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Dexter – 8×11 Monkey In a Box

Por: em 19 de setembro de 2013

Dexter – 8×11 Monkey In a Box

Por: em

“Eu não sou mais o mesmo Dexter de antes.”

Dexter se prepara para encerrar sua jornada e Monkey In a Box é um episódio que prepara o terreno para o grand-finale da série, entre boas sequências e erros amadores (não apenas por parte do Dex, mas por parte do roteiro também).

Marshall Dexter

É, claro, totalmente compreensível que, do ponto de vista narrativo, era importante que o agente Marshall liberasse o Saxon, para que este pudesse atirar em Deb e assim criar o clímax pro episódio final. Contudo, fica complicado aceitar que um agente federal não tenha recebido um aviso, foto ou qualquer outro tipo de coisa do Saxon a partir do momento em que ele se tornou o procurado número 1 da polícia de Miami. Há o argumento de que ele pode estar tão envolvido na caçada da Hannah que sequer tenha checado suas mensagens. Não justifica.

Da mesma forma, não compreendo como Hannah consegue se hospedar em um hotel sem que um alerta de segurança máxima seja emitido. Quando ela apenas levou Harrison para o hospital, já foi reconhecida por duas pessoas (e aliás, não tinha uma câmera naquele lugar pra que o Marshall checasse se era mesmo a Hannah?). E se hospedando então, sem peruca, disfarce ou nada? Olhando em um plano geral, sequências assim não chegam a prejudicar o andamento na série, mas quebram a verossimilhança que é necessária para que qualquer produto de TV funcione. (E vale lembrar, verossimilhança não quer dizer realidade).

O erro mais amador, contudo, não foi da parte do roteiro.

Partiu do próprio Dexter. E aqui, não cabem defesas ou argumentos. Mesmo eu, que tanto defendi seu relacionamento com Hannah e sua decisão de fugir, não consigo aceitar que ele tenha deixado Saxon vivo para ser levado à polícia depois de todas as ameaças que ele fez àqueles que Dex ama. Quando Dexter fingiu aceitar a proposta dele, fiquei feliz porque percebi que era um blefe e que ele ainda iria matá-lo. Mas a cena do momento de “iluminação” onde Dex percebe que não precisa matá-lo não merece comentários. Isso não é evolução, é regressão. Dexter deixou Trinity escapar e Rita pagou por isso. Agora, deixou Saxon vivo e a vítima foi Deb. 

Deb Morgan

O episódio se encerrar com Deb baleada é um prenúncio do que podemos esperar do series finale  de domingo. Se eu fosse apostar, iria certeiro na morte da personagem, não apenas pelo estrago psicológico que isso faria ao Dexter, mas porque toda sua trajetória nas últimas temporadas aponta pra isso. Desde que descobriu que Dex é um serial killer, Deb não viveu. Viu tudo o que acreditava ser certo cair por terra. Suas certezas se desfizeram, seu mundo mudou e ela teve que, por amor, se adaptar uma total e completamente diferente realidade. O percurso foi duro, mas ela chegou lá.

A prova cabal é um pequeno momento neste episódio, quando Deb ajuda o irmão a pegar Saxon. Quando ele já está desmaiado, Deb abaixa a arma e SORRI para Dex. Sorri, como se fosse uma coisa natural, como se estivesse entregando uma criança ao pai, como se aquilo não fosse algo do qual a antiga Deb, calcada nos mais nobres valores morais, sentiria nojo. É interessante analisar todos os caminhos percorridos pela personagem nas duas últimas temporadas e perceber que o que a trouxe aqui foi o amor que sente pelo irmão. A conversa com Hannah (a quem ela engoliu todo o ódio e passou a ajudar, vale a observação também) no carro é outro momento chave para entender tamanha mudança. “- Eu devo realmente amar esse homem. – Eu também.”

Outras duas pistas sobre seu destino.

Primeiro, o fato de toda a sua vida estar finalmente entrando nos eixos. E não teria nada mais irônico (e a cara da série) que ela pagasse agora o preço pelas escolhas que fez. É como um acerto de contas da vida. Deb distorceu tudo o que acreditava e por mais que a gente saiba que ela sequer teve escolha, é como se sua morte fosse uma punição. Fosse o método encontrado pela série para “purificá-la”. E segundo, suas cenas com Dex nesse episódio incorporaram o tom de despedida. E não parecia uma coisa temporária, do tipo “Te visito na Argentina”, mas algo definitivo – reparem no “Nada vai me atrapalhar ter mais uma noite com meu irmão.”

Dex e Harrison Dexter

E, assim, chegamos ao fim.

É com Deb baleada, Dexter se preparando pra fugir do país com Harrison e Hannah e Elway no encalço dos dois, que a série se prepara para encerrar sua jornada.

Foi uma temporada um tanto quanto confusa, nem de longe tão boa quanto as melhores da série, mas também bem distante das piores. Entre momentos desnecessários, trouxe debates importantes, como a psicopatia (ou ausência dela) do Dexter e consagrou a evolução de Deb e, até certo ponto, de Dexter também, por finalmente ter alguém com quem ele pode ser ele mesmo.

Abaixo, a promo do series finale. Prontos ou não, é hora de dizer adeus.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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