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Pan Am – 1×03 Ich Bin Ein Berliner

Por: em 11 de outubro de 2011

Pan Am – 1×03 Ich Bin Ein Berliner

Por: em

Let them come to Berlin. E os piloto e aeromoças chegaram em Berlim. Ok, essa outra frase do famoso discurso de John Kennedy na Alemanha Ocidental tem um contexto completamente diferente, mas cada um dos personagens principais foi para lá por um motivo, assim como o presidente americano.

E com esse terceiro episódio, o charme de Pan Am continua sendo a principal atração da série. Porém, Ich Bin Ein Berliner misturou muito bem comédia e drama dados os diferentes motivos para os personagens estarem lá. E funcionou. Não funcionou para a audiência, que baixou mais de 1 milhão de pessoas, chegando a 6.42. Pan Am, é, facilmente, a série que mais me encantou nessa enxurrada da fall season – não a melhor, isso ficaria com Homeland – mas todo o glamour da década de 60 e a ambientação da série em nos permitir viajar o mundo com esses personagens carismáticos, me cativou rapidamente. Espero, de coração, que esse número se estabilize, pois assim, podemos ter pelo menos a temporada completa. Esses números batem com os episódios finais de Brothers & Sisters, de quem Pan Am tomou o horário, e sabemos o que aconteceu com B&S. A última temporada de Desperate Housewives não está ajudando em nada como lead in de Pan Am, tendo nesse domingo, sua pior audiência desde a estreia. Será que diremos adeus a Pan Am tão cedo?

O fato é que esse episódio explorou bem alguns ângulos da série, enquanto deixou personagens flutuando sem nenhuma história importante. Pan Am ainda não tem uma storyline bem definida. A longo prazo temos apenas o plot de investigação, e os passados dos personagens. Mas além disso, a série não delineou com força sua estratégia. Mostrar histórias paralelas + a investigação + novo local, toda semana? Caso seja assim, o charme pode desaparecer. Então seria bom mostrar ao público a que veio e firmar o pé no chão. Assim ela poderia ser levada mais a sério. Sabemos como séries charmosas são recebidas pelo público. Lembram de Pushing Daisies? Por mais que tenha sido uma série que amei até o último momento, a fórmula desgastou e o público fugiu, mesmo que no início fosse algo fantástico.

Gosto de toda ambientação de Pan Am. Já fomos a Londres, Paris e agora Berlim. Será que veremos São Paulo ou Rio de Janeiro? Ambas as cidades foram “mencionadas”. No piloto, podemos escutar que um voo está partindo para São Paulo, Brasil. E nesse episódio, quando Colette olhava o quadro de viagens, Rio de Janeiro estava lá. É claro que não é fácil colocar personagens em momentos históricos, ainda mais em uma série de TV, cujo orçamento é baixo. Eu nem mesmo esperava ver alguém interpretando Kennedy. De fato tivemos, apenas sua aparição de longe, com rosto encoberto pela sombra. Mas eu amo os efeitos especiais de Pan Am e a forma como até eles parecem glamorosos. A cena em que Kate, Laura e Ted assistem o discurso de Kennedy e conseguimos ver toda a multidão, foi apenas para nos lembrar que aquilo existiu, mas valeu a pena. O cuidado com idioma, figurino e cenário também é bem feito.

Aliás, toda a questão de Kennedy lidou com assuntos tanto divertidos, como dramáticos. Tivemos Maggie correndo atrás do presidente em cuja campanha trabalhou, mas não pôde conhecê-lo pessoalmente. Foi divertido ver que Maggie é capaz de tudo, e isso já ficou bem claro desde o piloto. Ela tem coragem e é a que mais mostra a mulher tomando partido, em uma época que isso realmente aconteceu. Aí está uma boa storyline para Maggie. Pois por mais que seja divertido acompanhar Christina Ricci e seus olhinhos esbugalhados fazendo de tudo para chegar ao presidente, e se contentar – chorando – com um aceno, Maggie precisa de uma história. Ricci sabe dar conta do recado, apenas entreguem algo que consiga prendê-la em uma trajetória interessante. Gosto de pensar que estamos somente vendo relances de sua independência feminina e de que logo logo teremos Maggie como líder, lutando contra um mundo dominado pelos homens.

A parte dramática foi bem mostrada. É complicado mexer com histórias como nazismo. Porém, Karine Vanasse recebeu material a altura de sua tocante interpretação. Foi realmente de quebrar o coração assistir o ataque de pânico de Colette enquanto a multidão subia as escadas e ela se lembrava da 2ª Guerra Mundial, quando os nazistas atacaram a França, e consequentemente, sua família. Mas sabem aquelas cenas que ficam marcadas na nossa memória? As vezes são cenas pequenas, que não significam muito, mas marcam. Colette cantando o hino nacional da Alemanha, enquanto percebíamos suas emoções…foi arrepiante. Vanasse está, facilmente, fazendo o melhor trabalho entre o elenco, e Colette está se tornando a personagem mais encantadora de acompanhar. O diálogo final com Kate reflete bem como é complicado o assunto, e apesar da série estar mostrando o ano de 1963, isso reflete até hoje. Rixas entre entre descendentes de pessoas que sofreram com o nazismo, e alemães, não são tão comuns quanto antigamente, mas acontecem. Colette dificilmente perdoará, mesmo que o famoso discurso de Kennedy tenha conseguido o efeito de perdão para milhares de pessoas na situação de Colette e o efeito de perda de culpa para milhares de alemães.

O plot investigação não foi tão interessante nesse episódio. Kate é tão burrinha assim? Claro que ela recebeu instruções, mas agiu como completa desconhecedora do perigo que corria se fosse exposta. Então uma garota da Alemanha Oriental, agente do MI6, errou em sua tarefa e arrastou Kate para o mesmo caminho. Tudo bem, Kate não ter pego o livro não foi sua culpa, mas sua ingenuidade passou dos limites ao entrar no carro, acreditar na garota e lutar por ela. Claramente, Kate precisará passar por um grande apuro para aprender a lição, se ser agente do MI6 é realmente o que ela quer, como disse para Bridget no episódio passado. E toda essa história de Berlim ainda não acabou. Existirão consequências por ter passado por cima das ordens de seu superior. Sério mesmo que a conversa com Bridget e ver o que aconteceu com a amiga não acendeu o pavio de cuidado de Kate?

Enquanto Dean ajudou Colette e o possível romance deles parece continuar, mesmo ela dizendo que são apenas amigos, o piloto não fez muita coisa. Dean é um personagem carismático e se comove com Colette. Gostaria de vê-los juntos em um futuro próximo. Já Laura e Ted não fizeram nada, além dele tentar dar em cima dela e mostrar um lado mais simpático do personagem. Não comprei a ideia desse lado. Acredito que seja apenas para conseguir sair com Laura. A única coisa realmente legal foi a referência a Cantando na Chuva quando Ted subiu em poste, no estilo Gene Kelly.

Como já comentei, a série continua encantando, mas precisa encontrar um rumo e definí-lo, antes que seja tarde demais. E que domingo leve mais pessoas para frente da TV quando o Clipper Majestic desembarcar em Yangon, a maior cidade do país Myanmar, na Ásia.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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