Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Homeland – 3×09 One Last Time

Por: em 26 de novembro de 2013

Homeland – 3×09 One Last Time

Por: em

Não dava para ter sido melhor. One Last Time foi um dos melhores episódios da série, o meu favorito da temporada e certamente a Emmy tape de Damian Lewis. Nostálgico, pesado e genial são adjetivos adequados, mas que não chegam nem perto de definir o que foram aqueles minutos de tela. Homeland, obrigada por isso.

one-last-time-saul

Tivemos uma semana focada em Brody, mas não apenas nele. Muita coisa aconteceu por fora e antes de destrinchar a trama do ex-militar, vale comentar a trama de Saul, que com a ajuda de Virgil e Max (matando um pouco da nossa saudade) descobriu que o amante de Mira era, na verdade, informante do senador. Essa realmente foi uma surpresa e um trunfo para o diretor provisório da CIA conseguir o tempo que precisava para colocar Brody de volta à ativa. Ao ser questionado sobre o motivo de não expor o rival para ficar definitivamente no cargo, ele deu uma justificativa convincente, mas é claro que a informação continuará sendo uma arma para usar quando necessário – se Lockhart de fato  assumir o comando da agência.

Após ser baleada, Carrie precisa lidar com o abalo na sua relação com Saul. A conversa com Javadi isoladamente pode não ter causado nenhum tipo de desconfiança na agente, mas a permissão para atirar nela, a viagem a Caracas e tudo o que o parceiro fez envolvendo Brody não podem ser ignorados. Durante toda a temporada, a relação dos dois foi posta à prova, mas apenas agora essa quebra de confiança foi explicitada e verbalizada pelos personagens.

Os planos da CIA são muito ambiciosos, e por mais que se fale sobre a intenção de criar um diálogo com o Irã e ter uma trégua com os terroristas, ele envolve chantagem, assassinatos (inclusive de inocentes, como a criança de Tin Man is Down) e intervenção militar como qualquer atentado. A máxima de que os fins justificam os meios é realmente válida? É possível conseguir paz com estratégias tão rasteiras? Não são perguntas simples e a exposição do tema na série levanta uma reflexão e um debate político muito mais importante que o destino do bebê de Carrie ou a troca de sobrenome de Dana.

Por fim, Brody. Em primeiro lugar é preciso falar da qualidade da atuação de Damian Lewis aqui. Eu passei o episódio inteiro com um nó na garganta diante do turbilhão de sentimentos que ele conseguia transmitir em cada olhar, cada expressão e cada gesto do personagem. Lewis já tinha provado que é um excelente ator em outras ocasiões, mas o que ele apresentou em One Last Time foi muito superior a qualquer coisa que já havia mostrado, mesmo em episódios incríveis como The Vest.

one-last-time-brody

Brody é essencialmente um sobrevivente. Desde os anos em cativeiro com Abu Nazir até o inferno em Caracas ele passou por mais situações de pressão, violência e luto que a maioria das pessoas poderia suportar. Ele esteve tão perto da morte e a viu passear ao seu redor por tantas vezes que é difícil pensar em outro caminho para o personagem que não envolva a tragédia. Usado mais uma vez como uma arma política, ele é submetido a artifícios que beiram a crueldade para se desintoxicar da heroína e ficar pronto para a batalha novamente. As sequências foram tecnicamente impecáveis, especialmente o momento em que ele tenta se mutilar com o pé de uma cadeira… mesmo sem palavras, é como se ele tentasse dizer que seu corpo não seria usado mais uma vez como instrumento de guerra, e a alucinação que comparou Saul e Abu Nazir não poderia ser mais precisa, pois naquele momento ambos tinham exatamente a mesma postura e motivação.

O reencontro com Carrie foi especialmente tocante. Desde a despedida no final da temporada passada os dois desafiaram seus próprios limites e passaram por situações extremas até que pudessem se ver novamente. Carrie claramente continua muito mais apaixonada que Brody, mas os sentimentos dele pela agente ainda existem, mesmo que camuflados dentro da raiva que ele sente pela CIA. Ao levá-lo para ver Dana ela deu a ele uma razão para querer viver novamente, ou pelo menos viver o bastante para conseguir sua redenção diante de quem importa. Ser visto como um terrorista aos olhos da América nunca foi a maior preocupação de Brody, mas decepcionar Dana sempre foi uma ideia insuportável para o ex-militar. Mesmo Carrie, a maior das suas defensoras, precisou mostrar que ele não é “inocente”, que tem muito sangue nas mãos e se quiser se redimir por seus atos, precisa se reerguer.

Por mais que seja fácil entender o lado de Brody, é impossível não dar razão a Dana na cena em que recebe a visita do pai. Sua vida foi devastada pelas consequências das escolhas dele, ela perdeu tudo, quase perdeu a vida, não dá para depois de tantas mentiras ele esperar uma recepção de braços abertos. Por mais doloroso que tenha sido ver Brody rejeitado, isso foi resultado das suas ações e do impacto que elas tiveram na vida das pessoas que o amavam.

one-last-time

Mesmo com a promessa de um retorno, esse episódio – começando pelo nome – pareceu o prenúncio de uma despedida para o personagem. Brody já sobreviveu demais, já lutou demais, e ficou claro que ele já chegou ao seu limite físico e psicológico. Essa força para entrar em mais uma operação parece aquele suspiro de vida que precede o fim de um moribundo, e a não ser que mais uma reviravolta aconteça (talvez a descoberta da gravidez de Carrie) temo que ele realmente tenha embarcado em uma missão suicida.

Muito mais poderia ser dito sobre esse brilhante episódio, mas não vou me alongar mais. Gostaram tanto quanto eu? Acham que Brody voltará são e salvo do Irã? Podemos alongar o debate nos comentários! Então até semana que vem, que ao que parece, será agitada.


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

×