Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Fringe – 5×04 The Bullet that Saved the World

Por: em 27 de outubro de 2012

Fringe – 5×04 The Bullet that Saved the World

Por: em

Fazia tempo, muito, mas muito tempo que um episódio de Fringe me causava as sensações que este aqui causou.

Geralmente eu espero algumas horas (ou às vezes até um dia) depois de ver o capítulo para escrever sobre (é o tempo para processar as informações e analisar com mais calma), mas diante do que acabei de ver, não sei se esse é o método mais adequado para se usar. Os acontecimentos ainda estão meio que bagunçados na minha cabeça, mas se eu tinha algum medo de pra onde essa temporada final nos levaria, não tenho mais. Depois do que aconteceu aqui, acredito que os roteiristas têm total domínio da história que estão contando.

The Bullet that Saved the World entrou fácil pra minha lista de melhores episódios da série. Fantástico, angustiante, emocionante, nostálgico e surpreendente, ele trouxe tudo que consagrou Fringe como um dos melhores dramas de ficção científica dos últimos tempos. E, o melhor, em doses nada homeopáticas! Roteiro e direção pesaram a mão tanto no drama quanto na ação e o resultado foi um casamento praticamente perfeito. Desde as sequências iniciais com o Peter sendo perseguido, já deu pra ver que viria coisa boa.

“Antigamente, nós resolvíamos Fringe Events. Agora, vamos criá-los.”

Foi uma sacada e tanto esse “armazenamento” que o Walter fazia de todos os casos no qual eles trabalhavam. Vindo da cabeça louca dele, faz todo o sentido do mundo e, inserido nesse clima de temporada final, funciona melhor ainda. O mais engraçado dessa história toda foi ver a cara de surpresa de todo o mundo e a Astrid afirmando que não dormiria em paz se soubesse o que o Walter guardava.

O nome do episódio já indicava que iríamos saber o motivo da Etta carregar aquela bala no pescoço e isso, por si só, já traria uma carga dramática maior do que a natural. Eu tinha várias teorias, mas no fim das contas, a resposta era a mais simples e menos mirabolante que, inclusive, muita gente já tinha cogitado. Certo que não ficou nada dito CLARAMENTE, mas uma simples leitura nas entrelinhas mostra que aquela é mesmo a bala que matou a Olivia durante a guerra contra o Bell ou a bala que salvou o mundo, em uma nomenclatura dada pelo Peter.

Ele sempre teve uma facilidade maior para demonstrar qualquer tipo de emoção do que a Olivia, então já dava pra esperar que, de certa forma, ele baixasse a guarda para a Etta de maneira mais completa. A situação do colar, no início do episódio, comprova isso. Muito embora, claro, não dê pra negar que a conversa entre mãe e filha sobre a bala foi emocionante pra caramba e outro dos pontos altos do episódio.

Matar a Etta me pegou de surpresa. Mesmo. Eu esperava tudo, menos isso. Quer dizer, matar só não. Explodir. Em mil pedaços. Eu demorei um tempo para conseguir processar a situação. Quando ela foi capturada pelo Observador durante a fuga, eu imaginei que ela ficaria sequestrada ou qualquer coisa do tipo. Não me lembro de Fringe ter matado algum personagem secundário assim, em questão de minutos, ainda mais no começo da temporada, excetuando o B-Broyles na 3ª temporada e o B-Lee (mas esse já foi mais para o fim).

Contudo, deixando de lado o fator emocional e analisando por estrutura de roteiro, a morte da Etta faz todo o sentido do mundo. É como se ela tivesse concluído um ciclo. Tinha a missão de apresentar aos pais aquele novo mundo e dar a eles algo pelo que lutar. De certa forma, ela morreu como uma mártir. Se antes Peter e Olivia já estavam engajados no plano para derrotar os Observadores, agora vai ser questão de honra. A força da Olivia ao segurar o colar da filha é a prova. Provavelmente vão surgir teorias de que ela possa estar viva, mas eu duvido muito, especialmente depois da explosão.

Joshua Jackson, Anna Torv e Georgina Haig arrasaram nas sequências. Desde o tiro até as “últimas palavras” e a Etta desfalecendo nos braços do Peter, tudo contribuiu para que o clima de emoção fosse criado com o sucesso, o que realmente aconteceu.

A volta do Broyles foi um fator que me pegou de surpresa. Ando correndo de qualquer spoiler mínimo que seja de Fringe, então não estava esperando – embora, naturalmente, era óbvio que o pessoal antigo começasse a dar as caras. O trabalho de maquiagem que usaram para envelhecer o Lance Reddick merece um comentário à parte. Muito bem feito. Até as rugas do tempo eram possíveis de se encontrar no rosto dele. Palmas para a equipe. Alguém esperava que ele não fosse da Resistência? Porque eu, desde o primeiro momento, senti que ele não era um Legalista.

Com a Etta fora de campo, acho que talvez recaia sobre ele a responsabilidade de ensinar Peter, Olivia, Walter e Astrid a esconder os pensamentos dos Observadores. E, com um aliado diretamente ligado aos inimigos, talvez fique mais fácil para a antiga Fringe Division se esconder, agora que perceberam que não estão mais seguros no laboratório e, na verdade, em nenhum lugar. Desconfio que a influência do Broyles também vai ter alguma participação direta na decodificação do tal plano do Walter que, até agora, está mais complicado de se ler do que livro de engenharia para alguém da área de humanas.

Não costumo falar muito de detalhes técnicos, mas acho que a direção desse episódio merece um destaque. Alguns closes fechados (especialmente na conversa de Broyles com o tal Observador que parece o chefe, quando Peter acorda no começo e na morte da Etta) ajudaram a transmitir o clima ao mesmo tempo tenso e angustiante que The Bullet that Saved the World pedia. As muitas cenas de ação também foram realizadas com sucesso e sem estragar o clima do episódio – o que, geralmente, acontece com muitas séries. 

Com quase 25% da temporada exibida, Fringe surpreende pela imprevisibilidade. Alguém esperava a morte da Etta, ainda mais tão cedo?

Se eu faço alguma ideia de pra onde caminhamos? Nenhuma. E quer saber? Eu tô adorando isso.

Não sou de ver promos por achar que muitas vezes elas ajudam a causar mais decepção do que qualquer outra coisa, mas aos que gostam, segue abaixo a do episódio de semana que vem:


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

×