Já dizem que o pior cego é aquele que não quer ver.
Eu diria que, no caso de Dexter, o pior cego é aquele que viu, mas que decide fingir que não viu porque é mais fácil. Ok, fingir que não viu é meio radical e todo mundo sabe que isso não vai acontecer, mas a cada novo episódio, a relação entre Deb-Dexter assume, com todos os méritos, o eixo central da penúltima temporada do show. O “agendamento” do fim (não sei se dá pra chamar assim) na temporada passada fez bem para os roteiristas, finalmente. Buck the System foi um mix: Lento, ágil, intimista, escancarado, perturbador, tudo. E funcionou!
Eu tô adorando ver como estão representando bem esse estado de “prisão” que o Dex entrou. Na verdade, foi forçado a entrar. Acho que “mostrá-lo” matando qualquer tipo de pessoa, ainda que na cabeça, foi uma boa sacada pra que não reste dúvidas de como o cerceamento da Deb tá fazendo mais mal do que bem. Eu nunca esperei que essa brincadeira de casinha fosse muito longe, mas podia jurar que até a metade da temporada isso se arrastaria, pelo menos. Ver tudo “resolvido” (dado as devidas ressalvas, porque ainda não dá pra saber o que vai acontecer) aqui me surpreendeu positivamente.
O Dexter diz na cena final que liberdade vem com um custo e o preço que ele vai pagar é o fim da sua relação com a irmã. Não o fim DE FATO, mas o fim do modelo de relação que ele conhecia, porque, como ela disse, agora tudo mudou. Mas como ela fez questão de deixar claro, ELA não mudou e esse senso de justiça aflorado e forte com certeza vai falar mais alto do que o sentimento fraternal que ela tem pelo Dex. Ele ainda é o irmão dela, mas, antes disso, é um assassino. Um monstro sedento por sangue. Me pergunto se ela viu que ele já estava chegando no limite ou se a decisão foi tomada depois da situação do Speltzer.
Normalmente, eu me incomodaria por OUTRA trama de “assassino” ser inserida na temporada, já que, teoricamente, temos o caso dos irmãos envolvidos na máfia/prostituição/whatever. Mas, talvez, essa história do Speltzer não dure até fim da temporada. É meio ‘macabro’ o padrão dele. Aquela roupa de minotauro foi bizarra mas, contudo, justiça seja feita: A perseguição dele à Deb e a garota foi alucinante.
A história do chip no bracelete mostrou que o esquema é bem mais sério do que parece a princípio e a chocante morte do Louis mostrou que eles não estão de brincadeira. Eu fui pego totalmente de surpresa com aquele headshot e provavelmente o Dexter também vai ser.
Eu acho uma pena porque o Louis era um personagem extremamente promissor (eu, inclusive, tinha esperanças de vê-lo como grande inimigo do Dex), mas, ao mesmo tempo, vê-lo morto dessa maneira me faz crer que os roteiristas sabem que caminho tomar. Será se, quando (e se) descobrirem que o Dex mandou a mão para o Masuka e a fita para a Jamie, ele vai se tornar suspeito? Bom, se nada acontecer ele vai ser encontrado no barco dele…
Um dos destaques do episódio foi a entrada da Hannah, participação especial da Yvonne Strahovski. A priori, o que a entrada dela traz é a certeza de que o Wayne, do episódio passado, não era mesmo um personagem qualquer, como eu imaginava que ele seria. Ainda não tem como saber até que ponto a personagem vai ser influente, mas o que deu pra perceber é que ela também está envolvida nos crimes do ex-namorado. E eu tô louco ou rolou um clima entre ela e o Dex? Não sei explicar, mas aquela ‘tirada de sangue’ foi bem sensual.
A história do Quinn com a stripper não me anima, mas não chego a dizer que seja um ponto fraco. Meu problema é mesmo com o personagem, que eu nunca consegui gostar. A garota tá encantada, isso é fato. Ele diz que está, mas não dá pra acreditar 100%. Provavelmente, essa história vai servir mesmo pra destrinchar o caso dessa rede de crimes ou seja lá o que for a relação que eles possuem. Um lembrete futuro pra que eles nunca mais matem um policial – afinal, se o Mike ainda estivesse vivo, Miami Metro não teria entrado na história.
Dexter, até agora, segue com uma temporada infinitamente superior as 02 antecessoras. Resta, agora, torcer pra que os roteiristas não percam a mão outra vez.
