“Ó santificado Ryan Murphy, por favor, salvai o nosso show!”
Depois de ter perdido alguns detalhes por assistir o segundo episódio de Glee sem legenda, achei melhor esperar o trabalho das boas almas que legendam as séries pra gente. Afinal, série nova, personagens novos, sotaques novos. É claro que é bem mais fácil entender o que velhos conhecidos como Blair e House falam, do que o que sai da boca de Will, Rachel, e cia.
Com a legenda, pensei, poderia ter a experiência completa, e me divertir plenamente com essa série promissora e inspirada que é Glee. Ou que, pelo menos, era.
Se na review do episódio anterior eu insisti em reafirmar que, apesar de ver diversas falhas, gostei do episódio, nesse a situação é um pouco diferente. Nesse terceiro episódio posso afirmar, sem a menor sombra de dúvidas que, na minha humilde opinião, a série se perdeu.
Então, quem estiver adorando tudo e realmente se tornando fã da série tem duas opções: ou joga pedra nos comentários ou pára com essa review por aqui e procura outra coisa pra ler.
Mas a realidade é dura e quem está gostando da série deve confrontá-la. A série perdeu, entres os seus segundo e terceiro episódios, 1 milhão de telespectadores, ou seja, 1/6 da audiência se foi já no terceiro episódio… Nada promissor. Em outras palavras, eu não fui a única pessoa a me sentir assim. Pelo menos 1 milhão de norte-americanos, e alguns brasileiros de que tenho notícia, me acompanham nessa decepção latente.
Será que vale a pena falar da história do episódio? Se é que isso se pode chamar de história, resume-se aos Acafellas, já que até toda a enrolação em cima da contratação do coreógrafo acabou levando a apenas cinco minutos de cena. Por sinal, onde já se viu a única coisa boa (e divertida! Isso é uma comédia, confere?) em um episódio durar apenas cinco minutos? O tal Dakota, com meio metro de altura, cada centímetro preenchido com sarcasmo, talvez tivesse a dose de acidez necessária para aquele coral. Afinal, a única pessoa ácida naquela escola é a discípula de House, Sue Sylvester.
Mas, você pergunta, pra quê acidez? Ora bolas, essa não é uma série que deveria satirizar os clichês? Que melhor forma de satirizar clichês do que a acidez e o humor negro?
E como toda a história do Acafellas foi somente uma grande bobagem, só me resta falar do elenco. E que elenco mais heterogêneo! Grandes, médios e péssimos atores se revezam em cena. Talvez o fato de que, além de atuar, boa parte deles também precisasse cantar, tenha pesado nessa interessante combinação. Posso até imaginar o produtor pensando na escalação de Mercedes. “Eu quero uma jovem negra com cara e voz de diva da soul music.” Eis que o seu assistente pergunta “Ela precisa saber atuar?”, “Não, nisso a gente dá um jeito” responde o produtor.
Pra compensar, contratam um cara competente como Chris Colfer, intérprete de Kurt. Um jovem ator tão bom, me fez ter vontade de procurar seu nome no iMDB. E uma curiosidade, Chris fez testes para o elenco de Glee no papel de Artie, e obviamente não passou. Mas os produtores gostaram tanto dele que decidiram adaptar um papel para o ator. Kurt não existia na sinopse da série, em seu lugar havia um adolescente indiano chamado Rajish. Rajish trocou de nacionalidade, virou gay e passou a se chamar Kurt!
Ironicamente, Chris foi o único bom ator com tempo em cena nesse terceiro episódio. Tivemos que aguentar as caras e bocas de Lea Michele (Rachel), a insipidez de Cory Monteith (Finn) e o excesso de sorrisos de Matthew Morrison (Will). Por favor, executivos da Fox, tripliquem as falas de Jane Lynch (Sue) e Jayma Mays (Emma)! Obrigada.
Eu adorei o piloto de Glee, adorei mesmo. Mas agora começo a entender as pessoas que nunca foram com a cara da série… Depois de assistirem o primeiro episódio, elas diziam que “ao tenta satirizar o clichê, a série não passava de mais um grande clichê”. E não é que elas estavam certas?
Por favor, Glee, prove que eu estou errada! Você tem mais algumas semanas de chance comigo e, tenho certeza, com muita gente.
E, pra não dizer que não falei das flores, adorei a piadinha interna com a carreira de Victor Garber, logo nos primeiros minutos do episódio, quando seu personagem diz que seu sonho era fazer Direito. Pra quem não lembra (ou nunca viu ele mais gordo), alguns dos seus personagens mais famosos (Eli Stone, Justice, Legalmente Loira) eram advogados. Se bem que, depois desse episódio decepcionante, começo a me questionar se foi mesmo uma piada…
