3 episódios pro fim da temporada e eu já consigo dizer, com o coração aberto, que a despeito do começo extremamente bagunçado e dos internos irritantes, Shonda Rhimes fez de novo. Foi um ótimo ano, por ter conseguido tirar drama de situações que pareciam irritantes, seguir em frente com seus personagens depois das perdas de Mark e Lexie e manter sempre o equilíbrio entre o humor e a emoção, pesando a mão em um ou outro episódio aqui e ali. Sleeping Monster, por exemplo, foi um dos meus favoritos deste nono ano. Como é costume em reta final, os casos isolados saem de cena e ganhamos grandes arcos, de 4 ou 5 episódios.
Parece cada vez mais óbvio os rumos que a história do Ethan vai tomar. Eu imaginei que pudesse haver alguma virada quando a mãe do menino estava aparentemente recuperada no começo do episódio, mas depois da morte dela, do desespero no olhar do Owen e de todo o apego que ele já sente pelo garoto, só consigo pensar em dois caminhos: O pai morre, acontece alguma coisa com a avó e o Owen entra com um pedido de adoção ou então o Ethan vai terminar de reacender o desejo de ser pai no chefe do hospital e ele vai, por conta própria, procurar uma criança.
Existe o boato não confirmado de que algum casal poderá sofrer um abalo definitivo no relacionamento ao fim da temporada e mesmo com a Mer estando grávida, eu acho que todos os prognósticos apontam pra Crowen e um novo acontecimento envolvendo crianças. Talvez nem seja o Ethan, talvez nem exista de fato uma criança, mas apenas a certeza de que mesmo com o esforço, os dois continuam com planos de vida diferentes, com sonhos diferentes e nenhum dos dois é obrigado a abrir mão disso para que o relacionamento funcione, ou não seria um relacionamento, ao menos é assim que eu vejo. Da mesma forma que a Cristina não tem obrigação nenhuma de mudar e querer ser mãe, o Owen também não tem de deixar pra trás um dos maiores sonhos. Gosto dos dois como casal, é visível o quanto um gosta do outro, mas se o impasse chegar novamente, talvez o rompimento seja a melhor opção.
Cristina cedeu ao pedido da Mer de estar com ela na mesa de cirurgia durante o parto, mas isso não quer dizer que ela vá ceder ao seu instinto nem um pouco maternal.
Quem também tem que aprender a ceder é o Jackson. Aparentemente, ele ainda não tinha se dado conta de que por mais agora seja parte do conselho, ele é voto vencido contra Meredith, Derek, Callie, Arizona, Cristina e Owen. Não acho que o Jackson se importe tanto com isso, no fim das contas. Por mais que ele tenha sido um pouco precipitado nas decisões que tomou, todas foram pensando no bem estar do Hospital, isso não se pode negar. Jackson é pé no chão e extremamente racional, diferente de seus colegas de conselho e, especialmente, da April.
Enquanto Avery é razão, Kepner é emoção e talvez seja exatamente isso que faça com que os dois combinem tão bem. Matthew pode ser tudo que ela sempre quis, mas em um passado distante, quando ela ainda não tinha se envolvido com o Jackson. É questão de tempo para que os dois se acertem (ou ao menos assim eu espero, e acredito).
Chandra Wilson foi a estrela de Sleeping Monster. É possível dividir o episódio nos momentos em que Bailey fez ou não parte, com todos os méritos. O arco da infecção nos pacientes poderia, nas mãos de outra atriz, ser mais uma trama qualquer, de rotina, mas o tratamento que a Chandra deu ao texto que tinha em mãos fez todo o diferencial (com uma pequena ajude da parte técnica, claro).
Tudo na Bailey estava diferente. A empáfia, o peito estufado, o olhar forte e severo, tudo estava subjugado pelo desespero, o medo, a insegurança e, pior do que tudo isso, a culpa que ela achava ser toda e completamente dela. Todas as cenas foram um espetáculo, sem exceção, mas eu quero deixar registrada uma, que pra mim é a mais memorável da temporada até agora e uma das melhores dos últimos anos, que é o surto com o Richard nos minutos finais. O modo como ela simplesmente despejou as palavras em cima do velho amigo, com toda a amargura e decepção, valem, pra mim, uma indicação ao Emmy esse ano – e é uma pena que Grey’s não esteja mais no circuito das grandes premiações.
O trabalho de câmeras durante a investigação e os depoimentos também ajudaram a criar o clima tenso no episódio, usando e abusando de imagens que traziam Bailey sempre de perfil ou olhando diretamente, sem piscar, o que fortalece a conexão do público com a história sendo contada.
Tem personagem mais ferrado em Grey’s do que o Karev? Se tiver, me digam quem, porque eu não consigo imaginar ninguém. Desde que a série começou, poucos foram os momentos de felicidade dele e é por isso que eu não queria que essa história com a Wilson fosse adiante, porque era óbvio que ele terminaria assim, jogado aos cantos, amargurado e se negando a admitir o quanto está sofrendo por ver MAIS UMA mulher que gosta nos braços de outro. Eu chego a quase (vejam bem: quase) torcer pra que eles fiquem juntos, pro Alex sair da fossa em que ele está, de novo. A cena final do episódio, mesmo com todo o clima de depressão, foi linda. A gente vê pouco da amizade entre Alex e Cristina, mas sempre que o roteiro decide mostrar, é em momentos bonitos como este.
Fechou, com chave de ouro, um dos episódios mais emocionantes da temporada. E que venham os 3 finais.
PS. O caso dos dedos foi mais pra descontrair do que qualquer outra coisa, né? Serviu, eu me diverti um pouco com a menina jornalista.
