Os primeiros minutos de Private Practice me mostraram o que a série tem de melhor: a Charlotte sendo a Charlotte (e sem correr atrás do Cooper) e a Addison meio atrapalhada, engraçadinha, mas sem se lamentar pela vida amorosa lamentável que tem. O fato de termos mais um episódio com a grávida em coma como caso principal – e de eu saber que teríamos a participação de uma das irmãs do Derek Shepherd no hospital – já me dizia que eu ia gostar do episódio.
Claro que eu poderia estar muito enganada, mas este não foi o caso. Já falando da “convidada especial”, Amelia Shepherd (Catherina Scorsone), ela me lembra muito (de rosto) a Mercy Wester pentelha que está apaixonadinha pelo Derek, o que me fez ficar com um pé atrás. Mas a personalidade das duas é totalmente diferente e a melhor frase do episódio saiu da boca dela – para a Addison:
– Você parece triste, Addison. E não deveria estar. Você deveria querer mais. Mais para você mesma.
Todo mundo já percebeu que a Addison mudou quando foi para Los Angeles e ela está fazendo um esforço tremendo para se ajustar à nova vida. Não somente ao Lucas e ao Pete, mas também aos novos colegas de trabalho. Vendo-a afastada das salas de cirurgias e acomodada na clínica, se preocupando mais com a vida amorosa mostrou o quanto ela está estagnada profissionalmente.
Ela reinava absoluta na área da ginecologia e isso é ótimo. Mas é sempre bom ter em mente que temos adversários, eles estão crescendo, tentando nos alcançar, e usarmos isso para nos motivar. Mais do que ser uma inimiga pelo amor do Sam, a Vanessa pode estimular muito a Addison como médica. Isso é algo que eu gosto de ver, a ruiva sempre está ótima no hospital.
Eu sou cria do Seattle Grace e achei muito normal a Amelia tentar um procedimento arriscado, tentando tirar a Kayla do coma. E, por causa disso, estranhei muito quando a Ginsberg a demitiu, sem pensar duas vezes. Se por um lado, eu entendo que ela desafiou a autoridade da médica; por outro, é sempre bom ter médicos ousados na equipe.
A Ginsberg, no entanto, tem aquela arrogância dos neurologistas, que já foi citada várias vezes em Grey’s Anatomy. Ver a Addison praticamente rolando os olhos quando foi cortada pela Ginsberg só me lembrava isso.
Sendo uma série da Shonda Rhimes, era de se esperar que as atitudes ousadas dessem certo no final. A cirurgia da Shepherd foi um sucesso, assim como a introdução da personagem ao círculo de médicos da Ocean Wellness.
Não temos como negar que a Charlotte também está mudando e o motivo dessa mudança é o Cooper. Daquela mulher fria, racional, calculista e sem coração que o William não quis para chefiar sua equipe para uma mulher que toma atitudes impulsivas por pena de um paciente. Um pouco irresponsável e até emotiva demais. A Charlotte desabafando com o Sheldon está sendo algo que funciona. Para mim, é o mesmo caso da Addison com o Sam: não gosto deles como casal, mesmo sendo algo passageiro, mas gosto deles como amigos.
A melhor parte da história da Charlotte com o Cooper neste episódio foi a palestra #fail sobre Aids na terceira idade. Eu achei bacana eles tocarem nesse assunto, as informações que eles passaram – mesmo que total desinteressantes para os velhinhos – são verdadeiras. Um bom serviço ao público.
A metáfora do velhinho com câncer de próstata ia ser ótima se tivesse acontecido há uns cinco episódios (ou mais, como na época em que o Cooper brigou com a Charlotte). Faz um bom tempo que o pediatra se sente “menos homem” quando está com ela e nem a gente e nem os personagens precisávamos de uma história para lembrar disso. Ficou com cara de tapa-buraco, daqueles mal feitos, embora eu tenha gostado do caso fora desse contexto.
Tivemos a Naomi indo atrás do William, talvez na única ação sensata que ela teve nesta temporada. E o Fife com remorsos por ter se declarado para ela. A cena mais divertida envolvendo o Fife foi a do bar, junto do Cooper e do Pete. Estou gostando de ver os homens nesse clima descontraído, falando bobagem para aliviar o estresse. E as mulheres deveriam fazer o mesmo!
Agora que as coisas entre a Addison e o Pete parecem estar indo bem (e a Addison aparentemente esqueceu que o Pete a confundiu quando estava febril), temos um pouco mais de drama na história. A Violet finalmente voltou das férias, fez cara de chocada ao ver o novo casal, e confesso que não senti falta dela. Gosto da personagem, mas tinha tanta coisa acontecendo…
