Grey’s Anatomy, Sloan’s Anatomy, Bailey’s Anatomy… Volta e meia, Shonda nos apresenta episódios tão intensos para certos personagens que uma troca de título até que cairia bem. Essa foi uma dessas semanas onde Mrs Rhimes brilhantemente nos apresentou: Yang’s Anatomy.
Cristina Yang nunca fui uma mulher convencional. Respirando cirurgia, nunca aparentou o desejo de se vestir de noiva e se casar. Tentou mudar isso uma vez e acabou sofrendo uma das maiores decepções de sua vida: terminou o dia jogada ao chão de um apartamento, com um vestido lhe sufocando ao ponto de ser preciso o uso de uma tesoura. Ela seguiu sua vida e logo conseguiu se recuperar fazendo aquilo que mais amava. Até que chegou o fatídico dia do massacre e tudo mudou. O mundo no Seattle Grace mudou e Cristina mudou com ele. Ela agora se casou (de vermelho) e acordou ao lado de Owen Hunt. É difícil dizer exatamente o que se passou na cabeça de Cristina quando aceitou subir ao altar. Sim, ela ama o Hunt e ele também a ama. Mas a impressão que fica é que, talvez, isso tudo seja apenas uma válvula de escape. Cristina sofreu um trauma intenso no lugar que pode-se dizer ser o mais importante da sua vida. Acordando ao lado de Owen, ela finge não sentir nada. Ou melhor, ela tenta não sentir nada. Mas chega uma hora em que não dá mais. Como qualquer outro ser humano, Cristina sente. Mais do que isso. Ela desaba.
Aquela cena toda foi facilmente uma das mais intensas de toda Grey’s Anatomy. Não dá pra dizer o que eu senti vendo a Cristina jogada ao chão, imóvel e assustada, como uma criança em um filme de assombração. Minha única vontade era invadir aquela sala de cirurgia e colocá-la no meu colo. Pegar na mão dela e dizer que tudo ficaria bem. Pelo menos, a Meredith fez isso por mim. E aqui eu preciso ressaltar como elas foram feitas uma para a outra. Mer é da Cristina e Cristina é da Mer. São cenas como essa que comprovam isso. Além dessa, ainda tivemos aquela belíssima cena final, com as duas novamente deitadas ao chão. Agora com uma Cristina mais calma, o que deu a cena toda uma leveza. Foi linda. Simplesmente isso.
E Meredith, assim como a amiga, ainda sofre as consequências do dia. Ela não aguentou mais e contou para Derek sobre o aborto. Desabafou tudo o que sentiu, tudo que sentia. Mas ainda não é o suficiente e nem vai ser. Eles todos estão se ajudando. Derek ajuda Meredith que ajuda Cristina, mas não é esse apoio que vai fazer com que eles superam tudo o que aconteceu. Foi um evento de proporções astronômicas e que, certamente, ainda veremos render muita coisa nessa temporada.
Outra que também continua bastante afetada após os acontecimentos do season finale é a Lexie. Chyler Leigh está em sua melhor fase na série e arrassa a cada cena. Ela ainda não tá completamente recuperada e eu tô torcendo muito para que ela dê logo uma nova chance ao Mark, porque ele pode ajudá-la a superar. Eu gosto muito do casal, torço por eles e sinto que não é em vão. Vê-lo querendo fazer um novo pedido de casamento foi muito bacana e eu acho que a Lexie só precisa mesmo de um tempo para colocar as ideias em ordem.
Bailey continua juntando os cacos. Ela é, sem dúvida, quem está melhor lidando com a situação. Obrigar o Alex a retirar aquela bala estúpida do corpo foi um dos passos para isso. Eu achei até mesmo que iam enrolar mais com isso, mas ainda bem que já foi resolvido. O Karev é um dos meus preferidos na série, mas ele tá sem rumo. E pior do que isso, ele estava mais arrogante do que o normal. Aquele pedaço de metal alojado estava lhe fazendo mal de uma maneira que nem ele mesmo sabia. Ele precisa de um norte, algo em que se apoiar. Talvez agora, sem a bala, ele acabe encontrando.
Callie e Arizona são o casal mais lindo da série atualmente e também passam por suas mudanças. Não tão intensas quanto as de Lexie, Cristina e Bailey, mas ainda assim mudanças. Confesso que acho muito legal vê-las discutindo qual cor usar no apartamento. A Callie ainda tem aquela amizade linda com o Mark. Gostei tanto de vê-la incentivando-o a pedir a Lexie em casamento. Depois de Meredith e Cristina, eles são minha dupla favorita e expressam muito bem o real significado de amizade. A Teddy e o psicólogo continuam a passos lentos, mas ainda falta algo ali para empolgar. Talvez seja trabalhado mais adiante.
O caso da semana foi algo que serviu mais para uma metáfora do que para qualquer outra coisa. Nos mostrou qual a intensidade que certos acontecimentos podem representar. E que, por isso mesmo, é preciso sempre estar pronto para enfrentar o que está por vir. Sempre pronto para dizer aquilo que precisa ser dito. E assim, Grey’s deu mais um passo. Mais um passo de uma temporada que parece trazer consigo toda uma carga dramática que há muito não se via na série. Uma temporada que vai falar de renascimento após um trauma gigantesco. Com o nível visto aqui e na season premiere, me arrisco a dizer que será uma temporada fantástica.
