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Grey’s Anatomy 7×03 – Superfreak

Por: em 9 de outubro de 2010

Grey’s Anatomy 7×03 – Superfreak

Por: em

Todos temos assuntos sobre os quais não falamos. E desde que o Seatlle Grace se tornou um lugar onde a tranquilidade não existe mais e os traumas estão espalhados a cada corredor, esses assuntos se incrustaram ainda mais dentro de cada um daqueles médicos. O medo, a dor, tudo que passaram naquele dia, dificilmente será esquecido. Estamos no processo de cicatrização das feridas, no momento onde puxa-se o esparadrapo e expõe-se tudo ao ambiente exterior. Curar-se ou não agora passa a ser uma questão de tempo e é isso que vemos a cada episódio de Grey’s Anatomy.

Continuamos com Yang’s Anatomy e me parece que a personagem será o grande foco dessa temporada. O talento e potencial de Cristina são grandes demais para serem disperdiçados, ela precisa da ajuda de alguém e, talvez, não surpreendentemente, ela recebe essa ajuda do homem que um tempo atrás, estava deitado a sua frente com uma bala no peito. Meredith e Cristina são essas irmãs malucas, essa conexão indescritível na qual Derek entrou no meio. Por mais bizarro que seja, o cirurgião aceitou o fato e sabe que contra isso não tem como ir. A  melhor definição para essa ligação é família. Ligação essa que vai muito dos laços sanguíneos, vai além de tudo, é uma ligação que você escolhe ter e Derek não está disposto a deixar o talento de Yang de lado.

Com a experiência de Shepard, ele proporciona a Cristina momentos de tentativa, para quem sabe a doutora voltar a ativa, mas tudo em vão. Seu trauma do centro cirurgíco é tão intenso que ela simplesmente trava. E em uma das cenas mais intensas do episódio, Yang confessa a Derek que mal se lembra do que aconteceu naquele dia, de como procedeu, das partes em que a arma estava em sua cabeça, tudo está fragmentado. E a ligação do cirurgião com Cristina o impede de desistir, levando a médica a repetir o procedimento que realizou nele, em um cadáver, voltando aos tempos de faculdade. Vejo ai um grande potencial de parceria, Yang e Shepard. Não que nossa aspirante a cardio preferida vá desistir da sua especialidade, mas acredito muito que Derek vai lutar até o fim para trazê-la de volta e com ele está nossa torcida.

E se por um lado temos Derek, do outro temos Hunt, que faz de tudo para ter a sua então esposa de volta. E foi de Hunt que tivemos um grande questionamento nesse episódio: será que Cristina se amaria (e até se perdoria) desistindo da sua carreira cirúrgica? O pior é que Yang começa a se conformar cada vez mais com a idéia de deixar tudo para trás e tentar ser uma pessoa normal. Mas quem nasce uma ‘aberração’ não tem como fugir disso.

Nem mesmo o amor é o suficiente para unir duas pessoas. O caso da semana, do homem com feridas e verrugas por todo o corpo, serviu como uma bela metáfora para a relação de Lexie e Mark. Depois de tudo que o casal passou, nem o amor consegue os manter juntos e em sintonia. Mark é loucamente apaixonado por Lexie, seus olhos vidram na garota, mas ela encara isso como um julgamento por ter pirado. Longe disso Lexie, bem longe. E quando a garota finalmente se liga do real motivo pelo qual Mark tanto a persegue, parece tarde demais. Mark não resiste aos desejos carnais e mais uma vez estraga tudo, dessa vez com Amy, irmã mais nova de Derek (conhecida por aqueles que acompanham Private Practice).

Quando Amy apareceu e seu irmão a tratou daquele jeito, achei muito atípico de Derek. O neurocirurgião não parece o tipo de cara que trata mal a própria família. Mas claro que havia um motivo. Amy surtou e fez tudo que não podia fazer pela dor da perda de seu pai e Derek nunca aceitou isso. Derek, na verdade, sempre quis proteger a irmã do mundo lá fora depois de ter presenciado a morte de seu pai. Então, tudo aquilo que ele desejava para ela, Amy cresceu e se tornou exatamente o contrário, mas seguiu o irmão como exemplo, se tornando uma excelente neuro-cirurgiã. Tivemos um clássico nesse episódio, uma cirurgia Shepard-Shepard e como disse Cristina, qual o segredo dessa família para dar cirurgiões em árvore?

Numa trama menos sofisticada e mais divertida, tivemos o casal Arizona e Callie que precisam de uma casa só para elas. Sinceramente, acho que essa discussão era pertinente, mas só que não nesse momento da trama, mas tudo bem, nem foi algo que chegou a estragar nada. Tivemos Teddy também tendo que se despedir do McPsico e admitindo que insiste em se apaixonar por pessoas indisponíveis.

O outro caso médico, da garota que aspirou a camisinha por engano, foi interessante e gerou momentos de descontração entre os residentes, coisa que não viamos a muito tempo devido ao trauma e que serviu para mostrar o quanto o elenco de Grey’s é afiado e tem uma química impecável. Me lembrou dos tempos deles de internos e do velho quinteto M.A.G.I.C., bons tempos. E daí meu destaque vai para April que mostra a cada episódio como uma personagem odiada, pode ser transformada em alguém muito legal. Seu momento de irritação por ter que admitir que era virgem foi também uma das melhores cenas do episódio e mostrou que todos temos assuntos que não queremos tratar.

O trauma ainda não passou. Karev não consegue entrar em elevadores por ter ficado deitado sangrando lá por muito tempo. Jackson ainda acorda gritando todas as noites, devido ao susto que passou com a invasão do hospital. Meredith não fala sobre Cristina pois tem medo de que a amiga não volte a ser o robô louco por cirurgias que sempre foi. Lexie está numa paranóia tão grande, que não percebe o amor de Mark na sua cara. Todos passaram por uma situação muito traumatizante e o processo de cicatrização apenas começou. Curar-se ou não, agora está na mão de cada um.


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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