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Political Animals – 1×03 The Woman Problem

Por: em 2 de agosto de 2012

Political Animals – 1×03 The Woman Problem

Por: em

E quem diria que Political Animals iria apresentar um episódio ainda melhor que os dois primeiros? Este episódio foi, sem dúvida, o mais impactante, chocante e principalmente bem construído de todos. Não ocorreram grandes acontecimentos, mas a forma como o roteiro está interligado é esplêndido.  Se anteriormente tivemos a política em segundo plano, em The Woman Problem ela foi definitivamente a grande protagonista.

Tivemos sim, como não poderia deixar de ser, problemas familiares, como os ótimos confrontos entre Elaine e Margaret e entre Doug e Bud. Porém, eles, dessa vez, serviram apenas de suporte para os principais assuntos do episódios, que, aliás, não foram poucos.

Um dos fatores que me levou a assistir o piloto dessa minissérie foi o elenco, principalmente o feminino. Nesse episódio fomos apresentados à personagem de Vanessa Redgrave, considerada uma das maiores atrizes do cinema mundial, inclusive vencedora do Oscar e Emmy. Essa sensacional atriz interpreta com maestria e singular delicadeza Diane, juíza homossexual da Superma Corte dos EUA. A Suprema Corte equivale ao Supremo Tribunal Federal brasileiro. Os juízes são nomeados pelo Presidente da República e tem vitaliciedade no cargo. A companheira de Diane está em leito de morte e, por isso, a juíza está tentada a pedir desligamento de suas atividades. E este é o ponto principal desse grande episódio.

A forma que esse delicado assunto foi tratado me chocou e me mostrou como realmente a política funciona, principalmente quando estão envolvidos animais políticos como os da série. E aí me pergunto: quantos políticos existem que também não são animais? Animal no sentido visceral da palavra, da sede pelo pote, sem importar-se com o quê e nem quem irá atropelar no caminho. Quando Diane disse “Corinn não estará viva daqui a dois anos” e Elaine não esboçou qualquer tipo de reação, levei um soco no estômago. Elaine Barrish não só está disposta a ser presidenta dos EUA como também mostrou que seus ideais são maiores que qualquer amizade, e, inclusive, maiores que sua família. Não vejo nessa mulher sinais de compaixão ou pesar pelos seus filhos cuja vida já é suficientemente desgastada por sua causa e de seu ex-marido. Nem mesmo a velha e sábia Margaret consegue colocar um pingo de razão na cabeça da filha.

Mas não é só Elaine que mostrou como funciona o mundo da política nesse episódio. O presidente Garcetti não ficou atrás no nível de jogadas, visando, como sempre, o bem próprio. A partir do momento em que desconfiou que Elaine poderia enfrentá-lo nas próximas eleições, e sabendo da vontade de Diane de deixar a Suprema Corte, o presidente não pensou duas e decidiu matar dois coelhos numa cajadada só. Ao oferecer o cargo de Diane à Elaine, obviamente, caso aceitasse, a Secretária de Estado não poderia ser candidata. Porém, ao recusar, Elaine estaria praticamente declarando abertamente que quer concorrer, já que receber o convite para ser integrante do tribunal mais importante do mundo não é uma honra comum de negativa. O que ele não esperava, porém, é que Diane é uma mulher fantástica e deu um belo xeque-mate nas intenções do presidente.

A decisão de Diane, numa primeira impressão, me surpreendeu, afinal Elaine colocou sua carreira política à frente da amizade das duas, mas principalmente colocou a antiga professora e amiga numa encruzilhada, entre passar os últimos momentos de sua companheira junto com ela ou continuar na Suprema Corte e com isso impedir que Elaine fosse indicada à substituí-la. Esperava que Diane também colocasse a relação das duas em segundo plano, assim como Elaine fez, mas a juíza foi além do que eu esperava. Abriu mão de ter um contato mais próximo e presente de seu amor para permitir que a Secretária de Estado continue com sua candidatura em sigilo.

E isso tem um motivo, que, aliás, eu já venho enaltecendo nas reviews dos primeiros episódios. Political Animals é feminista. Talvez os princípios feministas não estejam tão presentes, mas as personagens mulheres tem uma relação mais afinada, pautada em seus ideais políticos. Ficou bastante nítido que Elaine e Diane tem uma relação de longa data, iniciada na faculdade, quando a segunda foi professora da primeira. Além disso, foi Elaine quem indicou Diane a Bud quando este necessitou nomear alguém para a Suprema Corte. Foi o discurso de Elaine que convenceu Diane, os ideias da ex-aluna fizeram a juíza permanecer firme em seu posto. Durante o episódio, aliás, várias foram as referências comparando as duas personagens, tendo como característica comum a visão política.

Eu, particularmente, acho esse enfoque sutil da minissérie ótimo. A política sempre foi e ainda é muito masculinizada, e ver mulheres, mesmo mulheres como Elaine, que se igualam aos homens em suas tramoias e sede pelo poder, no comando e cobiçando o comando, é muito interessante. Os meios de Elaine, assim como a maioria dos outros, não parecem ser os mais ortodoxos. Porém, o que me parece é que a Secretária de Estado tem realmente uma boa intenção. Ela não liga para sua família, nem para seus amigos e nem para tudo o que precisa fazer para chegar ao seu objetivo, o que é lastimável, mas Elaine tem um diferencial: quando e se chegar lá, mesmo que não tenha sido motivado pelos métodos mais adequados, ela fará por merecer seu posto. Ao menos é o que eu espero e anseio para ver nestes três episódios que nos restam.

Qual é o balanço que você tem dessa primeira metade da minissérie? Comente e me faça uma pessoa ainda mais feliz!

 


Micael Auler

Gaúcho que ama chimarrão e churrasco (tchê!) quase tanto quanto ama séries, filmes e livros. Para acompanhar, seja lá o que for, bebe: se não o chimarrão, café; ou então algo com um pouquinho de álcool.

Lajeado / RS

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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