Big man in Tehran foi um episódio típico de Homeland, com toda a política, conspiração, e surpresas capazes de provocar revolta em alguns e paixão em outros. Eu, particularmente, me encaixo no segundo grupo e adoro quando os roteiristas pregam essas pequenas peças que fazem a nossa cabeça dar um nó.
Brody tenta convencer as autoridades iranianas da sua história para conseguir asilo no país enquanto Carrie adota outra identidade para entrar em contato com o tio de Fara e garantir a segurança de Brody quando o plano fosse executado. Enquanto isso, Javadi tenta conseguir um encontro do infiltrado da CIA com o General Akbari, e Saul organiza na agência o passo-a-passo do que deveria, teoricamente, acontecer no Irã.
O episódio foi um déjà vu ao avesso de tudo que Brody viveu nas temporadas anteriores. O recrutamento, o retorno como um herói nacional e o acesso às autoridades do alto escalão com o intuito de se infiltrar e matar uma grande figura política. O tempo para que tudo acontecesse foi muito mais reduzido, mas os elementos estavam quase todos presentes – o que mudou de fato foi Brody.
O encontro com a viúva de Abu Nazir mexeu com Brody e embora parecesse que ele chegou a considerar abortar a missão, suas palavras sobre Dana indicam que isso jamais passou pela sua cabeça. De todos os erros que cometeu, Brody jamais se perdoou por decepcionar sua filha. Issa foi o principal motivo para ele tentar atacar os Estados Unidos, mas Dana sempre foi capaz de – voluntariamente ou não – direcionar as ações de Brody.
O plano de Saul falhou, o encontro com Akbari não aconteceu, a comunicação com a CIA acabou e com o seu principal trunfo se tornando uma celebridade local pregando o ódio à América, a agência decidiu que era o momento de eliminar Brody. Obviamente Carrie jamais concordaria com isso e não hesitou em colocar mais uma vez o emprego – e até a vida – em risco para salvar o ex-militar.
Perceber que estava na mira da CIA foi o estopim para que Brody usasse seu movimento mais arriscado e entrasse em um jogo de vida ou morte sem retorno e sem proteção. Não havia plano de contingência, aqueles que deveriam protegê-lo queriam sua cabeça e se qualquer coisa saísse fora do esperado, todo o trabalho seria perdido em um segundo.
Confessar o plano da agência e se revelar como um agente infiltrado foi uma jogada quase kamikaze, mas era a única forma de conquistar a confiança de Akbari a ponto de ele abaixar suas defesas e ficar vulnerável a um único golpe, que deveria ser infalível. Embora a cena desse a entender que Brody realmente tinha se voltado contra a CIA, uma segunda olhada na sequência mostra que ele já tinha localizado o cinzeiro (?) e calculado seus movimentos.
A conversa com Akbari revelou muito sobre Nazir na visão do próprio Brody. Enquanto a sua viúva falava de planos divinos, fé, conversão e propósito de vida, o chefe da guarda mostra que os planos sempre foram políticos e militares e que Brody não era nada além de uma arma de guerra para Abu Nazir. No momento em que ele vê isso com clareza, percebe a única forma de encerrar o ciclo que começou ali, exatamente naquela sala, e enfim cumpre a sua missão no Terã. Na verdade, nada termina ali e toda a operação é apenas o começo de mais uma manobra política, mas essa é uma consciência que não interessa a Brody, já que seu foco é apenas completar a sua história de vida e de redenção.
Com um cliffhanger de tirar o fôlego, Big man in Tehran abriu caminho para uma season finale que promete ser eletrizante. A vida de Brody está nas mãos de Carrie, já que a própria CIA pode querer elimina-lo independentemente do sucesso da missão. A essa altura, não arrisco mais teorias sobre o fim ou sobre os ganchos que ficarão para o próximo ano, resta apenas segurar a ansiedade para domingo e confiar nos roteiristas que, mais uma vez, apresentaram uma fantástica temporada de Homeland.