Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Sirens – 1×02 Two Man Race

Por: em 14 de julho de 2011

Sirens – 1×02 Two Man Race

Por: em

No post com as minhas primeiras impressões acerca da série, salientei que Sirens possui uma estrutura divertida e diferente, suavizando um roteiro “cabeça” e fortemente pessimista através do humor, mas que apresentou falhas graves enquanto comédia. Felizmente, Two Man Race atingiu o tom ideal dentro da proposta tragicômica da série, conseguindo repetir os acertos do primeiro episódio e superá-lo na maioria de seus problemas, sem que para isso tivesse que modificar sua essência tão original.

O episódio serviu para que nos aprofundássemos no microcosmo dos paramédicos de Leeds, bem como na personalidade dos personagens, introduzindo os bombeiros com humor (do bom) e criatividade: longe do ideal heróico do profissional que salva vidas em seu dia-a-dia colocando em risco sua própria, Sirens nos apresentou personagens de apoio exibidos, sacanas e “galinhas”. A rivalidade entre os mesmos e os protagonistas conferiu dinamicidade ao episódio, além de sua melhor cena: Stuart salvando uma garotinha de um prédio em chamas e sendo parabenizado por um bombeiro, personagem que antes parecia não passar de um babaca.

A interação entre os paramédicos e os policiais também foi explorada. A vida dos profissionais que patrulham as ruas da cidade, apesar de completamente desglamourizada, é cativante, tanto que os quarenta minutos de episódio passaram voando, e a série faz muito bem em apostar nas relações entre eles, o que rende bons momentos como Maxine detendo o delinqüente que tentou furtar a ambulância: através dessas demonstrações rápidas de humor, Sirens vai estabelecendo as características de seus personagens sem estereotipá-los. O desenvolvimento do personagem Ashley é outro bom exemplo disso.

A relação de Ashley e Rachid é divertida de se acompanhar: a implicância do novato e a relutante amizade que nasce entre os dois é o tipo de humor leve e nada forçado que fez falta no primeiro episódio. Conforme a intimidade entre os (ótimos) atores vai crescendo, seus personagens vão funcionando cada vez melhor juntos. Embora eu ache que Rachid precise urgentemente de uma storyline própria, estou satisfeito com a de Ashley e gostaria que as “faíscas” entre Ashley e o policial parceiro de Maxine reaparecessem nos próximos episódios.

 

Falando em Maxine, a personagem ganhou mais destaque neste episódio, aventurando-se em sites de relacionamento online por recomendação de sua mãe e ajudando Stuart em seus daddy issues. Os dois têm química e suas cenas são sempre ótimas, mas não gostaria que ela permanecesse como um “grilo falante” para Stuart por muito tempo: só pelo seu olhar de ciúmes quando Stuart conta que durmiu com Angie já dá para perceber que os dois são o grande “Ross e Rachel” do seriado, mas já que meta dos roteiristas parece ser fugir do clichê, talvez não vejamos o casal junto por um bom tempo.

Ainda sobre Stuart, Sirens vem evidenciando-o em relação a seus colegas Rachid e Ashley, com quem ele teoricamente divide o posto de protagonsita. Novamente, ele abre o episódio com uma narração em off, declarando não precisar de ninguém. Em uma divertidíssima cena no pronto-socorro, entretanto, o personagem se propõe a encontrar uma pretendente, e é assim que conhecemos Angie, uma ativista ambiental que, com sua “magia”, constitui o plot central de Two Man Race: a partir dela, descobrimos que a dificuldade de Stuart em se relacionar estende-se ao sentido bíblico da palavra.

A confusão feita por Stuart ao pensar que a possibilidade da resolução de seus problemas paternos é a cura para sua sociopatia nos leva a um anticlímax bastante pessimista, surpreendente e bizarro. Mais uma vez, Sirens brinca com clichês e com as expectativas e conclusões tiradas pelos telespectadores, valendo-se de uma ciência completamente fictícia para frisar as constantes desilusões sofridas pelos personagens (como fez em Up, Horny, Down), ilustrando as teorias de Stuart. Você insiste em dizer que somos como macacos”, diz Maxine a seu ex, e é assim que ele enxerga a humanidade: um amontoado de primatas que se deixam conduzir por suas características biológicas.

Vem sendo bastante prazeroso acompanhar Stuart em seu propósito de “vencer a biologia”, e é bom constatar que as patinadas que a série deu no primeiro episódio não passavam de uma instabilidade apresentada por quase toda série estreante. Até agora, o saldo é positivo: Sirens conseguiu, neste episódio, utilizar a comédia como aliada em seu propósito de discutir sociologia sem se tornar cult demais. Pelo visto, tudo o que ela precisava para desenvolver seu humor negro era de um episódio com uma carga dramática menor, e eu estou satisfeitíssimo com o resultado.

PS.: A trilha sonora de Sirens é muito boa, repleta de baladinhas indie que ajudam a compor o clima da série, mas algumas das músicas que tocam no episódio podem ser difíceis de se encontrar. Por isso, o criador do blog e do livro que inspiram a série disponibiliza informações sobre a soundtrack em seu site, e um fã fez esse tumblr listando as músicas que tocam na série.


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

×