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Doctor Who 6×01 – The Impossible Astronaut

Por: em 23 de abril de 2011

Doctor Who 6×01 – The Impossible Astronaut

Por: em

Doctor Who Matt Smith

Fun fact: eu só vi a quinta temporada de Doctor Who. O que significa duas coisas. Um: vocês têm todo o direito de me xingar à vontade se eu não fizer jus à série e deixar passar um trilhão de referências que só quem viu as temporadas anteriores pode pegar. Dois: Eu gostei TANTO da quinta temporada que vocês também têm todo o direito de serem bonzinhos e, em vez de me xingar, me ajudarem a pegar todas essas referências — mesmo que eu comece falando dessa premiere com uma meia dúzia de palavras um pouco mais amargas do que eu gostaria. Juro, é só um pouco mesmo.

Foi a primeira vez que eu vi um episódio de Doctor Who em que todo o seu universo já estivesse meio que estabelecido. O primeiro episódio da temporada de 2005 (que eu só vi até o 1×04) serviu como reboot da série clássica. E o primeiro da quinta temporada, com Moffat assumindo o comando da série, praticamente deu outro reboot à história com a inclusão do 11º Doutor — tanto que foi um ponto de partida perfeito não só pra mim, como pra uma cacetada de gente. The Impossible Astronaut deu o pontapé na sexta temporada sem precisar reambientar nada, tudo já tava certinho no seu tom. A novidade era a trama, e ao apresentar uma nova história TÃO intrigante, falar sobre o episódio nessa primeira semana acaba se tornando uma tarefa meio vazia. Qualquer palpite é um tiro no escuro e qualquer tentativa de focar SÓ no que aconteceu durante os 40 e poucos minutos é simplesmente frustrante. Falta informação, falta o clímax. E óbvio que boa parte disso não é culpa do episódio em si, até porque teoricamente a gente só viu metade dele até agora. Mas — não me esfaqueiem — mesmo divertido pra caramba e cheio de one liners sensacionais, The Impossible Astronaut pra mim desperdiçou um pouco do momentum construído nas expectativas gigantes das últimas semanas. Não por ter sido uma hora fraca, mas por jogar um balde de água fria na nossa cabeça tão cedo com os cliffhangers. Foi um episódio mais de construção do que de ação, e não é exclusividade de Doctor Who que as memórias mais marcantes de uma série acabem quase sempre vindo do segundo grupo.

Mas beleza, a gente tem uma semana pra esperar, então bora tentar encher uns parágrafos com o que a gente tem em mãos. Primeiro: Doctor is dead. Duzentos anos mais velho do que a versão que a gente conhece, mas tá morto. Esse é um dos momentos em que meu background fraco na série me deixa um pouco mais perdido, mas ao mesmo tempo mais empolgado. Afinal, quais são todas as regras por trás das viagens no tempo e das regenerações dele? O Doutor morreu DE VERDADE mesmo? Se eu levar em conta tudo o que River Song disse, sim. A astronauta o matou durante seu ciclo regenerativo (que eu não sei muito bem como funciona, porque eu nunca vi ele se regenerar), e também é complicado alterar a linha do tempo pra que aquele momento nunca aconteça porque, igual a gente viu no final da temporada passada, o risco de dois Doctors se cruzarem e alterarem o curso um do outro são altos pra caramba. Só que o legal disso tudo é que o Doutor — e Moffat — são muito mais espertos e sabem muito mais do que esses pedaços de informação que a gente descobriu na maior facilidade. Existe todo um plano por trás de tudo que o levou até aquele exato momento, e acompanhar esse plano se desenrolar é uma das tarefas mais empolgantes pra temporada. Até porque o plano é suscetível a inúmeros imprevistos: como o tiro de Amy na astronauta-mirim.

Doctor Who Amy River Song

Outra tarefa empolgante pra temporada — e com possibilidades gigantes de ser alcançada com êxito — é fazer com que absolutamente TODA a humanidade se. cague. de. medo. Por um lado é até reconfortante encontrar uma criatura que é varrida completamente da memória assim que você vira os olhos — ela nunca vai atormentar a cabeça de ninguém depois daquele contato direto —, só que também é exatamente esse motivo que torna os Silence tão mais imprevisivelmente (quase certeza que essa palavra não existe) perigosos. A cabeça de alien com forma esquelética junto a um corpo vestido de terno e gravata é outro detalhe que não ajuda em nada. Quando eu era moleque, fãzaço de Michael Jackson com meus 5 anos, eu me aterrorizava toda vez que chegava a hora de Thriller no show clássico de Bucharest que reprisava direto no SBT. Eu era mó feliz e não sabia. As crianças inglesas (ou de qualquer parte do mundo que tem a sorte de crescer com o Doctor) vivem traumas muito maiores do que eu. MJ virando lobisomem nem se comparara com o mais novo integrante de um grupinho que já tem Weeping Angels na coleção.

Nossa sorte é que Doctor Who é uma série muito, muito, muito versátil. Monstro bizarro de um lado, Amy Pond grávida do outro. Amy’s Choice na temporada passada serve de prova de como um barrigão em Karen Gillan não tira um pingo do quão adorável e linda e simpática e fantástica sua personagem é. Ela carrega um clima que combina bem demais com o jeitão brincalhão de Matt Smith, mas que não é de jeito nenhum restritivo apenas a ele. A gravidez traz um grau de responsabilidade ainda maior pro Rory e vai ser legal pra caramba acompanhar os dois vivendo essa nova fase como casal (apesar de o bebê a caminho provavelmente signficar muito mais do que uma storyline pros dois). E ao mesmo tempo, Amy também funciona benzaço com River Song, à medida em que as duas se cruzam numa semelhança cruel: o medo iminente de perderem o Doctor pra sempre. Seja pela morte, seja pela ingrata dessincronia temporal — levando a River de Doctor cada vez mais ao eventual caminho do esquecimento (o que tematicamente combina muito bem com a introdução dos Silence).

Como fã recente e desnaturado de Doctor Who, é bem capaz que minha empolgação com a premiere tenha sido mais discreta do que a dos fãs de longa data. Só que o que eu não gostei tem menos a ver com a série em si e muito mais com o modelo no qual a TV americana e britânica operam: deixam a gente com uma migalha e nos obrigam a esperar o resto da semana inteira por outra. Muitas vezes a migalha é boa o suficiente pra matar um pouco da fome, mas o jejum da Sexta-feira Santa — mesmo que eu não tenha feito jejum algum — me deixou com vontade de muito, muito mais. Dos males o menor, pelo menos. Em Sábado de Aleluia, o que importa é que Ele não só tá pra ressuscitar, como já ressuscitou.

Santificado seja Vosso nome, Doctor.

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P.S.: Incrível como aquela mesma música da trilha sonora (I Am The Doctor) toca 1284761283 de vezes em cada episódio, mas me deixa SEMPRE empolgadaço socando o ar igual retardado.

P.S. 2: Tem vários quotes que eu queria jogar aqui, mas não anotei nada durante o episódio, e de cabeça é meio impossível eu lembrar. Vou ver se guardo alguns pra escrever aqui semana que vem.

P.S. 3: Feliz Páscoa! 🙂


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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