Não tão ofegante como o início da temporada anterior, Misfits abre as portas para seu 3º ano preparando o terreno, mostrando os novos poderes, e nos apresentando Nathan 2.0.
Não me entendam mal. Eu gostei de Rudy. Mas a sensação que tive durante todo o episódio é que ele é apenas uma tentativa de recriar a personalidade de Nathan em outro personagem. Em diversos momentos foi fácil visualizar Nathan contando aquelas piadas, sendo irônico, brincando com os diversos assuntos de sexo e confusões que o grupo vai enfrentar. Joseph Gilgun fez um bom trabalho tentando desvencilhar seu personagem de Nathan. Afinal, Rudy não é nem um pouco carismático como o antigo protagonista, mas até suas ações – e isso vem do roteiro – acabaram por lembrar Nathan. Criar uma confusão devido a uma namorada ciumenta e toda a brincadeira de sexo anal? Nathan! Arranjar uma forma do grupo acabar no serviço comunitário novamente, mesmo que não proposital? Nathan! Se encararmos Rudy sem nunca termos conhecido Nathan, então ótimo, porque o personagem é bastante divertido. Mas o problema é que sim…nós assistimos duas temporadas com o personagem de Robert Sheehan e não gostaria de ver apenas uma versão mais fraca do “porra louca” do grupo. Os roteiristas precisam criar uma forma de diferenciar Rudy, sem colocá-lo como o alívio cômico, irônico e boca aberta. Com o o que eles criaram até então, sabemos que conseguem.
Porém, como eu disse, Rudy por si só é divertido. Seu poder pode criar diversos cenários, e gosto ainda mais que ele não consegue controlar, sendo mais engraçado assistir a essa separação. Então Rudy consegue se duplicar. Mas tudo tem um limite, como sabemos que vários poderes têm: os dois Rudys têm personalidades opostas. Inicialmente penei que seriam um do bem, outro do mal, o que poderia criar até um “vilão” da temporada. Mas pelo que vimos, os opostos nos Rudys se referem a autoestima. Um deles é feliz e vê as coisas boas do mundo, enquanto o outro é depressivo, tímido, e acha que tudo dará errado. Isso gerou muita piada, e consequentemente, muitas cenas divertidas entre os dois, tudo graças a atuação de Gilgun, que conseguiu mostrar bem os opostos de seu personagem. E esse poder tem lá suas coisas boas, afinal, quando ele está duplicado, não pode morrer!! Tanto no começo do episódio com a briga dos dois, a cena do banheiro e a conversa no sofá foram hilárias, e nesses momentos, consegui esquecer da tentativa de transformar o personagem no novo Nathan.
O que importa é que esse episódio preparou o terreno dos próximos sete episódios mostrando os novos poderes dos personagens e os diferentes cenários que podem ser criados com eles. O divertido é que Alisha tentou focar várias vezes em vidas normais…mas sabemos que ninguém naquele serviço comunitário tem vida normal. Do contrário, com o novo misfit, eles foram arrastados para lá, e assim como Rudy disse, muitas coisas acontecerão. Sabemos que sim!! Aliás, não é só os misfits que serão centrados nessa temporada. Seth, o traficante de poderes terá seu próprio plot. Já no começo do episódio vimos ele olhando para uma foto dele com uma mulher. Esposa, irmã, namorada, prima? Não sabemos, mas com certeza terá impacto grande nesse terceiro ano. Ele está atrás de algum poder específico…quem sabe para trazer a tal garota de volta a vida? É uma possibilidade…ou então o poder de localizar qualquer pessoa, pois ela está desparecida. Não sabemos ainda, mas conseguiu me deixar com a pulga atrás da orelha para saber o que tem nessa história e como os misfits serão atraídos para ela.
E não é que eu adorei os novos poderes? Como já havia adiantado no que esperar da nova temporada, Curtis é um shapeshifter, mas com limitações: só pode se transformar em uma mulher, e nada mais. Gosto dessas limitações que a série traz, afinal isso é Misfits…uma série que abre um leque de possiblidades mas consegue delinear muito bem os limites. Então, pelo que vimos, eles não tiveram muito a chance de escolher os poderes, afinal Kelly foi a primeira e pegou, facilmente, o pior de todos. Porém, pode ser simplesmente outra questão de limitação. Ela queria ser inteligente, mas só consegue projetar foguetes. Ri demais com Lauren Socha e sua Kelly, nos lembrando muito bem dos motivos dela ganhar um BAFTA. Depois do monkey slut, temos uma nova catchphrase: “I’m a fucking rocket scientist”. Ela está com o poder mais inútil, como era Alisha até então. Porém, sabemos que Lauren consegue transformar qualquer trama em coisa boa. Em algum momento, seus foguetes serão necessitados.
Já Alisha teve um foco legal no episódio. Foi interessante ela e Rudy se conhecerem e lembrar do passado da garota. Quando a série começou, Alisha era realmente fútil, sem ligar para as pessoas e aproveitando seu tempo dormindo com qualquer um. Uma de suas “vítimas” foi Rudy. Só fico esperando que isso não acabe por estragar o romance dela com Simon. Os dois são ótimos juntos, e Antonia Thomas e Iwan Rheon têm química. A cena em que ela pede desculpas pelo passado sexual e ele brinca que era o rei do sexo também, foi muito legal. Porém, o estrago que Alisha fez na vida de Rudy é enorme, pois vimos até Happy Rudy triste e chateado com a lembrança da garota na vida dele. Agora com ela diferente e com a possível e provável missão de Simon em se tornar Superhoodie, quem sabe ela não encontre conforto em outros braços? Espero mesmo que, se for o caso, trabalhem bem essa história.
Falando dos poderes, o de Alisha é muito legal. Ela pode pode ver o que os outros estão fazendo, como se estivesse vendo com os olhos deles. Com certeza vai ser útil nas enrascadas que o grupo vai enfrentar. Já Simon continua seu caminho para se tornar Superhoodie, treinando o parkour em seu uniforme. Seu poder é outro extremamente útil. Ele pode prever o que acontecerá se tomar certas decisões. Foi assim que se salvou de uma queda – e provável morte – ao prever o acontecimento caso tentasse aquela manobra. Ainda não sabemos se o poder se refere só as ações de Simon, ou se ele consegue prever os resultados dos outros. O bom foi ver que Simon está bem mais confiante e dono de si. Não gostou da revelação de Rudy e sua aproximação com Alisha, mas não tomou nenhuma ação precipitada, porém parou Rudy quando ele ia atrás da namorada. Gostei de ver que o ponto de encontro do grupo – além do bar em que Curtis trabalha – é o apartamento de Simon e Alisha. E os outros ainda não sabem sobre Simon ser Superhoodie, o que pode quebrar a confiança do grupo quando Curtis e Kelly descobrirem que esconderam isso deles.
O episódio em si criou situações divertidas. Bizarrices e sangue, como é comum em Misfits. A garota Charlie foi totalmente inútil. Serviu apenas para morrer. Já Tanya, poderia aparecer mais, caso não tivesse morrido também. Seu poder de congelar o tempo foi bem divertido nas cenas em que foi usado, e criou boas tensões para o episódio. E Shaun ainda é o agente da condicional que cuida dos misfits. Pensei mesmo que ele não duraria muito com sua personalidade arrogante e pelo que aconteceu com todos os outros que tentaram cuidar deles. Mas Shaun está na temporada, aplaudindo o grupo por voltar tão rápido para o serviço comunitário. Mas falemos a verdade, é bom vê-los nos uniformes alaranjados, não é?
Ainda tivemos o grupo comentando sobre Nathan estar em Las Vegas e convidar eles para o casamento. Como sabemos que Simon e Alisha também estiveram lá – e sobre isso você pode ler tudo aqui – ninguém sabe que Nathan foi preso. Mas com o tempo irão descobrir ao irem atrás dele, não é? Afinal são todos bem amigos.
Misfits começou sua 3ª temporada com um episódio tranquilo, mostrando como os misfits estão lidando com os novos poderes, e colocando eles no serviço comunitário para voltarem a enfrentar as coisas mais bizarras possíveis. Para variar, o canal E4 continua trazendo ótimos elementos da série além dos episódios. Vale a pena visitar os perfis dos personagens no twitter. Simon comenta sobre a vida, enquanto cada Rudy tem o seu perfil, já que eles insistem que cada um tenha o seu quando se separam. Essa pequena brincadeira também vale a pena fazer, só precisa ter conta no facebook. E você, gostou do retorno de Misfits?
