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Shameless – 2×07 A Bottle of Jean Nate

Por: em 23 de fevereiro de 2012

Shameless – 2×07 A Bottle of Jean Nate

Por: em

Apesar de ser um bom episódio, A Bottle of Jean Nate me passou a sensação de desconstrução, não só de tramas, mas dos personagens como eles nos foram apresentados.

Não sei se esse retrocesso foi visualizado apenas por mim, mas os personagens pareceram completamente diferentes do que nos acostumamos. Pode ser que seja apenas por influência das tramas – e em alguns casos realmente foi – mas nos outros… Comecemos por Fiona. Como fomos apresentados a ela? Como uma leoa, capaz de tudo para defender seus irmãos e mantê-los na linha, apesar de todos os problemas que eles enfrentam no caminho. Fiona sempre manteve a mesma postura, seja quando lutou por eles quando Monica voltou, quando Liam despareceu, ou quando qualquer um dos outros teve problemas. Agora grammy Peggy monta um laboratório de metanfetamina no estilo Weeds encontra Breaking Bad, colocando a vida de Carl diretamente em perigo e ela BRINCA sobre o assunto? Tudo bem, ela ficou “preocupada” e quis dar um jeito para a avó sair de casa, mas não deu bronca em Carl, nem conversou com Peggy e depois ainda fez piada sobre a casa cheirar a droga. Sério? Essa é a mesma Fiona leoa do começo da série? Pareceu mais um gato assustado e manso. “Ah, mas Caio, ela está cheia de problemas”. E quando Monica ameaçou levar Liam embora, ela tinha ainda mais problemas e foi uma leoa com todas as letras. Isso foi mera tentativa de comédia – porque Shameless é uma mistura, uma dramédia – ou eles realmente pensaram que os fãs não iriam notar essa desconstrução?

Alguns reclamaram sobre Fiona e Frank formarem uma dupla contra Peggy. Aí eu não acho que seja um retrocesso, e sim evolução. Fiona já sabe como o pai é, e que ele não vai mudar. Ela apenas aceita a realidade e juntou a fome com a vontade de comer, sabendo que ele é bom para arrumar confusão. Achei até interessante criarem essa relação mais íntima entre ela e o pai, começando no final do episódio anterior. Isso pode criar novos laços e até, quem sabe, aproximar Frank mais a família, mesmo que seja nesses casos, pois esse é o Frank, e ele não vai mudar. O comportamento dela com o caso do laboratório de metanfetamina entra em contraste com Lip. Ele decidiu largar o ensino médio para cuidar de Karen e do bebê que está para nascer, e Fiona claramente não gostou da ideia, e irá lutar para que Lip não perca a chance de se formar, apesar de toda inteligência. Mas Carl poderia ter morrido, assim como já aconteceu com os trabalhos ilegais de Peggy, e Fiona sequer pirou. Claro, existem dois lados dessa moeda. Enquanto Peggy levou Carl para o caminho errado e Fiona não fez nada; a irmã tentou arrumar a confusão de Lip e Ian e não conseguiu, sendo que a avó deu um jeito. Com o conselho de Peggy, Lip e Ian se enfrentaram e voltaram as boas. Foi uma cena sensacional, e ao mesmo tempo triste. Assistir dois irmãos batendo um no outro não é fácil, mas Lip e Ian colocaram toda a raiva e frustração para fora e colocaram um ponto final na história. Cada um deles precisa cuidar dos próprios problemas, e sendo bons irmãos, podem se ajudar, sem precisar ofender.

Enquanto isso descobrimos que grammy está com câncer pancreático em estágio avançado, o que me deixa pensando que todo esse dinheiro que ela quer fazer, serve para deixar um pé-de-meia para os netos, talvez, visto que ela não usará o dinheiro por muito tempo. E apesar de todos os erros da avó, confesso que ri muito com Frank cuidando dela, dando banho; passando talco; penteando o cabelo. Ele não consegue dizer não para a mãe, o que mostra, além de medo, uma certa carência. Ele podia muito bem largar tudo e ir ficar em outro lugar, mas ele faz tudo pela mãe. Uma espécie de psicologia reversa: quanto mais ela lhe trata mal, mais Frank continua fazendo o que Peggy quer. E querendo ou não, gostei do tempo que ela e Carl passaram fazendo compras, por exemplo, apesar de estragar esses momentos colocando a vida do neto em perigo.

Voltando um pouco para Fiona, tirando os meus comentários acima, Emmy Rossum está cada episódio mais incrível. Não entendo como ela acabou sendo esnobada nas premiações, sendo que sua atuação foi – e vem – melhorando cena após cena. Ela está bem perdida quanto a Steve, mas tive alguns problemas com essa história. Ok, ela esnobou o ex-namorado a maior parte do tempo, mas não se preocupou em entender mais a mentira de Steve ou tentar conhecer a família do cara, pois Fiona sempre pareceu disposta a ir longe para conseguir o que quer. Obviamente ela ainda ama o seu “damage goods”, mas ele não faz nada para mudar. Para piorar tivemos ainda o possível desfecho – e eu espero que assim seja – de Jasmine. Ninguém aqui gosta dela, certo? E seus motivos para com Fiona ficaram claros agora. Ela ama a amiga, algo que senti desde a primeira vez em que as duas se conheceram. Mas o mais incrível foi ela jogar todas aquelas histórias na cara de Fiona, sendo que a mesma não pediu por nenhuma daquelas “ajudas”. Fiona precisa de tempo, e lá foi a loira metida chamar Steve para a festa. Era óbvio que ele levaria a brasileira Estefânia – que passou o dia bebendo e sendo bulinada – e que Fiona não gostaria disso.

Mas essa festa acabou sendo importante para o futuro de Fiona. Jasmine se revelou e depois pediu arrego quando suas mentiras foram descobertas. Fiquei imensamente feliz em ver Fiona não deixando a “amiga” ficar na casa. No fim das contas, nós e V estávamos certos: Jasmine não era boa coisa. O problema é que ela é bem louquinha, e quem sabe volte para arranjar mais confusão, pois também sabe de alguns podres de Fiona e do modo de vida dos Gallagher. Outro ponto importante, que resultou em uma das cenas mais bonitas da série, foi Fiona rejeitando Steve enquanto Estefânia implorava para ir embora – mais uma vez em um português corretíssimo, como comentei semana passada -. A interpretação de Emmy Rossum nessa cena fala por si só, e nos deixa confusos sobre o que é considerado excelente em premiações.

A trama de Lip não parou só com Ian, mas continuou com a história da gravidez de Karen. Sinceramente? Eu sei que Karen é confusa, que tem sim problemas de relacionamentos, quem sabe até algum bloqueio psicológico similar ao dos Gallagher – o de escolher os menos merecedores. Jody, até então a perfeição para ser o pai, acabou sendo o oposto do que Karen quer, e nós já sabíamos disso. O estranho é que tudo durou apenas um episódio. Ela se casou semana passada, e agora já mandou Jody embora. Convenhamos, o cara é realmente estranho, mas faria um excelente pai para o bebê. Criança essa que nem sei se Karen vai querer ter após ouvir todas aquelas histórias dos amigos do Jody e perceber a vida que ela terá cuidando de uma criança, ainda mais sendo tão nova. Essa possibilidade me quebra o coração, pois agora Lip está com vontade de fazer o certo, e tentar fugir ao máximo da sina que é ser algo parecido com seu pai. O problema é que ao desistir da escola ele acaba deixando várias possiblidades para trás, e como vimos, Fiona não aceitará essa ideia tão facilmente. Toda essa conclusão só nos prova como Karen é instável, e que o papo de “tentar uma vida diferente” era algo que simplesmente passou pela cabeça, mas já foi embora. Tenho que concordar com Ian nessa, pois acho que a loira não fará bem para Lip.

Terminamos as tramas do episódio com uma mistura de frustração e alegria. Já concordamos que Kev e V estão recebendo um ótimo material e tendo muito mais tempo em cena do que na 1ª temporada, mas fazê-los não lutar por Ethel foi demais. Ok, a polícia está investigando, mas o que nos mostraram do casal ultimamente é que Kev e V são excelentes pais, e a ideia de Kev simplesmente ficar parado, enquanto V compensava tristeza com frieza, foi algo que não imaginei que os roteiristas fariam. Então foi mesmo o fim de Ethel na série, enquanto Kev e V resolveram não ir atrás da filha que eles aprenderam a amar, pois foi a escolha dela. Mesmo achando extremamente frustrante, entendo o motivo da desistência: o surgimento de uma trama excelente para o casal: Kev e V querem um filho gerado por eles!! Eles provaram que são ótimos pais, e que apesar do modo de vida não convencional, estão longe de deixar um filho ser criado sozinho, como Frank. Também adorei ver Shanola Hampton tendo um momento dramático quando disse amar Ethel e caiu no choro. Achei que a atriz podia mais, mas foi bom de qualquer forma. E claro, todas as cenas com Ethel number 2, que acabou ficando com Stan, a quem Kev finalmente percebeu que não podia mais viver sozinho.

Apesar desses meus pequenos problemas, Shameless continua sendo – facilmente – a série que mais tenho prazer de assistir. Só espero que levem mais a sério o modo que tratam os personagens, pois apesar de ter comédia, não significa que nós fãs não a levemos a sério. A audiência continua excelente e os spoilers só nos deixam ansiosos para os próximos episódios. Para quem viu o preview de 2×08, sabe que teremos um episódio focado em Ian e Mickey, que é algo que nós fãs estávamos esperando. Não se preocupem, eu ainda amo Shameless, e muito!!


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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