Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Pan Am – 1×06 The Genuine Article

Por: em 2 de novembro de 2011

Pan Am – 1×06 The Genuine Article

Por: em

Quando Pan Am finalmente se engaja em arcos maiores para sua história, conseguindo se levar a sério, vem, então, um episódio no Brasil.

Ah o Rio de Janeiro da década de 60!! Fazia apenas alguns anos desde que a cidade maravilhosa deixara de ser capital do país. Como comentei no piloto da série, até no Brasil a Pan Am era famosa, estendo seu glamour e poder para o continente sul-americano. Ainda mais em um país no qual se fala portunhol e escuta-se salsa enquanto se compra relógios roubados, para ser preso imediatamente pelo oficial Roberto.

Aqui entra aquela velha discussão de como nosso país é mostrado pelo mundo afora. Se você procurar, encontrará casos muito mais bizarros, como Brasil em Os Simpsons, ou My Wife and Kids. Aliás, basta visitar as páginas do ótimo blog já encerrado Fora de Série, que listou mais de 170 momentos do Brasil nas séries. O que foi mostrado em Pan Am não foi humilhante ou ridículo, mas aquela preguiça de procurar por veracidade. Milhares de brasileiros estão tentando a carreira de ator nos Estados Unidos, e aposto que nenhum deles iria se recusar a uma ponta em um seriado. Os figurantes não pareciam realmente brasileiros, além de falarem o bom e velho portunhol. Prestem atenção nas conversas em segundo plano, nenhuma delas é realmente português brasileiro – a não ser pela gravação de estudo da Pan Am no final do episódio. O que foi então o chefe da Maggie que supostamente era para ser um brasileiro morando nos Estados Unidos? Aquele “português” sim foi a parte mais vergonhosa. Custava procurar atores com português fluente – no qual bagunça não se pronuncia baxunça?. Apesar de ter tocado Garota de Ipanema durante o jantar, música estilo salsa e merengue foi tocada nas ruas do Rio.

Como eu disse, podiam ter tido um cuidado maior. E se isso acontece com os outros países que Pan Am visitar? A série certamente perde credibilidade com o pessoal afora. No mais, foi tudo tranquilo, apesar de eu esperar que fosse mostrado mais do nosso país. A gramática nas placas e avisos estava correta as referências também. Corcovado é realmente o morro no qual está situado o grande Jesus em que Ted sempre acha que baterão o avião. As praias de Ipanema são bonitas, assim como nosso samba e bossa nova.

Fora toda essa questão do Brasil, o episódio foi realmente bom no que se trata de roteiro. Como comentei semana passada, as histórias de Ginny e Niko ajudaram Pan Am a crescer e poder ser levada mais a sério. E a série conseguiu. Abordou as tramas de espionagem e romances + trabalho de uma forma legal, interagindo com outros personagens e os colocando em perigo. Mais importante de tudo: nos deu informações sobre a vida de Maggie, dando espaço para Christina Ricci poder mostrar seu talento. Pela primeira vez uma personagem não foi junto para o destino do episódio, mas Kate conseguiu manter a chama acesa de sua história, ainda mais com o pano de fundo político.

Então Maggie sempre foi uma garota da vida, no sentido de se deixar levar e aproveitar tudo o que o mundo pode oferecer. Ela é famosa mulher com fome de mais. Maggie quer mais…quer viajar o mundo, conhecer pessoas diferentes, ser independente e não precisar responder a ninguém. Ela pode isso como comissária de bordo da Pan Am, e faz seu trabalho muito bem. Porém, mente aberta e com vontade de liberdade, Maggie acaba achando que está acima de todos, mas não está. Dentro das aeronaves, as aeromoças respondem a ela, que é comissária; e pode fazer o que quiser quando aterrissa nos diferentes lugares que visita. Mas no final das contas, isso é um emprego e ela tem superiores. Gostei de que lembraram da audaciosa conversa com a supervisora, pela qual Maggie quase foi demitida.

O fato é que Pan Am é tudo o que ela tem, e sem o emprego, Maggie não consegue ser a mulher independente que tanto deseja. Eu imagino a personagem tentando conquistar o mundo e fazendo a cabeça de milhares de outras mulheres, como já fez com Laura. Gosto de pensar que Maggie será a pessoa que desafiará os ideais da época e buscará a liberdade feminina. É bem o tipo dela, e o tipo de personagem que cai como uma luva para Christina Ricci e seus olhinhos esbugalhados esperançosos. Porém, tudo tem um preço, e para continuar no topo, Maggie precisou pisar nas pessoas que gostam dela. Sua vida nunca foi fácil, é verdade. A fome insaciável por mais, a tirou de um restaurante, levando-a para uma faculdade, onde usava os nomes de alunas desistentes para aprender. Maggie é inteligente e tem tudo o que precisa para vencer, mas precisa fazer da forma correta.

Gostei bastante de como voltaram a lembrar da imagem glamorosa que Pan Am tem. A aeromoça que estudava na universidade mostrou a Maggie que o treinamento da companhia cria mulheres donas de si, e que podem ver o mundo. A rápida e pequena tentativa da personagem de tenta andar com pompa me fez rir demais, dando aquela vontade adorável de abraçar Christina Ricci. Se Maggie não conseguia um bom emprego por falta de uma educação de qualidade, o que lhe restava para poder conquistar o mundo? Entrar para a Pan Am, e para isso, mentir, entre outros, que sabe falar português fluente. Não é toda a imagem de Maggie que é mentira. Ela sabe se comportar como uma comissária de bordo poderosa, mas nem tudo em seu currículo é verdade. Ela não é totalmente dona de si, e Laura percebeu isso.

Maggie agarra cada oportunidade para voar cada vez mais alto. Mas até então havia um respeito para com seus colegas de trabalho, com os quais ela convive durante dias e não são apenas amigos, mas quase uma família. Mas com Pan Am pendendo em uma corda bamba, ela escolheu reportar o romance de Dean com Ginny para o vice presidente da companhia. Fiquei até espantado de ver o sorriso confiante de Maggie para sua supervisora, após ter relatado o piloto. Porém, fiquei feliz com o final do episódio, que mostrou uma Maggie arrependida por ter feito o que fez.

O que nos leva a esse plot. Alguém realmente acredita que Ginny já está apaixonada por Dean? Tudo bem, já que o Sr. Henson disse que ela é louca. Então Ginny de fato é secretária-amante dele, e o vice presidente a ama. Agora que Maggie contou a verdade, não faço ideia do que será de Dean. Inicialmente ele deveria ser demitido, mas como falei semana passada, Sr. Henson pode sair perdendo se alguém descobrir que ele tem um caso com sua secretária – e visto a paixão dela por Dean…nunca subestime a fúria de uma mulher apaixonada. Gosto de achar que Ginny seja mentalmente instável. Ela realmente agiu diferente nesse episódio, ao procurar Dean no hotel no Rio, e do modo como se comportou no jantar, visivelmente confrontando Colette, como que com ciúmes. Já Dean é um cara correto e sabe o que está em jogo.

Em New York, Kate recebe uma missão realmente importante. Era óbvio que iriam tirar proveito do romance dela com Niko, e muito mais claro de que descobririam. Kate parece muito mais ingênua do que pensava. E no fim das contas, Niko parece ser um cara muito gente boa. Apesar de viver em um país comunista, ele não concorda com os ideais do presidente Josip Tito, que ficou no comando do país entre 1953 e 1980. Ele parece idolatrar pessoas que lutam por suas causas, mas desde que elas sejam feitas de forma pacífica e com ideais de unificação e direitos civis, como a luta de Martin Luther King. É fato que ele seria uma peça muito importante para os Estados Unidos, como um aliado dentro da Iugoslávia, mas quando ele descobrir que Kate está por trás disso, o romance deles irá por água abaixo, mesmo que ela esteja sendo sincera no que sente por ele.

Pan Am perdeu cerca de 200.000 telespectadores entre o último episódio para esse, mas os números de share e rating continuam estabilizados, e eles são igualmente ou mais importantes que a audiência total. E melhor, segundo estatísticas, esse episódio teve aumento entre o público adulto de 18-34 anos e 18-49, além de outro aumento entre o público alvo feminino, conseguindo aumentar sua audiência pela 2ª semana consecutiva. Será que conseguiremos os 13 episódios exibidos?


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

×