Mudar ou não? Atender à justiça ou cegá-la? Escolher? Decidir? Fazer a diferença? Aceitar, fazer planos, desistir deles? Reconstruir tudo do zero? Perdoar? Deixar pra trás? É, The Good Wife passou para o público todos os lados desses questionamentos nos vinte e três capítulos de sua primeira temporada. Running encerra um ciclo, mesmo não tendo colocado um ponto final no que fora previamente iniciado. Literalmente.
Os fãs de The Good Wife com certeza ficaram ou ficarão apreensivos com a cena final do último episódio, exibido semana passada. Alicia mostrou, durante a temporada inteira, que é uma boa mãe, uma esposa ímpar e uma profissional, no mínimo, talentosa. Certo. Isso tudo é suficiente? Será que essa boa mãe, esposa ímpar e talentosa profissional não tem a chance de estragar as coisas pelo menos uma vez? E com estragar as coisas quero apenas dizer “sair do padrão”, sair desta fôrma que ela está aprisionada há tanto tempo. Então, será que Alicia atenderá o telefonema de Will???
Alicia Florrick quer mudar, quer experimentar, quer ser diferente. É óbvio que, talvez pela pouca experiência profissional que tem, ainda se deixa abater quando um cliente ganha um caso sem ser inocente ou quando o contrário acontece também. Porém, é possível enxergar na advogada uma fagulha de uma mudança que vem sendo construída (pelo menos a base dela) há alguns meses. Vimos o primeiro sinal de fumaça quando Alicia beijou Will (Heart, o décimo sétimo). A partir dali, a good wife começou a enxergar as coisas de uma maneira diferente e começou também a pensar as coisas num modo diferente. Diria que Alicia ficara mais ousada.
Kalinda foi uma das personagens que mais cresceu nesta temporada. Suas soluções foram quase sempre os principais motivos pelos quais a firma sempre ganhara os casos. A atriz, Archie Panjabi, claro, é a principal responsável por isso. Panjabi soube conduzir a personagem numa tênue linha entre a honestidade e a picaretagem (a forma de conseguir relatórios policiais, por exemplo) e, porquê não trazer à tona de uma vez?, entre o gostar de homens ou mulheres ou homens e mulheres. É um fato que a detetive teve um caso, em alguns episódios, com um dos policiais corruptos, Antonhy Burton. Mas, neste episódio, [finalmente!] Kalinda beija Lana, a agente do FBI que a questionou sobre Glenn e Peter, no final do episódio passado.
Muita gente pode não conseguir enxergar conexão com a relevância da sexualidade de Kalinda para a história, mas, eu consigo. Enquanto ela teve o caso com Anthony, conseguira relatórios e informações extraoficiais da polícia, e ambos fatores ajudaram tanto Kalinda quanto a firma. Quando beija Lana, ela faz com que a agente do FBI pare de questionar se foi ela quem passou a informação que fez Jack Arkin ser assassinado. Somente para registro, foi Kalinda, mais uma vez, a responsável pela resolução do caso central do episódio, que foi sobre os Arkin.
Diane se mostrou, mais uma vez, uma mulher que sabe separar (e muito bem) o lado racional do lado emocional, assim como sabe separar o lado pessoal do lado profissional. Apesar de ter sido “traída” por seu cowboy, ela não “desistiu”, porque a traição acontecera num campo diferente daquele que ficam seus sentimentos por ele.
Como eu já esperava, Cary apareceu neste episódio como um dos contratados por Childs para conduzir o interrogatório do caso Arkin. Cary, apesar de tudo, mostrou-se um bom advogado, fazendo Will e Diane considerarem, por um instante, a escolha que haviam feito há tão pouco tempo (Alicia ao invés dele). Vida longa a Cary, apesar do personagem estar no caminho para se tornar um grande pé no saco (ou não, vamos aguardar para ver o que os roteiristas reservam para ele!).
Chris Noth, ou Peter Florrick, como preferirem, participou desta primeira temporada de TGW como convidado especial. “Pete” foi um dos responsáveis pelas mudanças de Alicia. Se ela amadureceu da forma que nos foi mostrado, foi ele que a fez passar por isso tudo. E nem o culpo por isso. Culparia ele por tudo, menos por isso, porque esta com certeza foi a melhor coisa que ele fez para a esposa em anos. Será que Alicia realmente perdoara Peter? Será que suas mais recentes atitudes (o bom pai, o homem de fé/religioso, o homem de mudanças) convenceram Alicia? Saberemos isso num dos primeiros instantes do primeiro episódio da segunda temporada, assim espero eu.
Muito obrigado por todos aqueles que estiveram comigo (e com o Apaixonados) na cobertura da primeira temporada de The Good Wife. Vejo vocês em setembro!
