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Shameless – 1×03 Aunt Ginger

Por: em 28 de janeiro de 2011

Shameless – 1×03 Aunt Ginger

Por: em

Apesar de não ter gostado tanto como os dois anteriores, Aunt Ginger continua me deixando com a maior vontade de viver com os Gallagher, ainda mais se falsa tia Ginger morar junto!!

Depois de fechar o player fiquei pensando o que me incomodou nesse episódio, pois o episódio em nenhum momento foi ruim. A trilha sonora fenomenal estava lá; a bela fotografia também; os excelentes atores dando tudo de si continuaram, então o que seria? O fato é que qualquer bom drama, ou dramédia precisa de um fio condutor em cada temporada e Shameless ainda não desenhou bem as linhas do que seria o “problema” principal da série. Não me entendam mal, eu já estou apaixonado por apenas três episódios, mas toda série que se preze precisa de algum plot que leve a temporada. Aunt Ginger pareceu um tanto quanto “caso da semana” e Shameless é muito mais que isso. Acompanhar as aventuras dos Gallagher e o vai e vem de Fiona e Steve não são tramas potentes para criar um arco de uma temporada, não que sejam ruins, porque não são, mas toda boa série precisa disso. Posso estar exigindo demais, afinal estamos no terceiro episódio, mas a maioria costuma apresentar logo no piloto o arco que sustentará a série no decorrer da temporada. No entanto, confio no trabalho que estão fazendo e acredito que só tende a melhorar. Não sei se foi coincidência ou não o fato de algo ter me incomodado justamente no primeiro episódio que difere da versão original. Espero que realmente seja, pois a série precisa e deve criar uma identidade própria.

Tirando essa parte do fio condutor, todos os elementos que nos fazem amar Shameless estiveram presentes em Aunt Ginger. A busca pela dona da casa foi mais do que divertida. O ex-motorista de ônibus/atual mendigo vestido de mulher foi motivo de gargalhadas boa parte do episódio. Mais ainda foi ver os flashes da verdadeira tia Ginger morrendo de overdose. H. Macy continua o seu ótimo trabalho como Frank. O cara é tão cínico e a cada cena fico mais abismado com o seu comportamento. Nunca esteve nem aí para seus filhos e apenas para provocar Lip fingiu se importar com Karen? Preferiu o gastar dinheiro da sofrida Sheila em bebida e roubar comida da própria casa; e o pior…enterrou a tia no quintal da casa e vem descontando seus cheques há anos!! Pelo menos mostrou um pouco de compaixão com a atual namorada no final do episódio. Mas por mais traste que seja, não tem como não desejar Frank em quase todas as cenas do episódio, porque seu cinismo vai longe e temos muitas coisas inacreditáveis ainda para ver.

Quanto a Karen, a personagem apareceu um pouco mais e pelo que vimos, seu relacionamento com Lip é bem aberto, podendo ela ficar com outros e o garoto nem se importa. Gostei de ver o quanto ela cuida da mãe, sem forçá-la a nada. Joan Cusack continua mandando muito bem. A cena em que presenciamos uma crise de pânico da personagem me deixou pensando por muito tempo. Nos primeiros segundos da cena com as caretas de Cusack, minha reação foi rir, mas logo minha expressão se transformou em tristeza, pois acreditem quando eu digo que sei bem como é ter uma crise dessas. Não foi nada forçado, Cusack interpretou brilhantemente a falta de reação quando a crise começa, o pânico no olhar, a sensação de estar indefesa e pior, ter noção de mais uma vez ter tentado e falhado. Há muito tempo queria ver uma série mostrando algo relacionado a essas doenças e mesmo Shameless tendo seus vários momentos hilários, a veracidade com que trabalharam a questão merece ser comentada.

O show do episódio foi mesmo a história do Ian. Facilmente um dos meus personagens preferidos. Seu relacionamento com o irmão Lip é fantástico e meu deu muita vontade de estar lá no quarto deles no final do episódio. Aquele beliche do Lip cheio de colagens e coisas interessantes é muito legal. Sabia que para resolver o problema Ian teria que contar que é gay. A garota Mandy consegue ficar com qualquer um, todos a querem e quando um garoto não se interessa por ela deve ser um grande choque. Claro, não invalida o fato de que ela não precisava ter mandado os irmãos baterem nele e até picharem IAN GALLAGHER IS A DEAD MAN em uma parede (pela qual Frank passou e nem notou, e se notasse não faria diferença). Mas no final do dia, Ian ganhou uma amiga e quero ver Mandy mais vezes. Cameron Monaghan faz um trabalho muito interessante como o adolescente por vezes inseguro, por vezes certo do que quer. Tivemos mais de sua relação com Kash e só problemas esperam os dois. Apenas Lip e Mandy sabem, mas quando a esposa de Kash e todos os Gallagher ficarem sabendo, as coisas vão esquentar.

O foco do episódio ficou com tia Ginger. A falsa, claro. A falta de ética no trabalho de Veronica é incrível, mas isso não diminui a personagem. Roubaram a senhora com Alzheimer, (cuja família deu falta como vimos no final) e a levaram para casa. Foi muito, mas muito divertido acompanhar aquela senhora vivendo com os Gallagher. Debbie em especial teve a chance de viver uma vida um tanto quanto normal, com uma vó que também fazia o papel de mãe, dormindo com ela, cozinhando para todos, contando histórias (mesmo que pornográficas as vezes). Não teve como não desejar que falsa Ginger continuasse na casa por mais episódios. Mesmo nos Gallagher, aposto que a senhora teve um dos momentos mais felizes de sua vida atual, tendo companhia que a apreciasse, mesmo que alguns pelos motivos errados. Não imagino o que a falta dessas coisas ocasionará na vida de Debbie e nos problemas emocionais que a garota pode vir a adquirir, mas uma coisa é fato, não teve quem não se emocionasse com o choro desesperado de Debbie quando deixaram a falsa tia Ginger no asilo novamente.

Steve e Fiona enfim voltaram. Era óbvio que isso aconteceria. Tony pode ser o cara mais gente boa do mundo, mas é isso mesmo que Fiona não quer. Sua vida já é “estragada” o suficiente, para que poder levar todos esses problemas para Tony e correr o risco de estragar a do cara? Fiona já não sabe enfrentar o normal, assim como nenhuma daquelas crianças. Suas vidas são bagunçadas assim e eles vivem muito bem, obrigado. Steve foi persistente e como já comentei, não vejo o que ele pode querer para se aproveitar da família, por isso acredito mesmo que sua paixão é sincera. É só a gente parar e pensar…quem consegue fazer parte da família sem parecer um jogo dos sete erros, Steve ou Tony? A resposta é fácil…quem tem pouco para perder. Não que isso seja ruim, do contrário, escolhendo Steve, Fiona está apenas protegendo Tony.

Além disso conhecemos mais do destruidor Carl. Aquele garoto realmente não bate bem da cabeça. Vai de  bastão para a escola e adora derreter seus brinquedos. A raiva de Kev pela família pegar tudo emprestado também é divertida demais. Não parece forçado. Toda essa bagunça soa natural demais quando a gente vai conhecendo mais dos personagens e de suas histórias. Também podemos comemorar a audiência. Mesmo caindo de 1,3 para 0,81 milhões no segundo episódio, Aunt Ginger marcou 0,90, o que significa que está mantendo e são ótimos índices para o Showtime. Renovação a vista?

P.S.1: Why is it so cold in here?

P.S.2: Kev: No! Yo, Destructo, that’s my toaster! Carl: I’m trying to make melted man. Kev: Yeah, well, use a blowtorch like a normal kid.

P.S.3: Four bars. Thank you, Beaver327.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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