Minha primeira review dupla. Motivo: Não gostei muito do episódio 4×04 e não acho que ele valha muitos detalhes. Algumas cenas ficaram caricatas demais e eu não gosto desse tipo de humor. Porém, não é necessário entrar em pânico, pois o episódio seguinte foi, no mínimo, maravilhoso.
No episódio 4×04, Poppy é o maior destaque. Depois que descobriu ser filha de uma cafetina e morar junto a uma garota de programa, a jovem surtou de vez. É compreensível tal reação, pois ninguém gostaria de ter a mãe ligada a este “mercado”. Gostei do rumo que a personagem tomou e me pareceu bastante realista. Primeiro, questionando sua mãe, tentando entender a farsa que se sustentou por tantos anos. Depois, para piorar de vez a situação, se jogando na cama com o primeiro que apareceu? Lembro-me de uma frase que era mais ou menos assim: “Se o mundo é bordel, eu serei a prostituta”. Não lembro quem disse tal frase, mas penso que ilustra bem a situação de Poppy.
Curioso também foi ver Belle recriminando a mocinha. Obviamente que ela está correta, pois Poppy é jovem e não sabe nada da vida ainda. Porém, não dá pra não pensar que Belle soa hipócrita quando diz a alguém com quem deve ou não fazer sexo. Por falar em Belle, foi ela que mais me desapontou neste episódio, a começar pelo penteado estranhíssimo. Ficou péssimo e não valorizou seu rosto. Mas isso é o de menos. Quem dera fosse apenas a aparência.
Houve cenas um tanto caricatas, no pior sentido da palavra, principalmente aquelas fora do presídio em que Belle está ao celular. E não para por aí. Precisava mesmo mostrar a cena em que ela chega descabelada (!) depois de andar horas do presídio até em casa? Acho que não. É um tipo de piada bobinha, totalmente dispensável. O que salvou Belle neste episódio foi seu cliente (mais) estranho que gostava de ser tratado como um bebê. Ri muito quando ela virou para a câmera (ou diário) e disse “WTF!!!”. Acredito que todos tenham dito o mesmo quando viram aquele pai de família vestido igual a um garotinho de dois anos.
Porém, o que no início parecia besteira tomou uma proporção bem mais séria. Aquele cliente na verdade só precisava ser amparado, bem tratado. Como ele mesmo disse, são tantas preocupações no dia a dia que às vezes só precisamos que alguém cuide da gente. A diferença é que com ele a situação se intensifica um pouco mais. Muito mais. Tive um pouco de pena e aposto que soa deprimente para a maioria, porém, esta é a realidade de muitos. Por mais que estejam casados, namorando ou que tenham mil amigos, parecem sempre precisar do carinho que não lhe dispõem.
Para fechar o episódio, Belle vai para Nova York depois de brigar com Ben. Estas discussões já eram esperadas por todos nós. Impossível namorar uma call girl sem se estressar ou se irritar em algum momento. Sem falar que os casais têm sempre que se separar em algum momento. É a lei da TV. E com a viagem de Belle, Poppy tem a chance de tirar uma casquinha de Ben (ou de pelo menos tentar).
É a partir deste ponto que o episódio 4×05 começa.
Para começar, muito luxo, muito glamour e muito sucesso em Nova York. Belle saindo para fazer compras me lembrou “O Diabo Veste Prada”. Aquela cena na ponte era de verdade ou gravaram com fundo falso? Pergunto, pois duvido que a Billie Piper tenha viajado até os EUA para gravar. Anyway, Belle está em Nova York para dar tratamento ao seu filme (caso viesse a assinar contrato). Lá, ela conhece DK, a atriz que faria seu papel nas telonas. Logo de cara percebemos que a escolha foi muito mal feita (a atriz parece uma versão Paris Hilton oficialmente vadia). O suposto diretor é um imbecil metido a excêntrico. Ele e sua discípula formam uma dupla que não entende nada de cinema ou de atuação. A idéia de produzir um filme começa a não soar mais como uma idéia promissora. Uma pena.
O que gostei mais neste episódio foi a maneira como DK e Leon representaram, indiretamente, o público que não conhece a história de Belle. Já ouviram falar em metalinguagem? A impressão que eu tive é que esta trama é pura metalinguagem de Secret Diary. Convenhamos: Quem não conhece bem a série logo pensa que é uma história quase pornô. Afinal, o que mais se pode esperar de uma produção que tem como protagonista uma prostituta?
Para acabar de vez com a má impressão, Belle deixa bem claro a DK e Leon que, apesar de sua profissão questionável, em momento algum ela chega a ser vulgar, nojenta ou suja. E nós que acompanhamos Secret Diary sabemos que isso é verdade. Belle é sofisticada, sutil, bem humorada, muito bem escrita e interpretada. Transformar sua vida em um filme de vulgar de 5ª categoria seria um grande erro. Um desperdício de roteiro.
Quero destacar duas cenas deste episódio. Aquela do workshop, onde atriz e diretor se empolgam tanto com a idéia do filme que começam a fazer sexo na frente de Belle (uma loucura!); E aquela mais próxima do final, quando Belle diz poucas e boas aos dois e vai embora, de volta para a Inglaterra. Pelo visto, não será desta vez que veremos Belle no cinema.
Enquanto Belle via sua imagem ser desfigurada em Nova York, Poppy tentava a todo custo ficar com Ben. Eu bem que já tinha dito que logo isso aconteceria. Por hora, Ben não deu corda para a garotinha, mas com o tempo tudo pode mudar. Agora que Poppy está pouco se lixando para os outros, ficar com o namorado daquela que lhe deu abrigo é o de menos. Com Belle cada vez mais afastada é muito mais fácil rolar um affair entre os dois. Nos próximos três e últimos episódios veremos o desenrolar.
Perceberam que faltam apenas 60 minutos de série? Claro que dá um aperto no peito saber que vai acabar, mas fico tranqüilo por Secret Diary terminar em um bom momento. É muito melhor terminar dar adeus quando se está no topo, demonstrando muita criatividade e qualidade nos episódios. Desta forma, sentiremos muito mais saudades.
