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Shameless – 2×08 Parenthood

Por: em 13 de março de 2012

Shameless – 2×08 Parenthood

Por: em

Antes de mais nada, um pedido de desculpas aos fãs da série. Correria na vida profissional tem me deixado bastante ocupado, sem tempo para assistir e escrever. Porém, prometo compensar e deixar a série em dia logo logo. Indo ao que interessa, Shameless apresenta um episódio redondinho, excepcional, cheio de drama, reviravoltas e cliffhanger de deixar qualquer um de boca aberta. Parenthood aprofundou personagens, inverteu gostos e nos entregou mais um excelente episódio da série.

Comecemos pela morte de grammy Peggy. Era algo esperado após descobrirmos que ela estava com estágio avançado de câncer pancreático. Mas somente essa “simples” ação despertou instintos interessantes em diversos personagens. Frank viveu um turbilhão de emoções desde a chegada da mãe, e sua morte vai perpetuar novas e interessantes ondas de confusões para o patriarca dos Gallagher. Quanto mais Peggy humilhava o filho, mais ele dependia da mãe. O estrago…o verdadeiro daddy issue – nesse caso mommy issue – reside em Peggy e Frank. O transtorno psicológico que ela causou na vida do garoto é tão grande que dá para sentir pena de Frank. Quando ele comenta sobre os socos que levava da mãe, ao mesmo tempo que reclama da dor, ele sente falta das agressões. Enquanto quer vê-la morta, deseja que Peggy continue muito tempo viva, mesmo que seja para maltratá-lo. O misto de alegria e choro é visível, e os sentimentos são conflitantes o tempo todo. Como poderíamos querer que ele criasse os filhos de forma diferente após conhecermos esse passado? Ok, outro de seus irmãos – o pai de Ian – parece ter uma vida bem correta e normal, mas Frank deve ter sido o que Peggy escolheu para sofrer.

Não é de se surpreender que ele correu atrás de Monica. A rainha das confusões vai dar as caras na casa dos Gallagher e eu não poderia estar mais feliz. Foi devido a sua entrada na 1ª temporada, que a trama finalmente decolou, provando que Shameless consegue fazer drama de primeira. Ainda sobre Peggy, preciso comentar sobre a atuação fenomenal de Louise Fletcher. Nesses poucos episódios, essa simpática senhora – vencedora do Oscar de melhor atriz de 1976 pelo filme Um Estranho no Ninho – fez mais do que muita gente a temporada inteira. Em seu episódio de despedida, Fletcher mostrou a dor de uma mulher com câncer que deseja que sua vida termine logo; um certo arrependimento por ter sido uma mãe terrível; e compaixão com quem a ajudou, como Sheila e Jody. No momento que Peggy diz “adeus Sheila”, meus olhos lacrimejaram, apesar de todos os podres encontrados em uma só pessoa.

No fim das contas, toda essa história criou o que há de melhor de Joan Cusack. Opções de emmy tape são o que não faltam para essa excelente atriz que só provou o quanto ela consegue fazer parte da série mesmo que sua trama não bata com outros personagens mais importantes. A interação entre Sheila e Jody foi outro ponto alto. Se ele havia parecido estranho para nós, foi apenas porque enxergamos tudo pelos olhos de Karen. Jody é um cara do bem – que conhece traficantes – mas que cuida das pessoas. A forma como ele se preocupou com Peggy foi tocante, e visivelmente sem segundas intenções. Ele simplesmente queria ajudar. Agora Sheila se superou. Quando percebeu a dor de Peggy, resolveu ajudar a senhora e as duas ficaram amigas, parceiras de um mesmo crime: como cuidar dos seus filhos sem transformá-los em monstros. Cada qual com seu esquema, as duas viraram confidentes ao ponto de Sheila ajudar a acabar com a dor de Peggy. Sabemos que essa ação se encaixa muito bem ao psicológico de Sheila, e só espero que ela não encontre problemas pela morte de grammy. Toda essa carga dramática foi feita com muito humor pelos roteiristas, que sempre encontram uma forma perfeita de balancear.

Frank quase encontrou seu fim. Claro, sabíamos que isso não iria acontecer, mas o desfecho dessa história me deixou bastante desapontado. A ideia de Frank descobrir a homossexualidade do não-filho Ian era algo que poderia gerar muita coisa boa, mas foi transformado em uma história com um final totalmente infeliz. A chance de Frank abrir a boca é alta. Mas ele não abriria a boca para falar mal do filho ou tirar sarro. Ele falaria como se fosse algo comum, enquanto bêbado, conversando com o pessoal no Alibi. Porém, o medo de Mickey foi tão grande que ele acabou com sua vida novamente. Ok, Noel Fisher esteve ótimo no personagem, com o desespero estampado na cara. Mais bonito ainda foi na hora que ele deveria atirar em Frank, mas não teve coragem. Para mim foi claramente em amor a Ian, que não queria ver o pai morto. Apesar de falar todas aquelas besteiras da boca para fora – que mesmo assim foram doídas – Mickey ama Ian e não teve coragem de machucá-lo. Porém, o medo de ser descoberto gay foi tão grande que ele preferiu voltar para a cadeia, violando sua condicional. Agora Ian deve voltar ao segundo plano, sendo que nem trama boa ele tem. Isso foi a única coisa decepcionante nesse episódio.

Já o irmão Lip continua sua descida ao fundo do poço, enquanto Jeremy Allen White comprova a cada episódio o excelente ator que é. O que foi Karen? Passei o episódio inteiro desprezando a personagem, que – se até agora tinha alguma simpatia – perdeu tudo o que havia de bom. O bebê é apenas um lucro para ela que está atrás do maior lance, praticamente colocando o filho em um leilão. A expressão das pessoas, e até mesmo de Lip, juntavam-se as nossas enquanto assistíamos o desprezo de Karen pela vida que carrega. Sei que ela nunca foi flor que se cheire, mas dessa vez ultrapassou todo e qualquer limite. E quando Lip tenta falar alguma coisa, ela ainda brinca que poderia transformar isso em uma forma de lucros, gerando outros filhos para adoção. Com todas essas novas informações, Lip pirou, foi expulso da escola e da própria casa. A cena em que ele e a irmã Fiona se enfrentam marcou um dos melhores momentos da série. Emmy Rossum novamente se consolidando como uma estrela a ser reconhecida pelas premiações, mostrando sua Fiona leoa, feroz e capaz de tudo para salvar um irmão.

A ideia dela terminar o ensino médio é interessante, mas só acrescenta mais problemas na vida dela. Espero que Fiona não desista, mesmo Lip saindo de casa. Até porque, assim ela prova pra ele que também consegue. O futuro brilhante que Lip tem, foi jogado fora, e tudo isso diante dos olhos de todos. O problema é que Lip não tem nenhum apoio familiar concreto, ou pelo menos bem construído, com bases sólidas e educativas. São apenas conselhos de familiares que não sabem melhor do que ele. E ai ele se perde totalmente, sem ter para onde correr, mesmo que outros tentem ajudar, como o tal professor, ou até mesmo Kev – que novamente agiu como um paizão, dando um conselho ótimo, que apenas entrou por um ouvido e saiu pelo outro. O problema de Lip é o amor. É Karen, e todo o mal que ela faz para ele, por ser quem ela é. Tão inteligente para tudo, mas tão bobinho quanto a paixão. Como qualquer um de nós.

No mais tivemos Estefânia falando português, dizendo que Liam é filho do crack; reclamando da bagunça dos Gallagher; e desejando voltar para o Brasil. Apesar de tudo foi legal ela tirando com a cara dos americanos. Steve…bom…Steve é ele mesmo e continua correndo atrás de Fiona – que apesar de saber dos problemas que ele representa – praticamente disse que volta com ele se ele se divorciar de Estefânia. Ou seja, ela não está pensando muito bem quando o assunto é ela, sendo que nem se importou mais sobre a família dele e com o que Steve está lidando agora. A trama de ser treinador de Carl não rendeu nada até agora, a não ser ótimos momentos do pequeno destruidor, que ficou com o coração partido ao ver o irmão sair de casa.

Com Parenthood, Shameless marcou a maior audiência de sua curta vida, cravando 1.60 milhão de telespectadores. Essa semana nos vemos ainda mais cedo com a review do episódio 2×09 e o retorno do furacão Monica. Até lá!!


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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