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Doctor Who – 6×05 The Rebel Flesh e 6×06 The Almost People

Por: em 31 de maio de 2011

Doctor Who – 6×05 The Rebel Flesh e 6×06 The Almost People

Por: em

Cristal: É uma tarefa árdua começar a falar desse arco de episódios de Doctor Who sem focar na derradeira revelação de The Almost People, vamos tentar?

Camila: Sim, quem acompanha os spoilers da série não esperava tão grande revelação nestes dois episódios, aliás, eu esperava um episódio comum, uma história sem muita conexão com outras. Até achei que fosse ser assim ao ver o primeiro episódio, The Rebel Flesh. Até o momento em que o Doctor disse já conhecer esse “material”.

Cristal: E que material! Certas raças (ou criaturas) de Doctor Who costumam entrar pra minha particular categoria de excelência quando alcançam os meus pesadelos. Foi assim com os Anjos, a criança vazia,  os Oods e, mais recentemente, o Silêncio. Com “a carne”, certamente não será diferente. Aliás, importante observar que The Rebel Flesh é apenas o segundo episódio que Matthew Graham escreve para a série e, de certa forma, o autor já está completamente inserido no clima da série. Seu texto anterior foi o de Fear Her, na minha opinião um dos melhores episódios da segunda temporada, quando Doctor e Rose vão parar em um subúrbio londrino onde as crianças estão desaparecendo. Parece que ele gosta mesmo dessa premissa em que seres de outro planeta tomam os corpos de humanos. Ou quase isso.

Camila: Quase isso. Eu fiquei aflita quando começaram a aparecer aquelas réplicas, porque eles eram de verdade, tinham memórias, e não poderiam simplesmente morrer. Seria um assassinato como qualquer outro, o que eles fariam para “consertar” a situação sem cometer um grande crime? Pra mim o Doctor precisava de uma saída de mestre, além do que eu poderia imaginar. Se todos tivessem dado um “defeito” e morressem naturalmente depois de um tempo ia ser muito previsível e não digno de Doctor Who. Por falar em previsibilidade, achei incrível que Rory não tenha morrido nestes dois episódios!

Cristal: Não é? Vida longa ao marido de Amy! Quem poderia imaginar que, em um episódio com tantas baixas, Rory conseguiria escapar ileso? Pelo menos um doppelganger seu era de se imaginar que morresse. Mas não, apesar de ter atraído a atenção da criatura mais problemática, a tal Jennifer, Rory sobreviveu ileso a esses dois episódios. E nem mesmo duas versões “carne” de Jen foram capazes de exterminá-lo! Infelizmente, o mesmo não pode ser dito do Doctor Ganger. Quando ele surgiu, eu tive a certeza de que estávamos diante da explicação para a suposta morte do Doctor no primeiro episódio dessa temporada, The Impossible Astronaut. Afinal, decretar a morte de  um personagem longevo como o Doctor, em plena season premiere, é muita coragem… Ou muita maluquice. Então quer melhor explicação do que a existência de um segundo Doctor, ainda que de “carne”, também vivido pelo Matt Smith? Mas é como o Ganger disse, se algum dia alguém comer os biscoitos do Doctor original, então a gente já sabe que o “de carne” talvez ainda esteja por aí.

Camila: Eu ainda acho que a explicação para aquela morte vai passar por este episódio, por este Doctor de carne. Não acho que foi à toa que Amy contou a ele sobre sua morte, agora ele sabe, e os dois Doctors podem ter planejado algo em relação a isso. Doctor é o mestre dos planos mirabolantes e Moffat (showrunner da série) está amarrando muito cada episódio dessa temporada, ele está colocando indícios de coisas em cada detalhe, vamos chegar ao final com uma quantidade enorme de informações para processar. Fico imaginando se no próximo episódio irão contar quando a Amy foi “trocada”. O meu palpite é que isso aconteceu na primeira vez em que ela viu o Silêncio, dentro do banheiro no primeiro episódio. Porque no início do 6×01 ela está grávida, e no 6×02 não está mais. Até pensei que pudesse ter sido trocada quando foi sequestrada pelo Silêncio, mas antes disse ela já tinha visto a mulher na escotilha numa porta e visto fotos suas no criado mudo, e se perguntando “como pode ser eu?”. Eu fico pensando sobre esse plot de Amy, sempre disseram que não tinham dito tudo sobre a personagem ainda, que o Doctor não a escolheu por acaso e que ela também tem um segredo, etc… etc…  Tudo bem, mas Amy Pond já tem muito mais participação e complicação em Doctor Who do que todas as outras companheiras dessa versão da série. Tenho medo do que isso pode significar.

Cristal: É mesmo, teorias sobre Amelia Pond não faltam, e algumas são bem transloucadas. Seria Amy irmã do Doctor? Filha? Cunhada? Ok, nunca ouvi ninguém afirmando que Amy fosse a cunhada do Doctor, mas não seria de se espantar se, mais dia menos dia, essa teoria também surgisse. O que fica certo por hora é que a Amy que navegou na Tardis, e acompanhou Rory e o Doctor pelo menos pelos quatro (ou cinco?) últimos episódios, não é a nossa Amy. E quem disser que desconfiou disso antes desses dois últimos episódios tem a mesma credibilidade que quem afirma ter sacado que Bruce Willis era um fantasma antes do final (ou pelo menos antes de 3/4) de O Sexto Sentido. Impossível. Desconfiar que houvesse algo errado, vá lá. Mas dizer que sabia que não era a Amy que estava ali? Me faça uma garapa, não acredito mesmo. Quando Amy está abraçando o outro Doctor, o de carne, e ele lhe diz ” empurre”, aí sim, já dá pra começar a juntar as pontas. Na minha imaginação, não tão fértil quanto a de Moffat, Amy estava mesmo em trabalho de parto, só que em alguma UTI interespacial, sonhando com tudo aquilo e sendo chamada à realidade pela voz do seu amado Doctor.

Camila: A única coisa que a gente desconfiava a respeito de Amy era sua gravidez. Esse era o único “errado” com ela. Quando Doctor manda Rory se afastar dela, achei ele sim fosse morrer, essa vida dele como centurião, plástico e etc., o fazia um candidato perfeito à não normalidade que estava surgindo ali. A única coisa que pude imaginar foi quando entrou em trabalho de parto, mas ainda assim imaginei que fosse a própria Amy, e que o problema estaria com o bebê, não com ela. Seria um bebê alterado pelo silêncio? Nunca poderia imaginar isso. E mesmo se o Doctor tivesse tido dúvidas, porque não foi antes para esse lugar? Esperou tanto tempo pra esclarecer isso porque? Deixando de lado todas as questões plantadas por este episódio, adorei como ele foi desenvolvido e suas questões sobre ética. Além de termos dois Doctors em cena.

Cristal: E, ainda na tentativa de falar um pouco dos episódios em si, e não da grande revelação, me sinto no dever de a elogiar a interpretação de Rachel Cassidy, que interpretou Cleaves, chefe da equipe, dando vida e humanidade à personagem, tanto na versão humana quanto na versão carne.  Não é todo ator que consegue trazer personagens criar carismáticos em apenas um ou dois episódios. Cleaves não deve mais aparecer na série (ou quem sabe ela pode vir a se tornar uma nova Harriet Jones?), mas com certeza lhe cabe o posto de humana mais memorável da temporada até aqui. O mesmo definitivamente não pode ser dito de Jimmy e seu filho Adam. Eu não tive uma gota de dó do pai que perderia o aniversário do filho… Até porque toda a cena com o pequeno Adam saltitante me pareceu uma baita cópia de Minority Report, quando o protagonista de Tom Cruise, assiste um vídeo de Sean, seu filho perdido que adorava correr. Mas, detalhes como esse à parte, os episódios foram mesmo excelentes.

Camila: Até a atuação da mulher com o tapa-olhos parece mais intrigante do que o Jimmy e seu filho. Doctor precisava dos personagens para colocar a questão de que “originais e cópias” têm a mesma memória, o mesmo sentimento, pensam iguais, então como poderiam conviver? A memória é uma coisa muito particular, não existem duas iguais. Mas ali acontece isso, ela é replicada e os dois teriam o direito de viver. Doctor Who não seria a série que é hoje sem algumas lições de moral, e esta é uma delas. O homem cria avanços tecnológicos sem pensar muito nas consequências, sem imaginar o futuro. Ver aquele monte de réplica apodrecendo vivas em um canto é assustador, revoltante e, o pior, é que é algo que poderia acontecer.

Cristal: E eu vi um comentário no Twitter questionando porque o Doctor resolveu exterminar a versão carne de Amy, já que antes ele havia pregado que todos podiam conviver harmoniosamente… Ora bolas, se ele não destruísse a doppler Amy, a consciência de Pond não retornaria ao seu corpo inerte, prestes a dar a luz!

Camila: Com muitas dúvidas, o tanto quanto puderam ser acumuladas nestes episódios que compõem a primeira metade da série, nós esperamos ansiosamente pelo próximo, 6×07 – A Good Man Goes to War, que só pelo título já nos deixa mais uma séria pergunta ou um grande spoiler.

In Moffat, we trust.


Cristal Bittencourt

Soteropolitana, blogueira, social media, advogada, apaixonada por séries, cinéfila, geek, nerd e feminista com muito orgulho. Fundadora do Apaixonados por Séries.

Salvador / BA

Série Favorita: Anos Incríveis

Não assiste de jeito nenhum: Procedurais

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