Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

The Good Wife – 4×20 e 4×21 A More Perfect Union

Por: em 28 de abril de 2013

The Good Wife – 4×20 e 4×21 A More Perfect Union

Por: em

4×20: Rape: A Modern Perspective

Como estudante de Direito, vivo ouvindo pessoas de senso comum reclamando da legislação brasileira. Aqui um defende a diminuição da maioridade penal, ali outro levanta a bandeira da pena de morte. Idealismo à parte, acredito que, antes de mais nada, entender o motivo de cada norma existir é o mais importante. Neste episódio de The Good Wife, por exemplo, me revoltei como algumas outras vezes também já me revoltei. É óbvio, tanto quanto dois mais dois é quatro, que aquele garoto estuprou a menina. Porém, não foi possível provar. Claro que é revoltante, mas é necessário compreender a situação, levando em consideração alguns princípios, como, por exemplo, o de não aceitar prova obtida por meio ilícito,  que a decisão se justifica. Essa norma foi criada não para limitar as chances de se provar que uma pessoa é culpada ou inocente, mas para assegurar a legitimidade de uma decisão. Afinal, não pode ser considerada válida, por exemplo, uma confissão obtida sob chantagem e coação, pode?

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Enfim, deixando um pouco o caso da semana de lado, quero comentar sobre a situação de Cary. Não gostei muito de Alicia indo investigar o colega. Entendo que agora ela é uma sócia e deve zelar pelo bem da firma, mas ela me pareceu muito autoritária, como se pudesse fazer algo para impedir a saída de de Cary. Quando ele diz  para Alicia, “se eu ainda pretendo sair da Lockhart & Gardnder? Sim. Se eu ainda pretendo sair com você? Não“, eu esbocei um sorisso de deboche. Muito lindo vê-lo sambando na cara de Alicia, que nunca perdeu a oportunidade de chutá-lo para escanteio. Claro que ela é de fato mais merecedora do sucesso na firma que Cary, mas a atitude dela, tentando impedir a saída dos advogados do 4º ano, é um tanto quanto hipócrita. Afinal, quando ela estava na mesma situação que eles, foi justamente ela quem liderou a possibilidade de uma saída.

Diane, pobre coitada, teve que novamente passar pela situação de ver os supostos podres de sua vida jogados em sua cara. Acho tão errado um partido político escolher alguém para lhe representar e ficar podando da pessoa aquilo que não considera adequado. Isso que me irrita na política: as pessoas deveriam ser e continuar a ser autênticas. E Diane sempre me pareceu a pessoa que não mudaria sua vida e sequer questionaria seus princípios para obter qualquer cargo que seja. Quando decidiu casar-se com Kurt, ela subiu ainda mais no conceito. Como venho referindo nas reviews anteriores, estou extremamente ansioso para saber se Diane irá ou não conseguir chegar ao cargo de juíza da Suprema Corte do estado de Chicago. Isso, claro, se Peter ganhar a eleição.

Eu fico pensando no tipo de pessoa que vota em Peter. Pelo que ele fez antes da série terminar, eu não votaria nele. Agora, se eu não o conhecesse mudado (ou não), será que deixaria me influenciar pela campanha midiática feita por ele e Eli afim de melhorar sua imagem? Pois é óbvio que eles tiveram que trabalhar muito para reverter a imagem de político corrupto que desvia dinheiro público e transa com prostitutas para alguém capaz de ser o governador de Chicago. O problema é que aqui no Brasil acontece exatamente o mesmo. É político corrupto se reelegendo, presidente que sofre impeachment sendo eleito a outros cargos, outro condenado pelo Mensalão na Comissão mais importante do Câmara dos Deputados, e aí só piora. Talvez eu seja apenas uma pessoa cética demais que não acredita na mudança das pessoas, mas, ao menos para mim, o sre ético é característica intrinseca e imutável.

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Deixando um pouco minhas filosofadas de lado, tivemos, neste episódio, a presença de um grupo muito popular na atualidade, Anonymous, que ficou conhecido por muita gente após o SOPA, projeto de lei dos EUA que tirou do ar sites de downloads, entre eles o Megupload. Gostei da introdução desses personagens, pois, em geral, apoio os ideais defendidos pelo grupo, apesar de nem sempre simpatizar com seus meios de expô-los. Ainda, sobre o episódio, cabe dizer que gostei. Não foi o melhor da temporada, mas também não foi ruim. Claro que ele foi aquele tradicional episódio de final de temporada que apenas prorroga suas principais tramas. Não tivemos grandes avanços na possível saída de Cary da firma, nem da também possível saída de Diane, nem da eleição, nem da indecisão de Alicia para escolher entre Peter e Will. É óbvio que os desfechos para essas tramas começarão a ser apresentados somente na season finale.

 

4×21: A More Perfect Union

Se o episódio passado teve um caso da semana bom e pouco abordou os personagens principais, este foi exatamente o contrário. Com exceção da sempre ótima presença de Mammie Gummer interpretando Nancy Crozier, o caso da semana não trouxe grandes momentos. A série não costuma abordar frequentemente do Direito do Trabalho, concentrando-se quase que exclusivamente na área penal, justamente por ser esse o ramo que traz mais emoção aos conflitos. Convenhamos que é mais excitante assistir o julgamento de um assassinato que uma reclamatória trabalhista ou uma acusação de quebra de contrato, mas gostei da revolução das secretárias, apesar de não ter gostado da resolução do conflito.

Mas eu gosto de episódios desse tipo. Já comentei outras vezes que, quando o episódio se foca no caso da semana, ele precisa ser realmente bom para nos prender do início ao fim e fazer com que de fato gostemos do episódio. Já episódios como este, em geral, ganham mais simpatia dos fãs da série por colocar os personagens que gostamos ou não no foco das atenções, mesmo que o episódio em si não traga grandes avanços, como foi o caso deste.

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A presença de Owen e principalmente Veronica sempre é motivo de grande alegria. Adoro a interação dessa família um tanto quanto estranha. É fato que a mãe Veronica é muito diferente da mãe Alicia, o que ficou evidente neste episódio, quando, por exemplo, Veronica diz que daria vinho a Zach em comemoração aos seus 18 anos, e Alicia não gosta da ideia, sendo que ela mesma começou a tomar vinho muito antes, com a benção de Veronica. É certo que Zach e Grace são filhos de Alicia e não cabe à Veronica ficar dando pitacos sobre a criação dos netos, ainda mais se considerarmos que ela sempre foi uma avó ausente, a própria Jackie fazia isso, mas ao menos ela tinha uma certa razão em fazê-lo, pois também ajudou a criar Zach e Grace e sempre foi muito solícita nesse caso, coisa que Alicia nunca reconheceu, mas acho que Alicia exagera em alguns pontos. Quando ela diz para a mãe que não deixaria mais ela ver os netos, caso fosse falar com Peter, me fez revirar os olhos.

Apesar disso, gostei muito da presença de Veronica. Principalmente no começo e no final, ou seja, toda a parte do velório foi muito divertida, e também quando ela visita Will e diz com todas as letras que ele deve lutar por Alicia. O que Veronica e Will não sabiam é que, enquanto isso, Alicia aceitava renovar seus votos com Peter. Tem vezes que não consigo entender Alicia. Ela ficar com o marido, lá no começo da série, foi compreensível até certo ponto, pois ela não queria que seus filhos sofressem também com a separação dos pais. Mas agora esse argumento não vale mais. Grace e Zach, mesmo não parecendo, amadureceram e com certeza entenderiam que Alicia se apaixonou por outra pessoa. Não acredito, sinceramente, que Alicia ame mais Peter do que Will, caso contrário ela não fantasiaria noite e dia com Will. Afinal, não pode tratar-se apenas de desejo carnal. Aceitar renovar os votos com Peter é uma atitude que eu não esperava dela, apesar de ver que isso já vinha se desenhando nos últimos episódios. Quando Alicia aceita dar uma entrevista em favor de Peter, e ainda acusando Kresteva de alcooltra, eu simplesmente fique boquiaberto. Nunca esperaria isso da Alicia que admirei, e, agora mais do que nunca, sei que não devo mais esperar grandes atitudes dela. Alicia se vendeu ao sistema.  O jeito agora é esperar para ver como Will reagirá ao incentivo de Veronica e à notícia de que Alicia irá renovar seus votos com Peter.

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Se Alicia vem sendo cada vez mais uma decepção, Diane ganha cada vez mais minha simpatia, uma pena que ela não teve grande destaque. Porém, ao menos, Kalinda voltou a aparecer um pouco. Assim como ela, fiquei muito dividido. Ao mesmo tempo que adoro a interação dela com Will, amo a possibilidade de ela engatar um romance com Cary, então fiquei sem saber para quem torcer na disputa por Kalinda. Ela se mostrou muito esperta e fiquei rindo sozinho com ela pedindo aumento para os dois. Ela ganhou ainda mais pontos comigo quando aprovou a efetivação de Robyn, personagem que continua sendo uma incógnita pra mim. Algo me diz que ela esconde algo não muito positivo.

Enfim, The Good Wife conseguiu prolongar suas principais tramas até a season finale sem grande desgaste. Não pareceu ser uma grande enrolação, como cansamos de ver séries fazendo no final de suas temporadas. Essa noite teremos então a grande season finale, que promete e muito. Será que Cary irá sair da Lockhart & Gardner? Peter ganhará a eleição? Diane será juíza e também abandonará a sociedade? Alicia escolherá Peter ou Will? Estou muito ansioso para saber. Depois de conferir a promo do episódio abaixo, What’s in the box?, não deixe de comentar sobre esses dois episódios e suas expectativas com essas tramas em aberto.

Permitam-me fazer um comentário que não tem relação com a review. Este é meu post de número 100 aqui no Apaixonados por Séries, e estou muito feliz por isso. Queria compartilhar isso com vocês para aproveitar e convidá-los a se juntar à nossa equipe. Estamos selecionando novos colaboradores e, se você estiver interessado, lhe garanto que uma equipe muito querida irá recepcioná-lo, assim como também aconteceu comigo.


Micael Auler

Gaúcho que ama chimarrão e churrasco (tchê!) quase tanto quanto ama séries, filmes e livros. Para acompanhar, seja lá o que for, bebe: se não o chimarrão, café; ou então algo com um pouquinho de álcool.

Lajeado / RS

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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