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Homeland – 3×06 Still Positive

Por: em 6 de novembro de 2013

Homeland – 3×06 Still Positive

Por: em

Still Positive é, de longe, o melhor episódio desta terceira temporada de Homeland, ou pelo menos do que foi apresentado dela até então. Tenso do início ao fim, ele conseguiu desenvolver bem até mesmo as tramas que normalmente são desinteressantes, mais um grande acerto do roteiro e da direção.

homeland - javadi

Não poderia começar a falar do episódio sem destacar a participação de Javadi. Até então tínhamos ouvido falar dele através de outros personagens e visto uma ou outra cena sem muita relevância do iraniano, mas Still Positive foi o momento que ele teve para se revelar, e não poderia ter sido melhor. Se antes tínhamos duas imagens distintas – a da mente por trás do atentado à CIA e a do homem desastrado que se suja comendo Big Mac – agora essas duas faces se juntam em um personagem complexo, tão poderoso quanto vulnerável e capaz de matar alguém a sangue frio e brincar com o neto com a mesma naturalidade. Javadi, assim como Abu Nazir, foge de todos os estereótipos em que um vilão terrorista poderia cair e por isso é um antagonista tão adequado para Homeland, que sempre foi avessa ao maniqueísmo. É claro que muito disso se deve à atuação correta e sem afetações de Shaun Toub, uma escolha acertadíssima para o papel.

E se o novato da série já chegou com tudo, os veteranos também não ficaram para trás. Carrie mostrou que a temporada de sofrimento passou sem deixar rastros, reassumiu o controle da situação em grande estilo, mesmo sem saber que Quinn e Saul tinham perdido a sua localização. Ameaçar Javadi em seu próprio território, sozinha e desarmada exigiu um grau de coragem e ousadia que nenhum outro personagem além dela teria. Aparentemente o plano acabou dando certo, mas o que fica no ar é uma sensação fortíssima de que não dá para comemorar antes da hora, e que uma represália está prestes a vir de qualquer lugar – se eu pudesse arriscar um palpite, diria que vem de Caracas.

Mas nem só de espionagem vive Homeland, e mesmo no meio de uma grande operação, Saul ainda conseguiu um tempo para discutir a relação com Mira. Seu casamento desde o início da série parece desgastado com o trabalho dele na CIA e Mira sempre representou muito mais uma figura de apoio do que uma esposa. A pressão que ela fez para que ele falasse e expressasse seus sentimentos foi uma forma de protesto por todos os anos em que Saul empurrou seu casamento para baixo do tapete enquanto cuidava de sua carreira. Apesar de rápida, foi provavelmente a melhor cena dos dois, e um fim muito digno para o casamento.

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Ainda na cota familiar da série, vimos mais – e mais – de Dana, que dessa vez quis se livrar definitivamente da sombra de Brody tirando o seu sobrenome. Quando a garota disse que o nome substituto seria Lazaro – o nome de solteira de Jessica – o esperado era que ela fizesse as pazes com a mãe e as duas começassem a estabelecer uma relação mais próxima e honesta. Jessica e Dana sempre tiveram uma barreira entre elas pelo fantasma de Brody, mas parece difícil que as duas percebam que compartilham a mesma dor, os mesmos conflitos e se unam para que, mais fortes, possam enfrentar a situação difícil que vivem. Em vez disso, Dana simplesmente fez as malas e estava pronta para sair de casa sem se despedir com uma amiga que surgiu do nada. Jessica tentou conversar, tentou uma aproximação, mas percebeu que é inútil procurar qualquer parceria com a filha, e apenas aceitou a situação. Se juntas a trama delas já parecia deslocada na série, separadas será ainda mais difícil criar algo que desperte o interesse do público.

Carrie está grávida. É, essa realmente foi uma surpresa, já que nenhuma gravidez foi mencionada durante sua passagem pela clínica psiquiátrica. A personagem nunca teve tempo ou condições de pensar em construir sua própria família por ter um trabalho de alto risco que suga todo o seu tempo e suas energias, isso sem mencionar a instabilidade emocional causada pela bipolaridade, só que essa mudança repentina pode fazê-la repensar seus objetivos. Seria uma aposta ruim introduzir um filho para a agente a essa altura, e é difícil imaginá-la combatendo o terrorismo entre uma troca de fraldas e outra, mas de Carrie é possível esperar qualquer decisão.

Vale notar que apesar de toda a tensão política, Still Positive foi um episódio focado em famílias: começando ou se desfazendo, elas estavam por toda a parte, como background até mesmo para o momento mais eletrizante da semana: a vingança pessoal de Javadi antes de se entregar. Sua história com Saul é antiga e o fato de ele ter ajudado sua esposa e seu filho a fugirem para os Estados Unidos não poderia ficar impune. A frieza e crueldade com que ele mata a nora e a ex para depois dizer-se pronto para falar com Saul é arrepiante, e o fato de a polícia estar na casa antes que eles pudessem limpar seus rastros é um indício de que alguém poderia estar ciente do que iria acontecer.

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Nisso tudo, apenas um ponto ficou mal esclarecido. Se Carrie foi parte ativa do planejamento dessa operação desde o início, suas cenas sozinha demonstrando surpresa com os passos de Saul ficam sem explicação e descontextualizam boa parte dos três primeiros episódios. Vamos aguardar e conferir se o roteiro retomará esse assunto com alguma justificativa ou simplesmente deixará passar. E você? Gostou dessa retomada ao formato antigo da série ou preferia o rumo mais lento e político do início da temporada? Deixe sua opinião nos comentários e até a próxima!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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