Depois de um primeiro ato em que tudo parecia um pouco fora de lugar, a temporada retoma em The Yoga Play o ritmo que nós conhecemos de Homeland, com tensão, política e uma pitada de dramas familiares. Apesar de mais agitado, o episódio foi menos marcante que os anteriores, com excelentes cenas, mas um conjunto que serviu mais para dar uma nova arrumação às peças dispostas no tabuleiro.
Se havia dúvidas de que tudo fazia parte do plano desde o início, isso foi dissolvido no diálogo de Saul e Quinn, que agora também faz parte da operação ultra-secreta. Não foi tudo uma traição, como era suposto, mas também não dá para fechar os olhos sobre a atitude de Saul em relação a Carrie. Deixa-la em um hospital psiquiátrico, sendo dopada e humilhada daquela forma, com sua saúde em risco em nome de uma investigação pode ter dado certo, mas também poderia ter causado danos irreparáveis à agente, que, como ele reafirmou no fim do episódio, sempre esteve por conta própria.
Não se pode para negar o quanto Saul mudou. Essa temporada definitivamente vem mostrando um lado mais sombrio do personagem, que está mais focado nos próprios interesses do que antes. Descobrir que não era o próximo na fila de sucessão da direção da CIA apenas colocou mais sangue em seus olhos, e capturar Javadi pode ser a única chance que ele tem de reverter a situação. Mira já está fazendo hora extra na série, e nem o próprio marido deu muita bola para o suposto amante jantando em casa. Apesar de Fara não ter aparecido no episódio (que pena), essa crise matrimonial pode ser um passo para o envolvimento da técnica com o chefe.
Jessica enfim teve uma cena decente nesta temporada! Até então, a ex de Brody andava apagada e fazia apenas escada para a trama de Dana, e só agora Morena Baccarin teve a chance de mostrar seu talento durante o encontro com Carrie. Ficou claro que a personagem procurou a agente como um último recurso, já que as diferenças entre as duas são gritantes desde a primeira temporada. Jessica foi humilde em reconhecer que não deu ouvidos ao aviso de Carrie e engoliu o orgulho para pedir ajuda à mulher que dormiu com seu marido. Apesar do histórico conturbado, foi bonito ver a disposição de Carrie em ajudá-la, mesmo colocando em risco todo o trabalho que teve para chegar àquele ponto da missão. Muito desse sacrifício foi por Brody, obviamente, mas não só por ele… ela de fato se solidarizou com a situação de Jessica e fez o que achava certo.
O conto de fadas de Dana também terminou por aqui. Ela descobriu que o namorado psico era apenas mais um dos homens mentirosos de sua vida e a desilusão foi instantânea. Não sei se o plot se encerrou, mas se este foi realmente o fim para o casalzinho, foi o tempo de tela mais mal gasto de toda a série. E por favor, Dana, você roubou o carro da sua mãe, fugiu sem dar notícias com um assassino em potencial e não é capaz de dizer nem um “foi mal”? Pois é, a personagem deu sinais de amadurecimento, mas parece ter regredido e estagnado na aborrescência novamente, o que é uma pena.
Quanto a Carrie, pudemos vê-la novamente em ação se desdobrando para conseguir notícias de Dana enquanto despistava seus novos “parceiros”. O álibi das aulas de Yoga, como mostrado, certamente foi usado outras vezes. Carrie alegava que tinha parado de tomar os remédios, mas estava fazendo outras atividades – entre elas, a Yoga – o que já nos dá um indício de que ela não ficou apenas parada esperando as coisas acontecerem depois do atentado, e provavelmente Lisa já assumia seu lugar enquanto ela se envolvia na investigação que levou aos seis alvos de “Tin Man is Down”.
Ela conseguiu o encontro que planejava com Javadi, mas as coisas não serão tão simples quanto parecem. Quinn não conseguiu chegar a tempo e o seu paradeiro é desconhecido até para ela mesma, que foi vendada no caminho. Ainda não está claro se ela realmente conseguiu despistá-los durante a aula de Yoga ou se há suspeitas sobre a agente. Carrie vai precisar usar toda a sua perspicácia para conquistar a confiança do inimigo, e pode estar mais vulnerável do que imagina.
O ponto alto de The Yoga Play certamente foram as atuações. Foi um episódio com uma carga dramática muito forte e, em diferentes estilos, Morena Baccarin, Claire Danes, Mandy Patinkin e Morgan Saylor mais uma vez presentearam a audiência com as nuances de seus personagens.
E assim Homeland consolida sua nova identidade e começa a desenhar caminhos diferentes para a trama. Carrie se torna uma espécie de Brody dentro da série, em um jogo duplo extremamente perigoso. Sem seus remédios, sem o aparato da CIA e sem aliados confiáveis fica a dúvida se a agente conseguirá manter o sangue frio e a farsa pelo tempo que for preciso.