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House – 8×03 Charity Case

Por: em 23 de outubro de 2011

House – 8×03 Charity Case

Por: em

Percebi que bastante gente gostou de Charity Case, mas eu não consigo elogiá-lo sem algumas ressalvas. Não dá para dizer que não me decepcionei com o contraste de qualidade entre ele e os outros dois episódios já exibidos nesta temporada ou que gostei da maneira como o caso da semana, os relacionamentos entre os personagens e as questões relacionadas à nova realidade do hospital foram abordadas: para mim, este é o pior episódio so far e já começo a questionar até quando este “reboot” da cadeia ainda será fruto de histórias interessantes.

Algo que eu gostei bastante em relação a House pós-prisão foram as mudanças no PPTH. House não está mais com a bola toda e não tem a proteção de Cuddy para encobertar suas inconsequências – e isso é muito legal de se ver. Neste episódio, um novo aspecto desta trama foi explorado: a falta de recursos para a Divisão de Diagnósticos. Achei isso interessantíssimo, pois o tema nunca havia sido tratado tão detidamente na série e são nestes detalhes que a série está mostrando o quanto mudou após seu salto temporal, mas achei cedo demais para isso. Então é assim, House volta ao penteado antigo, esquece todas as suas ideias sobre merecer punição e não querer ser feliz e só quer saber se tem dinheiro para pagar seus funcionários e fazer algumas ressonâncias? Não engoli.

Quanto à Dra. Jessica Adams, gostei muito mais da personagem no primeiro episódio desta temporada. Aqui, ela pareceu boba, excessivamente ingênua e deslocada. A interação dela com Chi Park naquele plot desnecessário sobre não aceitar presentes não convenceu, e a maneira como foi sensibilizada pelo caso, “contagiando-se” com o altruísmo do paciente, esteve mais para Scrubs do que para House. Aliás, só o fato dela estar fazendo “serviço voluntário” para o homem que a fez ser despedida já é tão sem pé nem cabeça que qualquer argumento a favor da introdução da personagem à rotina da série já cai por terra.

Falando no caso da semana, acho que foi o pior do seriado em muito tempo. Como se não bastasse o personagem de Wentworth Miller ter sido irritante  ao extremo e não ter suscitado empatia alguma, as discussões da equipe sobre ele, que em outra temporada teriam rendido diálogos dignos de Emmy, aqui foram rasas e desinteressantes, e a conclusão do caso foi a mais aleatória possível – tanto do ponto de vista médico quanto moral: o nódulo foi quase impossível de se detectar, porém forte o suficiente para causar mudança de personalidade? Ele deixou de ser um filantropo porque percebeu o valor da família? A impressão que esse episódio me deixou foi a de que os roteiristas tiveram que trabalhar às pressas por algum motivo e escreveram o episódio todo em cerca de meia hora, de tanta coisa mal explicada ou simplesmente sem noção.

E aí chegamos a Thirteen. Entendo que a Olivia Wilde queira sair da série – eu também quereria -, mas a despedida da personagem foi completamente insossa e sem cabimento. Como assim o House achou que ela deveria ser feliz ao lado da namorada dela e a despediu?! Ele é um cretino. Ele não faz esse tipo de coisa. Nem para quem tem Huntington’s. Levando em conta que, dos médicos que já passaram pela equipe de House, ela é uma das mais queridas pelos fãs, ao lado de Cameron e Chase, e que foi o único dos quatro personagens introduzidos na quarta temporada que realmente vingou (Amber e o indiano estão mortos e o Taub é um saco). E saber que esta é, provavelmente, a última vez que a gente vai vê-la no seriado… que desculpinha mais esfarrapada para se livrar de uma personagem boa como essa, hein, David Shore.

Pelo menos a quantidade de storylines que Charity Case trouxe serviu para mostrar que os roteiristas pretendem, sim, espremer este reinício até extrair dele todo o conteúdo possível, mas que economizar este conteúdoe ir soltando-o aos poucos durante esta temporada não faz parte dos planos deles. Estamos no terceiro episódio e House já saiu da cadeia, já voltou para o hospital, já começou a formar sua equipe, já fez as pazes com Wilson, já despediu a Thirteen e já restabeleceu-se como o intocável fora da dei do Princeton-Plainsboro. Quase todas as situações que os fãs teorizaram que os roteiristas explorariam a partir do fim da sétima temporada já foram suficientemente pautadas, e eu acho isso ótimo: a sensação de correria é preferível a ver um plot se arrastando infindavelmente.

De qualquer maneira, ao término do episódio, para mim, ficou a pergunta: sendo o desgaste da série tão gritante quanto pudemos ver em Charity Case, não seria hora de começar a pensar em um final digno e preparar o terreno para ele, ao invés de apresentar personagens novos aos 45 do segundo tempo e tramas pouco originais que nem mesmo empolgam só para “encher linguiça”? House não tem fôlego para mais – e quanto mais rápido os roteiristas entenderem isso, melhor para a memória do show.

Estou sozinho no mundo ou mais alguém não gostou deste episódio?


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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