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Mad Men – 6×05 The Flood

Por: em 1 de maio de 2013

Mad Men – 6×05 The Flood

Por: em

Mad Men sempre faz excelentes episódios em torno do drama de alguns momentos tristes da nossa história sem precisar criar tramas dentro das agências, com clientes e disputas e tudo que sempre acompanha o episódio. Mad Men tem experiência em fazer com que tudo perca o significado, tudo é diminuído diante de certos eventos, deixam claro essa diminuição frente ao sofrimento quando só por um detalhe ficamos sabendo que a Megan ganhou o prêmio, ou seja, isso não é importante.

Claro que a morte de Martin Luther King é mais importante do que a vida deles ali, isso faz com que os personagens – e a gente – sinta a insignificância de tudo, faz pensar, ter medo do futuro, solidariedade pelas pessoas que mais estão sofrendo, ser francas e revelarem seus sentimentos. Algumas ficam loucas, e outras parecem não se importar.

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A Betty é um bom exemplo disso, não entendo como as vezes ela se preocupa e emociona com estes eventos, ela sempre fica abalada, seja com a morte da Marylin Monroe, John F. Kennedy, ou Martin Luther King. Mas aí quando passa para a própria vida ela perde a noção de segurança e todos os sentimentos desaparecem. Eu queria entender melhor o que acontece com a Betty, mas não consigo. É somente a sua criação? Porque ela trata os filhos de uma forma estranha, lida com o marido bem, mas ainda parece ser superficial. Quando Henry diz que espera que os outros a conheçam de verdade, eu o respondi que eu também quero conhecer.

Será que ela realmente não pensa na segurança, é alienada ao que poderia ter acontecido no caminho quando Don buscou as crianças? Ou era vontade de ficar sozinha? Betty sempre se importou com coisas sem sentido quando se trata dos próprios filhos. Nunca foi capaz de lidar e entender a Sally quando esta era menor, e quando o Bobby finalmente ganha algum espaço na série, a Betty também não se mostra capaz de entender o garoto. Mas quando Henry fala em concorrer ao senado, ela corre para tirar um vestido do armário.

Don sempre teve um pouco mais de jeito com os filhos, por incrível que pareça. Ouvir aquela confissão sobre os filhos, ver o Don revelando à Megan uma parte dos seus sentimentos me emocionou, senti pena dele. Se no episódio passado senti raiva dele a maior parte do tempo, nesse episódio a gente simpatiza com o pai Don, e sente muita pena quando ele percebe que o Henry é mais importante na vida do filho, no mesmo dia que ele percebe que é capaz sim de amar, talvez seja a primeira vez que ele sinta coisa do tipo, um amor de verdade, nada parecido com o amor entre homem e mulher, que a gente nem tem certeza que ele sente. Mas Don continua indo ao cinema para fugir de tudo.

Todos se mostram preocupados nesse dia. Tentam ligar para os conhecidos, Don até tenta saber se Sylvia e o Dr. Arnold estão bem, e acho que mais pela Sylvia, claro. Mas ele se mostra preocupado com a secretaria, que é negra e mora em um lugar distante. Assim como a Peggy também se preocupa com a sua funcionaria, que eu queria saber o que a moça faz. É a segunda vez que ela aparece, mas não falam qual o seu cargo. É uma redatora também?

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Até o Peter se mostrou uma pessoa mais emocionada, preocupado com a Trudy, com a filha que nem entende nada ainda, preocupado no trabalho. Quando Peter se impõe ao Harry Crane é uma das poucas vezes que a gente sente orgulho dele em toda a série. Crane foi muito capitalista e preconceituoso e a atitude do Peter foi louvável, era algo que todos nós queríamos gritar pro Crane que estava só preocupado com os negócios. Assim como o louco dos seguros. Que cara estranho. E aposto que na época deve ter tido realmente muitas propagandas oportunistas, como vemos até hoje.

A única trama que não foi tão sofrida foi a do encontro as escuras do Ginsberg organizado pelo seu pai. Ele é tão diferente dos outros personagens, parece tão mais novo, inexperiente. Isso fica claro naquele encontro. Queria ver o personagem sendo mais desenvolvido em Mad Men. Assim como Dawn. Eles tem vidas diferentes, passados e experiências de minoria que podem ser muito bem aproveitadas na série. Este era um episódio que os dois poderiam ganhar mais destaque. A cena da Dawn e da funcionária da Peggy era o momento para ter grandes falas, mas novamente só a expressão das duas bastou. E a tentativa de abraço da Joan tornou a cena constrangedora.

PS.: Acho ótimo ver a Peggy procurando um apartamento, mas parece que corretora tem preconceito, assim como ela própria.

PS.2: Fiquei pensando o que iriam fazer para despistar a apresentação do prêmio pelo Paul Newman.

PS.3: Adoro as referências da época. Ver Don no cinema é um gatilho pra isso, Planeta dos Macacos estreou exatamente um dia antes da morte do Martin Luther King, dia 03 e 04 de abril de 1968.


Camila

Mineira, designer, professora que gosta tanto de séries que as utiliza como material didático.

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Fringe

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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