Well… que grata surpresa vem sendo The Event.
Em primeiro lugar, sei que talvez a série esteja me divertindo tanto porque cansei de começar a assistir séries de mistério 1). Comparando-a com LOST, 2). Achando que no final irá me decepcionar, 3). Pescando nela referências a The 4400 e, recentemente, 4). Pensando que ela será a nova FlashForward.
The Event tem sim um pouco de tudo o que já vimos em LOST, The 4400, FlashForward, 24, Jericho, whatever. Mas me fisgou por dois motivos:
1º A grande sacada dos roteiristas e produtores da série durante a divulgação na Comic-Con e no painel durante a TCA Press Tour. Já era hora de pararem de divulgar séries novas como “a nova ____________ (insira o nome de uma série famosa)”. Gostei de ler entrevistas dos caras falando que sim, a série tem elementos de histórias já visitadas por outras séries, mas que também terá uma identidade própria. Esse lance de apoiar o marketing de divulgação todo em cima de um nome já conhecido e consolidado além de ser uma estratégia extremamente preguiçosa é também perigoso. Ora, vivemos na era da informação rápida e acessível. Não adianta nada, por exemplo, o marqueteiro da ABC tentar vender FlashForward como “nova LOST” ou Happy Town como “nova Twin Peaks”, porque o povo pode até correr para assistir ao primeiro episódio, os próximos 2 ou 3 episódios podem até ter uma boa audiência, mas logo a galera acaba descobrindo que foi enganada e abandona o barco. Ponto para a equipe de The Event, que decidiu ficar longe das comparações do marketing parasita.
2º Tanto faz se você é hater ou fã de LOST, há que concordar que a paciência da audiência anda curta após o final da série. Povo que passou 6 anos escrutinando detalhes e imerso num universo de mistérios parece que resolveu dar um tempo dessa vida, é só ver os números de audiência de séries como Fringe – que aliás é uma baita série – e rever as tentativas fracassadas de emplacar um novo hit de mistério nos últimos 2 anos. The Event chegou prometendo algo como “vocês não precisarão esperar uma eternidade para obter respostas”, mais uma jogada inteligente dos produtores, que parecem ter aprendido com os erros dos outros.
Mas que fique bem claro: se você for assistir The Event, tenha em mente que por mais que obtenha respostas quase instantâneas (após 2 episódios já sabemos o que são Sophia e seu povo), você está assistindo a uma série de mistério, logo, inevitavelmente mais perguntas surgirão.
Antes de começar a falar sobre os episódios, um recadinho: o Universal Channel fará hoje uma mini-maratona, exibindo os 3 primeiros episódios da série, das 17h às 20h. Se você ainda não conseguiu assistir ou quiser rever, corre lá.
1×02 – To Keep Us Safe
Então, promessa é dívida: a história do 2º episódio começou justamente de onde parou no Piloto e vimos que fim levou o avião que deveria ter se espatifado em cima da casa do Presidente. Também tivemos respostas sobre o porquê de o Michael estar pilotando o avião e vimos que Vicky está com a Leila no cativeiro, além de termos a resposta para o que prometia ser a maior pergunta de todas no Piloto: WTF é aquele povo da Sophia? Bem… ETs.
Acho que todo mundo já desconfiava que o Agente Lee era da turma da Sophia né? Mas de qualquer forma, deixaram isso bem claro neste episódio também.
A parte nonsense da história fica por conta do Sean. Quando o avião pousa no deserto e aquelas naves estão chegando, Michael fala para Sean com todas as letras: NÃO CONFIE EM NINGUÉM. O que ele faz assim que chega ao hospital? Vai logo abrindo a matraca, pedindo para a enfermeira ligar para a polícia contando a historinha da noiva seqüestrada. Deu no que deu: acabou preso.
E o final do episódio teve um cliffhanger daqueles, com a cena mostrando os passageiros do avião todos mortos.
1×03 – Protect Them from the Truth
O terceiro episódio serviu basicamente para nos situar e traçar as bases para as histórias que viriam adiante: vimos que Sean é mesmo um cara boa praça, salvando a vida da agente. Vimos que a agente Collier acaba descobrindo que Sean falava a verdade. Vimos que o vice-presidente não confia nem um pouco nas intenções de Blake Sterling – Zeljko Ivanek poderia aparecer mais, aliás. Vimos que o grupo de Sophia não é tão coeso quanto se pensava, afinal o tal William estava disposto a contar toda a verdade, o que teria feito se não tivesse sido assassinado pela própria namorada, provavelmente a mando de Sophia. O que também acaba provando que Sophia pode até pretender dialogar com os humanos de uma forma mais pacífica, mas não está para brincadeiras quando se trata dos segredos do seu povo. Descobrimos que Vicky não é flor que cheire MESMO.
E, por fim, tivemos mais um cliffhanger de roer as unhas, com todos os passageiros do vôo 514 voltando à vida ao mesmo tempo, numa vibe meio zumbi, no necrotério improvisado.
1×04 – A Matter of Life and Death
Episódio tenso para quem temia pela reunião do casalzinho Sean e Leila, já que a menina passou o episódio praticamente todo esperando pela hora em que seria assassinada. E aqui preciso confessar que a parte que menos me atrai na história toda é esse #mimimi “oh, céus, irão Sean e Leila se reencontrar algum dia?” Na verdade a dinâmica do casalzinho simplesmente não funcionou para mim, não estou nem aí para eles. Mas não há como negar que foi surpreendente a descoberta de que todo o perrengue pelo qual Leila passou durante o episódio fazia parte de um plano de Vicky e Carter para atrair Sean.
O que Vicky não contava era que Sean também procurava por ela e nesta busca acaba tropeçando em um segredo até então muito bem guardado, Adam, o filho dela.
Fora isso, tivemos o vice-presidente desconfiando de Sterling novamente, os passageiros do vôo 514 já acordados e não se lembrando de nada do que aconteceu após o embarque em Miami e a constatação de que agora os pobres coitados são fantoches nas mãos de Thomas, o líder dos alienígenas que conseguiram escapar após a queda do avião no Alaska.
Uma coisa legal do episódio foi nos passar a ideia de que sim, os ETs são espertos e parecem dispor de uma tecnologia avançada que pode fazer um avião sumir no ar e aparecer a centenas de quilômetros de distância ou infectar e brincar com a vida de várias pessoas, mas sejam lá quais forem estes poderes que eles possuem, ele também tem limites. Do contrário, como bem lembrou o Presidente, já teriam resgatado Sophia e o resto dos confinados em Inostranka.
1×05 – Casualties of War
O quinto episódio na verdade foi um grande pano de fundo para o dilema moral do Presidente Martinez, um humanitário entre a cruz e a espada, tendo que decidir entre as vidas dos passageiros do vôo 514 e a liberação dos alienígenas. Seguir ou não a política de não negociar com terroristas? Entregar os passageiros do 514 à sua própria sorte mesmo quando sabe que há um antídoto para a doença?
No fim das contas, presenciamos Martinez usando de inteligência para alcançar seus objetivos, ameaçando matar todos os detidos em Inostranka caso Thomas não lhe desse o antídoto. Como ele bem frisa na conversa com Christina ao final do episódio, já que tudo deu certo acabamos ficando sem saber se o Presidente teria coragem ou não para prosseguir com o plano, mas o fato é que ele conseguiu salvar as vidas dos passageiros e conseguiu manter os alienígenas presos. Perdeu a líder Sophia, no entanto, que acabou fazendo parte do acordo com Thomas.
Ao que tudo indica, agora que ela conseguiu sua liberdade, saberemos de verdade se Sophia é mesmo a pacifista que proclamava ser ou se era tudo balela para conseguir o apoio do Presidente.
Também tivemos um flashback interessante de Thomas, com a constatação de que ele trabalhou no Manhattan Project, ajudando a fabricar as bombas atômicas que dizimaram Hiroshima e Nagasaki, tudo como parte de um projeto de aceleramento da tecnologia para que eles pudessem voltar logo para casa. Aliás, teve mais uma referência à II Guerra no episódio, desta vez quase velada: quando Sterling conta a Martinez o plano para matar todos os ETs detidos em Inostranka de uma só vez, alguém conseguiu não lembrar dos malditos campos de concentração nazistas?
Ah sim, ia me esquecendo, finalmente Sean e Leila se reencontraram. Com direito a Sean usando o cérebro e chantageando Vicky com uma foto do filho dela (que na verdade é uma criança que ela não teve coragem de matar durante uma missão, provando que a megera também tem coração) e tudo.
1×06 – Loyalty
Loyalty foi um episódio movimentado e tenso para quem, como eu, curte a participação do Agente Lee na série. O personagem funciona como um contraponto entre Sophia, já que ele está livre e pode colocar seus planos em prática, e Thomas, já que parece abominar a ideia de matar inocentes e seguidamente questiona as decisões do seu líder.
Através dele tivemos a confirmação de que os alienígenas da série podem ser muito parecidos com os humanos no campo sentimental. Lee se apaixonou e, diferentemente de Thomas, parece ter sentimentos. A história dele reencontrando a menina por quem foi apaixonado realmente não adicionou nada à trama de conspirações da série, mas não há como negar que ficou tudo lindo e interessante com aquela fotografia do episódio tão bem trabalhada e caprichada. Babei. Há tempos não via tamanho empenho técnico numa série de canal aberto.
Ainda dentro da história do Agente Lee, tivemos toda a sub-trama da fuga de Sophia, que estava sendo rastreada e precisou contar com a lealdade de Lee para finalmente conseguir se encontrar com Thomas.
O final do episódio foi bem previsível, todo aquele sentimentalismo do Lee durante os 40 minutos cheirava mesmo a uma espécie de despedida do personagem, embora eu duvide muito que ele não continue aparecendo na série.
Do outro lado da história, tivemos a cena totalmente nonsense de Sean duvidando de Madeline, a jornalista que ama uma teoria da conspiração. Gente, se meu avião some no ar em Miami e reaparece no deserto, se eu vejo aeronaves chegando no mesmo deserto segundos depois e o meu sogro berrando para eu fugir, se me armam uma presepada durante um cruzeiro que envolve seqüestrar meu noivo e me caçar, eu vou lá rir de alguém que chega falando em teoria da conspiração? Helloooo! Amnésia?
Mas o importante é que finalmente a razão do envolvimento de Michael nesta história toda parece que virá a tona. E já estava na hora. Foi amplamente divulgada a participação de Scott Patterson na série e, por enquanto, ele não passou de um coadjuvante com 2 ou 3 falas por episódio.
Lembrando que não teve episódio inédito nos EUA na última terça-feira por conta da cobertura das eleições pela NBC. Se você acompanha a série pela NBC: o próximo episódio, 1×07 – I Know Who You Are, irá ao ar lá fora no dia 8 de Novembro. Se você acompanha a série pelo Universal: o próximo episódio, 1×04 – A Matter of Life and Death, irá ao ar também no dia 8 de Novembro, às 22h.
