“It’s big comedy, but you also really care about these characters”
É com a última frase dita por Ted no episódio, que começo essa review. Afinal, embora o protagonista não estivesse se referindo à sua própria série, é óbvio que essa frase se encaixa como uma luva em How I Met Your Mother. Embora seja indiscutivelmente uma comédia, uma das características que tornou o programa tão especial foi a grande preocupação apresentada com a construção de seus personagens, mostrando coragem até mesmo para negligenciar o humor em alguns momentos (como na trama da morte do pai do Marshall na temporada passada) para criar uma empatia e identificação dos espectadores por cada um deles.
No início do episódio vimos cada um dos amigos em um relacionamento saudável e feliz. Então nosso narrador toma a decisão de pular esse verão agradável, que, segundo ele, só gerou histórias entediantes e desinteressantes, para nos levar ao outono que levou ao término de toda essa felicidade. Quando Ted afirmou que, até o fim do episódio, o primeiro término desse fatídico outono aconteceria, me dei conta que essa temporada terá realmente um ritmo agressivo, como prometido pelos criadores da série. Só não esperava que já veríamos o fim de Barney e Quinn, que, dos três casais possíveis, era o único que estava noivo (era óbvio que um amor consolidado como o de Lily e Marshall não estaria em perigo, como foi muito bem ressaltado em uma cena).
A crise dos casais foi deflagrada quando Barney, prestes a se casar, é aconselhado por seu colega de trabalho (que já conhecemos de outras ocasiões e nunca foi a melhor pessoa do mundo) a fazer um acordo pré-nupcial. Essa é uma prática muito comum nos Estados Unidos (principalmente em casamentos de pessoas ricas e famosas, como Barney nos fez o favor de informar) e serve basicamente para resguardar o patrimônio de ambas as partes (na verdade, de uma das partes) no caso de um divórcio. Pode parecer uma coisa meio fria, iniciar um relacionamento já pensando no fim, mas é o que pessoas sensatas (e não românticos incuráveis) fazem.
No caso de Barney, o que era para ser um simples contrato, acaba se tornando um livro maior que a Bíblia. Entre as cláusulas bem razoáveis (só que não), temos coisas como: Quinn deverá pagar uma taxa cada vez que ganhar peso (mas, calma, a taxa só terá que ser paga se o peso for identificável na pesagem semanal); Quinn deverá inventar 12 novas posições sexuais anualmente; além de outras envolvendo pelos corporais e aumento de seios.
Esse tipo de humor absurdo só funciona dentro da dinâmica da série por sabermos que se trata de uma pessoa contando a história. É comum que alguns exageros ocorram nesse caso, já que o ditado já diz que, quem conta um conto aumenta um ponto. A série já brincou diversas vezes com isso, de forma muito satisfatória. No entanto, quando ela opta por sustentar um episódio inteiro nesses exageros, ela acaba pesando a mão e perdendo a sua graça. Isso fez com que eu não gostasse desse episódio no geral. A piada da família do Marshall jogando o bebê como se fosse uma bola de futebol foi fraca (embora tenha que admitir que ri com o fato do Marshall ter achado que um fantasma fez a torrada dele de manhã).
A história de Ted e Victoria também foi fraca. Hospedar o ex-futuro marido da sua namorada é um pouco demais até para o “Ted Herói”. Entendo que o cancelamento do casamento já tinha acontecido há algum tempo e que faz sentido eles terem continuado amigos, já que a desistência ocorreu de ambos lados. Mesmo assim, me pareceu uma tentativa desesperada dos escritores de manter Klaus na história. Robin e Nick acabaram ficando um pouco de lado, com o drama da canadense gostar de se assistir na televisão enquanto os dois faziam amor.
Com esses conflitos menores entre os demais casais, a crise mais séria acabou ficando realmente com Barney e Quinn, que chegaram à conclusão de que não confiavam um no outro e de que não deveria ser tão difícil de chegar a um acordo sobre o relacionamento. Assim, os dois decidiram terminar. O que nos leva à cena final, com um desiludido Barney afirmando que jamais confiaria em alguém o suficiente para se casar com a pessoa. Corta para uns anos à frente, e vemos o Sr. Stinson falando sobre o seu casamento de forma empolgada. Quando questionado sobre a necessidade de um acordo pré-nupcial, ele diz que dessa vez não será necessário. Quem seria essa pessoa que finalmente ganhou a confiança de Barney? Robin Scherbatsky (pausa para um “awwwwwwnnnn” coletivo).
Embora esse final tenha sido muito bonitinho, não podemos negar que foi muito parecido com o que já tínhamos visto no episódio anterior (a comparação entre os relacionamentos “Barney / Quinn” e “Barney / Robin” mostrando o segundo como o casal que realmente tinha um sentimento verdadeiro já tinha sido feita). A boa notícia é que essa falta de estabilidade dos relacionamentos atuais significa que, caso essa se confirme como a última temporada da série, teremos tempo de sobra para desenvolver as histórias dos casais definitivos que irão surgir (quem sabe até aqueles nossos sonhados 13 episódios com a mãe?).
E vocês? O que acharam desse segundo episódio? Ficarão com saudades da Quinn? Deixem seus comentários!
P.S.: Normalmente os bordões de séries são utilizados à exaustão, causando um desgaste que tira completamente a sua graça (“bazinga” que o diga!). No entanto, eu simplesmente não consigo me cansar do Legen- wait for it – dary! Adoro toda vez que é usado. Alguém já conseguiu cansar?
