No episódio piloto comentei que, na minha opinião, Perception precisava melhorar em dois aspectos: maior exploração dos problemas de Daniel e sua vida pessoal e consequentemente menos destaque aos crimes, ou que ao menos toda trama relacionada ao FBI fosse melhor trabalhada. Em Faces, posso dizer que parcialmente uma dessas coisas teve um avanço, mas acabou indo por água abaixo no final do episódio, o que diminui ainda mais minhas esperanças pela continuidade da temporada.
As melhores cenas do episódio sempre são as em sala de aula. Daniel parece ser realmente um ótimo professor e nos presenteia com ótimas reflexões que deveriam preencher mais tempo do episódio.
“Pode o cérebro mentir para si mesmo?“
Com essa frase, mergulhamos na trama do episódio. Frank é um sujeito de bem que teve sua mulher sequestrada, posteriormente ela é encontrada morta. A vítima é imigrante e chegou aos EUA graças ao dinheiro de Frank, este pago a uma agência especializada em tais atividades. As suspeitas imediatas de assassinato caíram sobre a família que trouxe Olena para os EUA, já que Frank só ficou na promessa e não pagou a eles o que devia.
Tudo parece fácil, e é aí que entra o ponto positivo do episódio, as reviravoltas na trama foram positivas, até um certo ponto. Cheguei a ficar vidrado no desenrolar e ansioso para o desfecho. Uma lástima novamente que ele foi insatisfatório. Ficou nítido que a trama ficou tão enrolada que no final é apresentada a narração dos fatos em ordem cronológica com o que ocorreu para que os telespectadores pudessem compreender o que realmente aconteceu.
Daniel, assim como no episódio piloto, tem visões relacionadas ao crime. Um suposto integrante da família suspeita do crime aparece em seu escritório e o ameaça e “solicita” que Daniel saia do caso. Além dele, uma agente do FBI imaginária também o perturba, esta carrega no pescoço uma pingente semelhante ao dos suspeitos. Essas visões poderiam ser o grande trunfo da série, mas, pelo contrário, acabam sendo utilizadas de forma bastante insatisfatória. Com um vilão musculoso grandalhão e uma agente sensual ameaçando Daniel de morte, com um texto muito fraco e clichê, soube na hora que se tratavam de visões. Aliás, como se isso não bastasse, a visão novamente deu a dica para a solução do crime.
Aí me pergunto, isso existe na vida real? É surreal e muito fácil para os roteiristas montar um caso super difícil de resolver, que nem mesmo o FBI consegue solucionar, e entregá-lo a um cara que tem visões que o presenteiam com a solução. Qual a graça do episódio se sabemos que Daniel terá a resolução do problema entregue a ele em uma bandeja pela sua super visão? Chega a ser infantil a forma como os roteiristas tentam colocar no texto o momento em que “a ficha cai” de forma estupenda, como se Daniel estivesse resolvendo um caso dificílimo. Não é ele, afinal, que é o gênio, são suas visões. E criar um herói como esse, qualquer um de nós consegue.
Gostei da trama da Prosopagnosia (dificuldade de uma pessoa reconhecer rostos), um problema real, que realmente existe, e é isso que eu esperava que a série exploraria. Soluções de crimes pautadas em problemas psicológicos, psiquiátricos e neurológicos que tem fundamentação científica, e não uma visão, que nem poderia ser comparada com esquizofrenia mais, já que se trata de algo quase sobrenatural, que tem poderes de solucionar crimes.
Os pontos positivos do episódios focam-se novamente em Natalie, que continua sendo a personagem mais interessante da série. Gostei do professor novato e seu relacionamento com Rachel. Parece que a intenção dos roteiristas é shippar Daniel e Rachel, o que não me agrada nem um pouco. As minhas expectativas, que já haviam ficado mais baixas depois do piloto, caíram ainda mais nesse segundo. Tenho esperança ainda que os rumos da série mudem no futuro. Resta-nos aguardar, assistir e criticar. E elogiar, claro, para quem está gostando. Aliás, o que você achou desse episódio? Deixe seu comentário!
