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Shameless – 2×09 Hurricane Monica

Por: em 19 de março de 2012

Shameless – 2×09 Hurricane Monica

Por: em

UAU!! Desde que engrenou em seu 4º episódio, Shameless vem apresentando uma temporada sensacional. Semana passada comentei como uma única personagem consegue agitar a série, e tivemos a prova concreta: Monica é um furacão que em sua segunda passagem destruiu os alicerces dos filhos. Que episódio!

Episódio esse que – como o nome e o parágrafo acima mostram – marca o retorno de Chloe Webb como Monica, a mãe de todos os Gallagher. Shameless já havia provado ser material de primeira em seu episódio piloto, mas foi quando Monica apareceu em 1×09 que a série provou como sabe fazer drama de qualidade. E esse retorno mais do que aguardado superou todas as expectativas em um episódio sensacional que tratou basicamente do que a série faz de melhor: explorar o transtorno psicológico do desenvolvimento de cada um desses personagens em uma vida tão disfuncional. E Chloe Webb fez tudo com maestria enquanto Monica tenta voltar as graças com cada um de seus filhos. Mas antes de comentar de cada um, vamos falar da matriarca. Bipolar!! Monica tem transtorno bipolar, uma doença séria, que precisa de tratamento adequado, ou pode acabar inclusive em suicídio dependendo da densidade da fase depressiva. E Monica faz tudo errado: parou com os remédios; bebe; fuma; se droga. Por enquanto tudo está maravilhoso, já que ela está – claramente – na fase agitada do transtorno, em que a ansiedade transforma tudo em correria. Mas o que será dos Gallagher quando a depressão atingir Monica?

Mas o sensacional – que me deixa de boca aberta – é como o roteiro e as interpretações mostram o quão ingênuos são os filhos na presença de Monica. Todo esse trabalho do lado psicológico dos personagens é feito na medida certa, sem exageros, o que torna tudo mais crível, nos deixando sem possibilidade de julgar. Pois é só pararmos para pensar: faríamos diferente em tal situação? Seu pai é um traste que deixa bem claro não se importar com você. Sua mãe sofre de um transtorno sério que leva na brincadeira, mas se importa muito com você quando está na fase boa. Porém, ela lhe abandona em um lapso e você é forçado a crescer sem uma base sólida de educação, respeito, e principalmente, amor materno e paterno. Mas aqueles raros e curtos momentos de afeição sincera ficam presos em sua mente – que já é completamente abalada pela falta de algo. Quando essa mãe reaparece e oferece os braços…você os aceita. Realidade mais do que comprovada, a criação que Fiona e os irmãos tiveram foi recheada de coisas boas: eles sabem se virar sozinhos e dão um jeito quando a coisa aperta. Mas essa mesma criação cria um espaço frio e escuro, que é o lado emocional. Sem iluminação, anda-se as cegas e não se aprende. Disso nós já vimos o suficiente para saber que em Shameless, todos pecam no emocional.

Monica é esse espaço frio e escuro. Quando ela aparece, dá aquela sensação de que tudo irá melhorar. Passa a sensação de liberdade, maternidade, confiança…tudo isso mesmo que o passado com ela tenha sido 90% decepcionante. A criação disfuncional levou cada um dos Gallagher a perder a razão e agir com o sentimento vazio, afinal, a mãe está oferecendo amor…um tipo de amor que eles nunca sentiram. O tombo vai ser doído quando a ilusão acabar? Vai. Mas podemos julgar e dizer que eles estão errados? Atire a primeira pedra quem não faria o mesmo. E vocês se assustam que Fiona caiu nessa também? Ela é a mais danificada de Shameless. Ela é a mais velha, que foi forçada a ser mãe e pai, ter responsabilidades na adolescência que muitos adultos nem encontraram ainda. Tudo isso sem pedir; sem receber um muito obrigado. Fiona é uma leoa e tem força, mas ninguém e nenhum sentimento conseguem apagar o vazio materno. Ela resistiu e tentou aconselhar os irmãos. Mas com uma certa liberdade de todas as responsabilidades e Monica agradecendo e mostrando que quer amá-la, Fiona se derreteu. E nem é correto dizer que Monica está armando um plano, pois ela sofre de um transtorno sem se tratar. Ela não pensa, e nem faz isso de propósito. Mas como Frank, dinheiro e outras coisas acabam sempre vindo primeiro.

E quebrando os alicerces de Fiona, Monica quebra o de todos os outros. A mãe sempre ausente estava ali conversando sobre Steve, sendo super legal e massageando o ego da filha mais velha; enquanto tirava muito peso das costas de Fiona ao cuidar de Liam, Debbie e Carl. A chance da família junta, de uma mãe amiga, aliado a tudo que comentei nos parágrafos acima, fizeram Fiona perder a razão. E se nem ela é capaz de controlar seus sentimentos, imagina os menores. Ian foi uma isca ainda mais rápida. Se por um momento tentou parecer mais durão, foi pego pelos braços carinhosos de uma mãe que nunca teve, mas sempre quis. E uma mãe que o aceita gay e o abraça pelo namorado estar preso. A mesma mãe que o leva para sair, e tenta-o fazer rir. Tem como julgar? O bom disso tudo é que essa história deu espaço para Ian mesmo sem Mickey na jogada. E pelo final do episódio, teremos mais do ruivo por diversos fatores. Um porque Mandy está grávida e teoricamente ele é o namorado – mas claro que deve ser do Lip, pois os dois tiveram uma noite nos episódios anteriores. Segundo, porque Frank deve ir atrás dos irmãos pela grana da mãe, e sabemos que um deles é o pai de Ian. E sabe o pior disso tudo? É que os momentos íntimos entre Monica e os filhos são realmente bonitos.

Debbie e Carl são presas fáceis, pois são crianças totalmente dependentes. Debbie foi mais relutante; e até mesmo Carl ficou assustado no primeiro momento, mas os dois acabaram recebendo a mãe, e assim, ganhando a mãe que eles acham que ficará. Tivemos uma rápida trama de Debbie com problemas sobre morte quando um senhor do asilo morreu. Será que teremos alguma recaída agora que grammy Peggy faleceu? Pois a ruivinha ficou claramente abatida, querendo ver a avó a todo custo. A morte de Peggy atingiu Frank em cheio. Apesar de se fazer de forte e só pensar no dinheiro, uma das cenas finais é o patriarca caindo no choro e desespero ao pensar que a mãe não voltará – mesmo tendo literalmente fumado a mãe mais tarde. Monica e Peggy trataram os filhos de forma diferente, mas o estrago é o mesmo. Por isso toda essa história de Peggy foi extremamente válida antes da chegada de Monica. Claramente Frank ainda não desistiu do dinheiro e deve ir atrás do irmão gêmeo ou do pai de Ian tentar receber sua parte, o que nos promete ótimos momentos.

Lip continua provando que a temporada é de Jeremy Allen White. O personagem está recebendo os melhores momentos da série, em uma trama muito bem escrita e dirigida. Apesar de ser o único não afetado pela volta da mãe, o lado emocional continua falando alto. Percebam quando ele briga com Karen sobre pagar aluguel. Ela o usa como um bonequinho quando fala de levar Frank com ela. Ao ouvir isso, Lip tira a jaqueta e volta atrás, pedindo perdão pelas coisas ditas e querendo ir visitar os pais que ficarão com o bebê. Nojo mesmo é Karen, que se mostra cada episódio uma garota inútil e podre – um câncer, como Ian bem comentou. E pensar agora que o falecido Eddie estava certo sobre a filha. Créditos para Laura Slade Wiggins, fazendo um ótimo trabalho ao levar sua personagem ser odiada. Karen é egoísta e só pensa em dinheiro, provado quando foi atrás de um cara para pegar dinheiro. Vou rir muito se o bebê acabar nascendo negro, pois livrará Lip e Karen nem conseguirá adotar.

Todos continuam dizendo para Lip voltar para o colégio. O professor que já havia previsto esse presente; Kev e V; Steve, e claro, toda a família. Um futuro brilhante jogado no lixo, e agora por pura birra e amor irracional. Quanto mais Karen o trata como seu fantoche, mais ele a ama. Mesmo ela tendo coragem de perguntar para os pais de seu futuro bebê sobre seus carros. Enfim, Lip deve voltar para a casa logo, pois é o desejo de Fiona, e acredito que Steve vai realizar. Ele mesmo disse que irá se matricular em maio. Porém, Steve pode destruir tudo já que está metido em algo ilegal, e Lip está junto nessa. Ele é o único do elenco regular que não consegue chamar atenção, enquanto sua melhor cena nesse episódio foi ter citado Friday Night Lights. Estefânia deve virar passado, agora que o marido descobriu que ela ama outro aqui no Brasil. Espero que a relação entre Kev e Lip volte ao normal, pois eles se davam muito bem. Não sei dizer se V fez certo ou não, mas ela está do lado da amiga e quer que Lip volte a estudar também. E agora com dois possíveis bebês, o futuro de Lip está ainda mais complicado.

O único plot mais afastado dos outros em termos de profundidade foi o de Sheila e Jody, mas que não deixou de ser fascinantemente engraçado. Enquanto Frank tentava pegar o dinheiro da mãe, Sheila e Jody achavam que os barulhos eram do espírito de Eddie. Com isso tivemos as hilárias cenas de Sheila com o aspirador; e suas lembranças em frente ao padre. Mas o mais legal foi ver que Sheila finalmente encontrou sua cara metade. Sabemos que ela adora diversão na cama, e o que seria melhor do que um viciado em sexo? Pensando bem, Jody e Sheila são o casal que mais faz sentido em Shameless, e fico feliz por manterem os dois na série mais tempo, visto que Sheila planeja transformar sua casa em uma espécie de hospício, onde ela e Jody podem cuidar de pessoas. Nem preciso comentar sobre Joan Cusack, não é?

E assim, temos apenas mais três episódios de Shameless até a 3ª temporada estrear no ano que vem. Pelo promo no final desse episódio, muitas coisas acontecerão, e não poderia estar mais ansioso. Afinal, Shameless é – atualmente – minha série preferida. E vocês, compartilham da mesma opinião?


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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