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Game of Thrones – 3×04 And Now His Watch Is Ended

Por: em 23 de abril de 2013

Game of Thrones – 3×04 And Now His Watch Is Ended

Por: em

Dragões Game of Thrones 3x04

Este foi o melhor episódio da temporada (e talvez um dos melhores da série) não apenas por seus 10 minutos finais (que pra mim foram a melhor sequência de Game of Thrones até agora), mas por todo o conjunto, onde tudo se encaixou, a maioria dos personagens teve voz e um bom tempo de tela e vários acontecimentos importantes para o andamento da história tomaram forma. E, aqui, é bom que não se confunda “ação” com “acontecimentos”, especialmente no Jogo dos Tronos, onde os maiores e mais importantes movimentos são políticos.

É exatamente por isso que personagens como Mindinho e Lorde Varys são interessantes de se acompanhar. Lorde Baelish é sim um dos homens mais perigosos e ardilosos de Westeros, isso já está provado desde a primeira temporada, mas a Aranha não fica atrás em nenhum momento. Revelar as intenções de Mindinho de se tornar Senhor do Norte (em uma eventual queda de Robb) para Olenna mostra que Varys está mais ligado do que muita gente pensa. Ele é um homem que não tem muito a perder, vive à sombra de um passado amargo (como ficou claro na sua conversa com Tyrion) e totalmente imprevisível.

Olenna Game of Thrones 3x04

A ele, nesta categoria, se junta também Lady Olenna. O destaque que os Tyrell vem ganhando nessa temporada é extremamente válido, especialmente por mostrar que as mulheres da Campina não são diferentes dos Lannister. São ardilosas, quase como uma serpente esperando o momento para dar o bote. Isso fica claro a cada passo que Margaery dá. A garota, que já não apresenta nenhum traço da frágil esposa de Renly que a série apresentou temporada passada, ganha seu espaço no tabuleiro e na corte de Joffrey, totalmente enfeitiçado pelo que ela tem a lhe oferecer.

Margaery sabe lidar com seus futuros súditos, tem carisma e é ameaça direta ao reinado de Cersei. É difícil prever suas atitudes, mas não seus objetivos. Uma das melhores cenas do episódio é a que fica claro o controle que a futura Rainha já exerce sobre Joffrey, apenas com palavras mansas e um olhar suave. E se até mesmo o pequeno monstro já se rendeu aos seus encantos, imagina alguém como Sansa, que vive prisioneira em Porto Real há 2 temporadas? A esperança de se casar com Loras e partir para Jardim de Cima é reconfortante e a garota Stark sequer percebe que certamente há algo por trás de tanta bondade genuína.

Cersei tem, pela primeira vez, uma (ou duas) inimiga (s) de peso dentro de seu próprio castelo e descobrir que não conta com a confiança de seu próprio pai (em um dos melhores diálogos da série até agora, vale ressaltar) pode deixar a irmã de Jaime totalmente fora de foco. E já sabemos o que Cersei é capaz de fazer quando perde o controle. Basta que nos lembremos de quando ela tentou envenenar Tommen ao imaginar que a Batalha de Água Negra estava perdida.

Diferente de Jaime, que, longe de Porto Real e após a mutilação do episódio anterior, apresenta-se como outro personagem. Metade da arrogância e da empáfia já tinham sido descartadas quando ele virou prisioneiro de Robb, mas, agora, sem a mão da espada, perdida em um dos momentos onde decidiu mostrar o lado bom que tem dentro de si, Jaime se encontra reduzido a um nada, e por si mesmo. Foi-se, com a mão, a esperança, o brilho no olhar, a força para lutar. O arremedo do que um dia foi o Regicida não demonstra nenhum sentimento diferente de dor e torpor e talvez (só talvez) esteja aí o começo de uma redenção para o personagem, ao lado de Brienne, que entendeu que ele não é mais (ou talvez nunca tenha sido) o monstro que lhe foi dado como prisoneiro.

Theon Game of Thrones 3x04

Caminho parecido percorre Theon. Não dá pra dizer ainda se o que o rapaz está sentindo é um genuíno arrependimento, e isso em momento nenhum anularia as coisas que ele fez temporada passada, mas ele está pagando por todos os pecados, isso é fato indiscutível. Quando ele diz que seu verdadeiro pai perdeu a cabeça em Porto Real, ele admite, para si mesmo, que a despeito de qualquer acordo de guerra, Winterfell era seu lar, os Stark eram seus irmãos e ele, por arrogância e gana de provar seu valor, voltou-se contra todos eles. Uma coisa é certa: Se tivesse uma nova chance, Theon teria pensado duas vezes antes de cometer os mesmos erros.

Acho válido ressaltar aqui, também, como a direção da série ajuda a passar este sentimento. Uma das cenas onde isso ficou claro foi exatamente no momento em que Theon fala de Ned, quando a câmera focaliza o perfil do personagem, em um ambiente escuro, sugerindo todo o ressentimento e amargura que o Theon carrega – e que estavam todos ali, no olhar do Alfie Allen.

Os motivos e a identidade do rapaz que o ajudou e, agora, o trouxe de volta ao cativeiro, ainda são um mistério. Como essa parte no livro é narrada apenas por flashbacks no “Dança dos Dragões”, gostei muito da decisão dos roteiristas em mostrarem passo a passo como tudo se deu.

A mesma categoria “mistério” encontramos também no segmento de Arya. Os pontos mais interessantes de sua história são a presença de Cão de Caça e, agora, de Berric Dondarion, líder da Irmandade Sem Estandarte para qual ela foi levada. Como tudo nessa história ainda é obscuro, não podemos nem saber o que esperar.

Na neve, a história de Sam e da Patrulha da Noite finalmente ganha fôlego, mesmo sem a presença de Jon Snow no bando. O ataque a Craster foi súbito e inesperado, mas muito bem feito, tecnicamente falando. A fuga de Sam, Goiva e o bebê para o desconhecido e a morte do Velho Urso (R.I.P) abrem um leque de possibilidades para desenvolvimento futuro deste núcleo, acabando com o medo daqueles que achavam que, sem Jon, a história da Muralha poderia se perder.

Daenerys Game of Thrones 3x04

Daenerys Targaryen, nascida da Tormenta, dominou os minutos finais e, naquela que é de longe a melhor sequência da série, mostrou que, sim, tem peito para disputar o Trono de Ferro de igual pra igual com qualquer um. Espero ver o saque a Astapor desde que li o livro 3 há cerca de 1 ano e devo dizer que não me decepcionei em absolutamente nada. Dany tem o conjunto ideal para ser rainha: Sabe ser dura e, ao mesmo tempo, complacente. Libertar os escravos era uma medida arriscada e ainda assim ela seguiu em frente.

Outra contribuição da belíssima cena é a certeza de que os dragões estão crescendo, o que deixa claro que isso que vimos é apenas o começo. Com seus 3 dragões, um Sor Jorah ainda estupefato, Sor Barristan e seu exército de Imaculados. Daenerys marcha rumo ao que acredita ser seu por direito, movida pelo desejo de justiça e vingança. Se alguém tinha alguma dúvida de que a mãe dos dragões era um forte peão nesse jogo, ela deve ter virado fumaça (literalmente) com um simples Dracarys.

PS. Concordo com Olenna: O lema dos Tyrell é o mais sem graça.

PS². Não falei do Bran no review porque não vi nenhum andamento na história dele e acho que ele podia ter sido até cortado deste episódio.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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