Que episódio difícil de se escrever. Primeiro porque todo episódio bom acaba deixando a impressão de que você nunca vai conseguir processar em um texto tudo o que aconteceu. Segundo porque é um saco comentar sobre a eliminação de uma das suas castaways preferidas. E terceiro porque é pior ainda ter que admitir que o blindside que tirou Cirie no episódio de quinta à noite foi absurdamente lindo de se ver. Encabeçada por Tom, a estratégia de eliminar Cirie, na verdade, já estava armada desde o começo, quando a intenção era quebrar a aliança de Micronesia. E agora, no primeiro momento em que as circunstâncias se mostraram mais favoráveis pra colocar o plano em ação, Tom prova o porquê de já carregar nas costas o título de Sole Survivor em uma das temporadas do programa. Tom tem força, carisma e, principalmente, inteligência pra conseguir virar o jogo de cabeça pra baixo e eliminar uma de suas principais ameaças do acampamento o quanto antes.
Massss, a gente não pode dar o mérito todo ao Tom, já que JT — olha que coincidência, também vencedor de Survivor — foi uma peça fundamental pra eliminação da noite. Como eu venho falando review atrás de review, JT tá sendo um dos meus jogadores favoritos em Heroes Vs. Villains, e mesmo com a pequena escorregada no episódio anterior, o cara tem tudo pra ficar por cima depois desse blindside. Em um primeiro momento, é capaz de o resto da tribo ficar contra ele por ter mudado o plano de eliminar Tom ou Colby (se é que eles vão descobrir que foi o JT que virou casaca), mas acho que é só mandar aquele papinho de sempre (“Ah, ela era uma grande ameaça, blá blá blá”…) e pronto, problemas resolvidos… Ou não, mas é pra isso que eu tô torcendo. Ah, e além disso tudo, o blindside ainda precisava de um terceiro voto, mas vocês sabem do meu ódio por Colby e não vai ser agora que isso vai mudar. Até porque, convenhamos… na estratégia toda, a participação dele era a menos importante.
No final das contas, a eliminação de Cirie é interessante pro jogo porque torna as coisas bem mais difíceis de se prever. Com ela no acampamento, a gente sabe que boa parte das jogadas contariam com suas estratégias (sempre certeiras, afinal de contas, ela chegou BEM perto de vencer duas vezes), e agora, James, Amanda, Candice e Rupert ficam à deriva. Uma aliança ainda sólida entre os 4 é improvável porque não existe uma força estratégica boa o suficiente pra sustentar as coisas. Amanda é uma boa jogadora, mas só chegou em duas finais consecutivas porque teve MUITA ajuda de Todd em China e de Cirie e Parvati em Micronesia. James é só músculos. Rupert simplesmente não combina com aquela aliança. E Candice… Candice é esperta — bem como a própria promo já mostrou, com ela correndo atrás de Tom e cia. pra se aliar com o time que deu a volta por cima.
O melhor de tudo é que no lado dos vilões, as coisas tão ainda mais legais de se acompanhar, já que a maioria dos castaways do lado vermelho estão entre os meus favoritos. E até os que eu não torço conseguem me arrancar mó sorrisão durante o episódio, tamanho o potencial bizarrístico que apresentam. Tipo o Coach chorando porque ninguém o leva a sério. E isso não é nem o pior. O que eu não entendo (desde Tocantins) é porque Tyson se alia com Coach e parece ser amigo de verdade dele. Tyson é o típico cara que zoa todo mundo e usa qualquer brecha pra soltar seus comentários ácidos. Mas com Coach não. Ele o apoia, ouve o choro, procura ajudar… É uma das várias pequenas coisas que mostram como os vilões agem de maneira muito mais parecida com a de heróis do que os próprios castaways azuis.
Outro ótimo exemplo disso é o jeito como cada tribo recebeu a dica sobre o Hidden Immunity Idol. Enquanto os heróis partiram pro ‘cada um por si’, a primeira coisa que Rob e Sandra fizeram ao ler o papelzinho foi manter o grupo focado, combinando que, quem fosse atrás da pista, seria a mira do próximo Tribal Council. Claro que a intenção deles não era exatamente a de serem bonzinhos, mas é uma atitude que se aproxima muito mais de um lado ‘ético’ que Survivor pode oferecer. E é por jogar na direção contrária a do combinado que Russell me empolga cada vez mais. A tribo tá começando a ficar contra ele, e o careca, em vez de ficar só enchendo o saco falando bem de si mesmo o tempo todo, agora tem que colocar as mãos na massa de verdade pra sobreviver. E se Samoa nos ensinou alguma coisa, é que Russell sabe encontrar ídolos escondidos — e melhor, sabe usá-los.
Apesar de eu gostar MUITO de Boston Rob, não posso negar que na guerra armada entre ele e Russell, eu me divertiria DEMAIS se o careca conseguisse armar um blindside pra cima dele no estilo das jogadas geniais de Samoa. Afinal, não existe exemplo melhor do que Tonight, We Make Our Move pra provar que não importa o quanto a gente goste de quem é eliminado — são as armações, as jogadas, as reviravoltas que nos empolgam e fazem com que Survivor seja bom do jeito que é. E com que Heroes Vs. Villains seja essa temporada impecável que tá sendo até agora.
P.S.: Qual o motivo da revolta do Jeff com o Rupert no Tribal Council? Que bizarro.
P.S. 2: Amo a palavra ‘bizarro’ e todas as suas variações.
