Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

The Big C – 2×01 Losing Patients

Por: em 29 de junho de 2011

The Big C – 2×01 Losing Patients

Por: em

Tomando o lugar de United States of Tara na posição de série que mais me dá prazer de assistir, The Big C começa sua 2ª temporada de forma impecável, alternando comédia e drama em questão de poucos minutos. Está na hora de lutar pela vida!!

Vou lhes contar um segredo. Assistir séries e comentá-las é um dos maiores prazeres da minha vida. É inegável: quando se atinge esse estado com seus programas de TV, existe uma ligação que fazemos com a história, personagens, atores e etc. The Big C estreou em agosto do ano passado trazendo um tema comum e não menos real e triste dos dias atuais. O fato é que câncer faz parte do panorama mundial. São centenas de pessoas sendo diagnosticadas todos os dias, muitas delas se curam, muitas não. É um assunto delicado e que The Big C consegue explorar de forma inteligente, com Cathy querendo aproveitar a vida e pensando no que importa, ao mesmo tempo estando preparada para as peças que a vida pode pregar. Tal qual foi a minha surpresa quando descobri um melanoma maligno nas costas no começo desse ano.

Depois de passado o choque, não pude deixar de perceber a ironia de ter a mesma doença de umas das personagens que mais amo assistir. Para minha sorte, meu melanoma estava em estágio inicial, foi removido sem problemas e hoje me resta apenas uma cicatriz e o procedimento padrão que é feito após a descoberta. Mas uma das maiores surpresas foi resolver agir como Cathy, não escondendo de todos, mas focando no necessário e comprometido a arrumar as pontas soltas que a gente deixa esquecidas por pura preguiça. É a vida imitando a arte, mesmo que arte dos outros, provando que séries também ensinam, explicam e ajudam.

Isto posto vamos ao episódio. Losing Patients tratou da descoberta de Sean sobre a doença da irmã; como todos estão reagindo, e da vontade da protagonista de lutar pela vida e procurar uma cura para o melanoma. O tratamento de Interleucina 2, que força a produção de linfócitos B, responsáveis pela produção de anticorpos contra as células cancerígenas, não funcionou. O câncer de Cathy não diminuiu e a continuação do tratamento pode comprometer outros órgãos. Foi muito interessante como a série resolveu lidar com a ideia de uma segunda opinião. Todos sabemos: por mais confiável que seja seu médico, é sempre bom procurar outra ajuda, pois medicina é uma área complicada. Cada médico tem sua opinião, e apesar de existir uma constante nesses casos, as variáveis já salvaram vidas. O ruim é que assim ela deixa de ver Dr. Todd, um personagem que eu gostava e sempre desejei ver ao lado de Cathy.

Apesar dos momentos tristes e chocantes, (a sequencia inicial com Adam querendo se drogar e Marlene tirando uma chave do buraco de bala em sua cabeça foi sinistra) essa premiere tendeu para o lado comédia. Quem diria que uma cena com Laura Linney e Oliver Platt fumando maconha na cama poderia provocar tantas risadas? Tudo é novo para Cathy, e vale a pena se arriscar para sentir diferentes emoções, por isso é tão divertido acompanhar a personagem toda feliz por fazer uma compra ilegal de drogas. A interpretação de Linney permite que sintamos que aquele momento é real. Torcemos por ela. Sofremos com ela. E apesar de nunca ter confiado tanto em Cathy e Paul juntos, não posso mentir: eles tem química, e das fortes. Os momentos família desse episódio com os dois e Adam foram engraçados com uma simples história de gases.

O plot de uma segunda opinião ainda revelou a Paul sobre o beijo de Cathy e Dr. Todd. Oliver Platt sabe brilhar, e mesmo atuando sozinho, (tendo como apoio um cachorro) o ator manda bem demais. Mas o mais bonito disso tudo é que não inseriram Marlene na história apenas porque era uma personagem que o público gostava. Eles deram motivos para as aparições da vizinha. Seja por alucinações decorrentes do tratamento ou puro espírito, Marlene ajudou Cathy a entender a importância de uma segunda opinião. Mais do que isso, fez Cathy lutar com as próprias mãos ao invés de ficar reclamando que não conseguia falar com Dr. Sherman pelo telefone. Seu momento Rebecca na clínica foi sensacional, tratando de outro ângulo do mundo das doenças: ele é competitivo, é comercial e muitas vezes é preciso ajuda de pessoas do ramo para conseguir consulta. Pois foi graças ao Dr. Todd que Cathy conseguiu uma vaga.

Não sei se veremos Marlene durante a temporada inteira, afinal a atriz Phyllis Somerville não faz mais parte do elenco principal. Mesmo que tenha sido apenas nessa premiere, Somerville conseguiu nos deixar com saudades da velha e boa ranzinza Marlene. Estava certo de que Thomas não morreria e apareceria do nada na cena em que Paul conta para a esposa de sua morte, mas mesmo assim foi muito engraçado assistir aquele cachorro entrando com um cobertor na sala. Graças a Thomas tivemos outra cena memorável, que foi Cathy contando a Rebecca sobre a doença. Cynthia Nixon está perfeita como a melhor amiga de Cathy e agora mãe do filho de Sean. As duas atrizes tem química e Rebecca é tão desorientada que se torna divertida, ou vai dizer que não riu da indagação da personagem sobre Cathy ser a primeira amiga próxima com câncer e do quanto isso mudaria sua vida.

Se teve alguém para botar defeito seria Sean. Gostei que a série continua mantendo a personalidade do personagem. Sean ainda é contra capitalismo e mesmo com uma casa ele dorme em uma barraca no quintal. Tudo bem, ele é bipolar ou tem algum outro problema, mas mesmo assim dá raiva de vê-lo tratar a irmã daquela forma. Chamar Cathy de egoísta e indicar que ela é a responsável pela própria doença foi demais. Ela tentou contar a verdade e sejamos sinceros: ela tem problemas maiores para se preocupar. E agradeço pelos roteiristas estarem fazendo de Adam um personagem bem melhor. O adolescente está mais maduro, sem aquelas chatices aborrecentes.

No geral essa foi uma excelente premiere para uma série que consegue manter um saldo bastante positivo. É difícil não se apegar a The Big C e a atuação extraordinária de Laura Linney. Que segunda-feira chegue rápido.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

×