“It’s the lies that undo us. Lies we think we need to survive.”
Eu menti. Menti pra vocês, ao dizer na última review que deixaria de criar teorias, e simplesmente aproveitaria o show. Tudo bem que era algo difícil de acreditar, mas isso não tira a minha culpa. O fato é que passei a semana inteira tentando imaginar o que aconteceria depois do episódio passado, e tenho certeza que a maioria fez a mesma coisa. Estamos acostumados com séries que carregam um mistério por muitas temporadas, e depois nos entregam uma resolução nada satisfatória – desculpe-me os fãs de Lost. Depois de tudo que se desenrolou nesses primeiros 4 episódios da 2ª temporada, ficar com um pé atrás não era assim tão absurdo. Só que estamos falando de roteiristas que não tem medo de correr riscos, e que transformaram um história em duas. Se a verdade liberta, posso afirmar que vou continuar matutando sobre Homeland, até que o fim aconteça. 
Se você, assim como eu, acreditou que a trama da série ficaria na questão se Brody é ou não um terrorista, essa segunda temporada deve estar te surpreendendo muito. Cheguei a ler alguns comentários, de quem já arriscava alguns palpites bem certeiros, e fiquei pasma. Como não consegui enxergar esse caminho? É claro que depois do que aconteceu semana passada, não nos restavam muitas opções. Tudo acontece muito rápido por lá, e a grande investigação contra o Sargento Brody durou apenas 1 dia. Estando na custódia da CIA, com um vídeo incriminatório, e com todas suas mentiras vindo a tona, a única coisa que passava pela minha cabeça era: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Brody foi torturado por muitos anos antes de ser escolhido como o queridinho de Abu Nazir, e isso todo mundo sabe.Depois de estar tão calejado assim, não faria sentido entregar o plano tão fácil. Mas o que restava pra ele? Toda a teoria de Carrie estava completamente certa, e ele se viu diante de uma grande enrascada. Ficar ao lado do terrorista significava prisão perpétua e a destruição da sua família, sem que o objetivo que o levou até ali fosse realmente cumprido. Só que ficar ao lado da CIA, significa correr o risco de ser pego, e mais uma vez, desistir do seu plano. A grande interrogação que fica agora, é saber qual é a nova motivação de Brody. Ele quer salvação ou vingança?
A forma como a Carrie conduziu o interrogatório foi brilhante. Por mais que Brody estivesse ciente das suas técnicas, ele se torna fraco quando trata-se de emoções. Uma prova disso, é o fato dele ter se aliado ao homem que o torturou. Nós sempre questionamos o relacionamento de Issa com Brody, mas esquecemos de pensar no motivo que levou Abu Nazir a escolhe-lo. Na mente de um terrorista, nenhuma decisão é feita sem propósito, e talvez ele já soubesse do potencial de Brody. Só não consigo imaginar que alguém tão inteligente como Abu Nazir – inteligente devido a capacidade de arquitetar planos e não ser pego-, não conseguiu prever como Brody seria instável. Essa dificuldade em separar a razão da emoção, fez com que Nick desistisse na primeira vez, e também o tornou uma presa fácil para Carrie Mathison. 
A inteligência de Carrie é algo que nem precisa ser discutido, mas o controle de suas emoções sim. Mesmo em tratamento, a sua instabilidade para lidar com determinados assuntos fica evidente. Nesse caso, a paixão por Brody. Foi tão sincero seus questionamentos sobre o bem-estar dele, que chegou a doer. Dizem que quando trata-se de assuntos do coração, não tem como ser racional. O problema aqui, é que não estamos falando de um relacionamento com o cara errado, mas com um cara errado que é um possível terrorista. E Carrie não consegue parar quando ultrapassa o limite profissional. De qualquer forma, foi essa interação “indevida” que rendeu as melhores cenas do episódio.
As revelações foram sendo feitas, enquanto vimos novamente uma atuação primorosa de Damian Lewis. Nesse momento entre os dois, era fácil perceber as semelhanças entre Carrie e Brody. É como se a doença dela e as dúvidas dele, os tornassem a mesma pessoa. Enquanto Carrie tentava convencer ele – e nós -, que suas atitudes não o transformavam em um monstro, vimos um plano ser arquitetado. Aceitar trabalhar como agente duplo, não significa desistir de sua luta, mas sim se adequar a situação. Fico feliz que ainda temos Peter e Saul pra ficar de olho nele, já que Carrie…vocês sabem.
Existe outra pulga atrás da orelha: Roya e Tom Walker. Se ela aceitou fazer parte de um grupo terrorista por causa de sua família o Walker fez por que? Nunca foi nos mostrado o que aconteceu com ele durante os 8 anos de sumiço. Mesmo assim, quando foi a hora de agir, ele não pensou duas vezes e cumpriu sua parte no plano. Faltam peças nesse quebra-cabeça, e espero que não esqueçam de inclui-las. No caso da Roya, tenho certeza que os próximos episódios nos mostrarão um pouco mais de sua vida – já que ela se tornou alvo de investigação. 
No meio de tantas acontecimentos de tirar o fôlego, ainda tivemos tempo para o desenrolar do relacionamento de Dana e Finn. Parecia que tratava-se apenas de uma forma de deixar a série um pouco mais leve, e conectar as famílias, só que não. O encontro do dois, que rendeu o atropelamento de uma pessoa, foi como pontapé inicial de uma nova trama. A filha de Brody tem todas as características de justiceira, aquele tipo de pessoa que luta pelos fracos e oprimidos, e faz questão de deixar claro o que é certo e errado. E Finn parecia que encaixava certinho nessa “padrão” de vida. A sensação de que algo ia dar errado naquela fuga era inevitável, só que o imaginável foi a reação dele em meio a situação.
Ele aproveitou o fato de ser filho de alguém importante, pra se livrar de uma responsabilidade, e isso é algo que Dana não vai permitir. Estou adorando cada vez mais a personagem, e mesmo com uma trama principal tão rica, adoro suas aparições. Já no caso de Jéssica, esse episódio não nos trouxe muitas novidades. Aceitou o marido de volta depois de uma nova mentira, e continuou se fingindo de sonsa, não sei por qual motivo. A Morena é uma ótima atriz, e sempre fico esperando que explorem ela um pouco mais. Será que o caso falso entre Brody e Carrie vai balançar sua vida novamente?
ps: O episódio bateu o recorde de audiência da série e do canal Showtime, com 2,07 milhões de telespectadores.
ps2: Eu sei que reclamei que o Chris não aparecia, mas agora percebi que não fazia diferença.
Domingo que vem tá longe, mas dá pra matar a curiosidade com a promo de A Gettysburg Address
Me digam, o que mais falta acontecer em Homeland?
Até o próximo!
