pra gerar na Deb uma desconfiança quanto ao irmão e acertou em cheio. Ela já sabe que ele mentiu sobre a viagem, sabe que ele saiu na madrugada para resolver “assuntos” que surgiram e se deu conta de que ele tem alguma coisa a esconder e que ela é a parte que se abriu exclusivamente na relação. Dispensável falar o quão boa a Jennifer Carpenter está, mas não tem como deixar passar. O misto de angústia e dúvida que ela conseguiu passar para a personagem e pela primeira vez eu enxergo como possível a tão esperada (fiquei surpreso quando vi que não era o único) possibilidade da Deb descobrir sobre o dark passenger ao final desse ano. Curiosa também é a situação com a LaGuerta. Não entendi muito bem aquele telefonema dela, não sei se era pra deixar a dúvida de que ela poderia estar por trás de alguma coisa relacionado ao crime ou se era pra deixar a certeza mesmo, o fato é que a tensão entre as duas com certeza está a um passo de explodir.

No mesmo caminho, segue a trama do Louis. É muito interessante ver o Dexter incomodado com toda essa “vigilância” que o estagiário do Masuka ainda impondo e eu espero sinceramente que a série não jogue isso fora, porque dá pra render uma trama bem interessante, talvez até relacionada a uma possível descoberta da Deb, já que o cara é esse geek gênio da informática. É preciso isso pra que as cenas de ciúme do Angel acabem passando despercebidas, por estarem ali para um propósito maior. Propósito esse que eu não enxergo, por exemplo, na cena do clube de strip. Alguém explica? Ok que o Quinn deve estar magoado após seu rompimento (aparentemente) definitivo com a Deb, mas isso podia ter sido mostrado de tantas outras formas… E nem precisava ganhar tanto tempo de tela. Honestamente, quem se importa com o personagem?

Mais uma vez, a série se embrenhou no ramo das incertezas. Dispôs as peças no tabuleiro, mas quem garante que os roteiristas terão coragem de ir além? Acho que o texto acabou soando um pouco amargo demais em alguns pontos, mas depois de me empolgar com o começo da temporada e desanimar aos poucos, eu não quero acreditar que veremos outra season finale decepcionante, porque motivo pra isso não há. Tem material pra ser desenvolvido, tem tramas de sobra, a história do DDK e do Gellar e do Travis É interessante, essa coisa do Dexter querer “salvar” o Travis é bem bacana (e casa com o que a gente viu na figura do irmão Sam nos primeiros episódios). Os produtores tem 4 episódios que, eu acredito de verdade, podem ser incríveis, se eles souberem lidar com o potencial que ainda está aí, mas não foi usado. Não sou mais iludido de acreditar que podemos chegar ao nível de uma 4ª, ou até mesmo 1ª e 2ª temporada, mas já acho seguro dizer que estamos melhor do que na 3ª e na 5ª. O que eu espero é que esse “melhor” fique “muito melhor”.

Torcendo muito pra que Dexter, mais uma vez, não cometa o pecado do medo de seguir em frente.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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