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Homeland – 3×10 Good Night

Por: em 4 de dezembro de 2013

Homeland – 3×10 Good Night

Por: em

A reta final da temporada de Homeland engrenou de vez. Se alguém ainda tinha alguma dúvida sobre a série depois de One Last Time, Good Night veio para acabar com qualquer questionamento sobre a qualidade do que estamos assistindo. Mais explosivo que seu antecessor, ele trouxe o desenvolvimento do plano de Saul envolvendo Brody e Javadi, e mostrou que apesar das mudanças de caminho, a CIA parece continuar no comando da operação.
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Antes de qualquer coisa eu gostaria de falar sobre Quinn. O personagem teve alguns momentos de destaque este ano, mas está sempre presente como suporte para Carrie. É, talvez, uma das únicas pessoas em quem ela pode de fato confiar e as cenas entre os dois são sempre pontos muito agradáveis nos episódios. Ele atirou nela, mas, por mais estranho que pareça, o fez como uma forma de protegê-la de um atirador menos competente. Muito mais grave que executar uma ação, é ordená-la ou ser ou autorizá-la, e apesar disso, Carrie não demonstrou com Saul e Dar Adal a hostilidade que teve com Quinn.

Todas as atenções estavam voltadas para a operação envolvendo Brody, e foi interessante ver diferentes núcleos direcionados ao mesmo ponto, conectados como nunca em torno de um objetivo. Aparentemente simples, a tarefa era atravessar a fronteira e pedir asilo ao Irã. Bem, de simples a missão não tinha absolutamente nada, tanto que nem toda a estratégia, monitoramento e treinamento foram capazes de livra-los de um quase fracasso.

Apesar de toda a ação, Good Night conseguiu criar uma narrativa muito focada nos personagens, especialmente aqueles (lindos) que acompanhavam Brody. Este trabalho tinha começado no episódio anterior, mas os diálogos humanizaram ainda mais os homens que poderiam ser apenas peças descartáveis de um jogo arriscado, e fazer com que o espectador chegue a ponto de se importar com personagens que conheceu “ontem” não é uma tarefa fácil, ponto para o roteiro!

As coisas começaram a dar errado quando foi preciso matar guardas locais. Derramamento de sangue não era algo previsto para aquela fase da missão. Como ainda tinha espaço para piorar, eles são atingidos por uma bomba e depois entram na mira de atiradores inimigos. Saul chega a acreditar que é o fim da linha para a sua estratégia e entrega a operação. Vê-lo parcialmente derrotado em outros tempos poderia partir o coração do público, mas naquele momento o choque de realidade foi bom para o personagem, que de tanto ter o controle da situação já estava perdendo a sensibilidade de perceber que estava lidando com vidas, com pessoas e que esse tipo de trabalho não é uma ciência exata e o cenário pode mudar completamente pelo fator humano envolvido.

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No entanto, foi justamente o fator humano que salvou os planos da CIA. Brody chegou a relutar, quase desistir de tudo, mas quando chegou no limite, naquele lugar sem volta, ele mostrou que aquela missão não é para a CIA, é para ele mesmo. Ignorou as ordens de recuar, de abortar de todo o trabalho que teve e tomou sozinho a decisão de que continuaria, mesmo que aquilo pudesse, eventualmente, custar a sua vida. Ele e Carrie se parecem e se completam de uma forma única, e o diálogo que ele tem com a agente tinha tudo para cair no melodrama e na revelação bombástica de que ele tem um filho por quem voltar, mas conseguiu acertar o tom e ser uma cena sóbria e tocante ao mesmo tempo. Quando ele diz que tem certeza de que ela vai conseguir buscá-lo, é porque ele conhece a profissional impecável que Carrie Mathison é e porque sabe que seus sentimentos são capazes de levá-la a qualquer lugar para tê-lo de volta. E alguém duvida?

Da mesma forma que foi bom ver Saul perdendo o controle da situação, foi igualmente prazeroso acompanhá-lo retomando as esperanças de ter sucesso em uma das missões mais importantes da sua vida. Ainda mais recebendo a notícia do rosto iluminado e orgulhoso de Carrie – aliás, nunca é demais elogiar a atuação de Claire Danes, que mais uma vez esteve brilhante em cena e mostrou que não é boa só nos extremos, apresentando todas as nuances que a personagem exigiu com maestria.

Tivemos de volta também Javadi – agora em seu próprio território. Ele matou o companheiro de Brody, o que apesar de já ser esperado, não deixou de ser sentido. Confiar em Majid pode ser a jogada do século ou o maior tiro no pé da CIA, já que agora ele está de volta ao local onde tem poder, contatos e meios para conseguir se safar da chantagem e virar o jogo. Além dele, dentro da própria agência Lockhart também pode ser uma ameaça à operação, isso sem falar de Brody, que ainda está instável e apesar dos rompantes de coragem pode recuar a qualquer momento.

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Apesar de ter grandes chances de dar errado, a operação segue movimentando este fim de temporada e nos pontos importantes, tem funcionado como Saul planejou. Os desvios de caminho continuam levando para o mesmo destino, só que com muito mais sangue derramado. Exceto pelas cenas muito escuras na região da fronteira, Good Night foi um episódio tecnicamente ótimo, com uma edição ágil e precisa que não deixou a tensão dispersar em nenhum momento. Agora faltam apenas dois episódios para o fim da temporada, alguém mais está roendo as unhas para saber se tudo vai dar certo?


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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