Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

The Killing – 1×03 El Diablo

Por: em 13 de abril de 2011

The Killing – 1×03 El Diablo

Por: em

Caminhando a passos lentos mais do que propícios para sua narrativa, The Killing apresenta mais um ótimo episódio, alternando entre pistas sobre o assassinato de Rosie e o luto da família Larsen.

The Killing é inteligente. Não pensem que Jasper e Kris são os culpados pela morte de Rosie. Se de fato fossem, a série terminaria semana que vem. Existem muitas, mas muitas peças nesse quebra cabeça para descobrirmos, e se os dois primeiros episódios ainda não tinham me deixado com 100% de vontade para montá-lo, El Diablo o fez. Não que o esse tenha sido melhor do que os anteriores, mas deu mais tempo para nos acostumarmos com a trama. Gosto de muitos personagens da série, mas talvez o meu preferido seja…o clima de Seattle!! Sim, com o já comentei nas primeiras impressões, o tempo chuvoso, nublado e sombrio que paira sobre a cidade é uma das melhores ambientações para uma história de assassinato e casa com todos os elementos da trama. Não só na questão de perseguições e investigação, com lugares úmidos cheios de lama, mas também no período de luto da família de Rosie. Muito disso se deve a atuação dos atores, é claro, mas você acha que a carga dramática teria o mesmo impacto se os dias fossem ensolarados e coloridos como em Pushing Daisies? O clima e a marcha lenta da história é o que mais me chamam atenção em The Killing (o que para alguns é um revés). O canal AMC já está acostumado a contar suas séries dessa forma, afinal, até a série de zumbis acontece de forma lenta. Como eu disse, isso tudo ajuda na montagem da trama, e gostem ou não, é assim que The Killing será contada.

Em El Diablo tivemos mais pistas sobre o assassinato de Rosie. Como comentei semana passada, a série pendeu mais para o lado de Jasper, o ex-namorado. Não que tenham jogado o crime em suas costas, pelo contrário. A série continua a nos deixar com um pé atrás com cada um de seus personagens, mesmo que, aparentemente, alguns não tenham nada a ver com Rosie. Esse é outro trunfo da série. Pelos dois primeiros episódios nem coloquei o tal Kris, o amigo skatista de Jasper na enquete da review, pois nada que ele fez me levou a colocá-lo como suspeito. Para minha surpresa (e eu amo como a série faz isso), o traficante de metanfetamina entra com tudo na trama e vira um dos maiores suspeitos do crime. Isso aconteceu de forma contrária com o professor, por exemplo. Nada me faz crer que ele tenha algo a ver com Rosie. Claro, ele parece esconder coisas e o fato de mostrar o celular com o vídeo, pode ser apenas para incriminar alguém que não seja ele. Aliás, esse vídeo, mesmo mostrado pouco, foi forte. A série não está preocupada só em contar uma boa história, mas também em mostrar algo real, que acontece pelo mundo todos os dias, como o estupro de uma garota inocente. Inocente? Só não digo necessariamente estupro porque Rosie não estava gritando ou pedindo socorro (a não ser que estivesse amordaçada, pois não chegamos a ver seu rosto, o que pode até nos levar a questionar se era Rosie realmente. Porém, os dois chamaram a garota por esse nome). O sangue combina com o de Rosie, mas não necessariamente é o dela.

Igualmente grotesco e sujo, porque para estupro não existe outra palavra, é o zelador Lyndon assistir o que acontece na cela, como o local é chamado. Não é a primeira vez que o lugar foi usado para sexo, e o zelador é alguém que gosta de assistir. Óbvio que ele iria fugir. O cara pode ter sido testemunha do começo de um crime, além de ter o hábito nojento e doentio de assistir pessoas fazendo sexo, e nesse caso, nem algo normal, mas possivelmente um estupro. Só fico curioso pois o zelador disse não ter visto Jasper, e sim Rosie e Kris. Será que o ex-namorado saiu de lá antes, enquanto os outros dois ficaram mais tempo lá embaixo?  Mesmo assim, não acho que Jasper e Kris sejam os verdadeiros assassinos, mas podem ter originado os acontecimentos daquela noite. De qualquer forma enfrentarão muitos problemas. Dois garotos bêbados e drogados abusando de uma garota enquanto sorriem e filmam o acontecido. Mais um ponto para The Killing, abordando um tema recorrente no mundo real e que precisa ser mostrado para alertar a população. Séries não são só divertimento, não é mesmo? São retratos da realidade e que em muitos casos, como esse, são cruéis. O resultado toxicológico de Rosie ainda não chegou, então não sabemos se ela usava drogas. Será que ela era mesmo a garota santinha que parecia ser?

Enquanto isso a campanha de Richmond vai de mal a pior. Alguém realmente acha que foi Jamie que vazou a informação? O cara está fazendo de tudo para que seu candidato seja o vencedor e parece ser bem inteligente para simplesmente mandar um e-mail de seu computador pessoal, certo? Se ele quisesse mesmo passar informações, não seria dessa forma. Para mim está claro que alguém lá de dentro quis jogar a culpa nele e tirar Jamie da jogada. Foi ele mesmo que deu a ideia para Richmond pressionar Yitanes sobre o marido dela que precisava de ajuda nos encanamentos e assim conseguir o apoio da vereadora. Claro, ele pode estar jogando dos dois lados, mas mesmo se estivesse, é inteligente demais para fazer isso apenas por e-mails. Com isso tudo Gwen parece tranquila demais. Está lá na boa, braço direito do candidato a prefeito além de ser sua atual amante. Ela teria muito a perder, mas mesmo assim não consigo confiar nela, algo que The Killing faz com maestria. Interessante também foi o atual prefeito Lesley Adams dizer que a polícia o avisou sobre Rosie ter sido achada no carro da campanha do rival. Sabemos que Sarah ou Holder não fizeram algo do tipo, então ou o prefeito está mentindo, ou temos um suspeito dentro do departamento de polícia. Quanto mais descobrimos, menos sabemos!!

Quanto a vida dos investigadores, tudo continua igual. Sarah permanece em Seattle e deverá ser assim até o fim da temporada. Não posso mentir, adoro Mireille Enos e sua interpretação fria, tranquila e ao mesmo tempo desesperada. Atrás daquela máscara de calmaria parece que existe uma mulher pronta para explodir. Linden está sofrendo bastante pressão ao ser questionada sobre seu trabalho pelos pais de Rosie, além de ter de ficar em Seattle enquanto seu noivo a espera em Sonoma. Ela já poderia ter se mandado, ainda mais dizendo o quanto California irá fazer bem para o filho Jack. Assim como a tal Regi perguntou: “o que está lhe prendendo?”. Seria apenas preocupação de mãe, no estilo “e se fosse comigo?” ou há algo mais no passado e presente de Sarah que não conhecemos? Para mim existe muito de querer fazer o bem e trazer justiça para a família Larsen, além de estar acostumada com a cidade e não querer tentar um novo começo. Aliás, quem é essa Regi? Madrinha, tia, irmã, alguma coisa nesse estilo? Achei ela muito estranha, ainda mais depois do “não me importo em ter as duas pessoas que mais amo no mundo por perto por mais um tempo”. Por isso, Regi entra na nossa lista de suspeitos!!

Já Holder continua mostrando suas maneiras não convencionais de investigação. Voltou a fumar maconha para impressionar duas garotas e descobrir quando Kris chegava no parque. O mais curioso foi uma conversa no telefone com alguém logo antes de Sarah chegar no hospital. “Não ligo para o que ele diz, não farei isso agora. Me dê algum tempo. Ela não é idiota.” Por agora só posso dizer que o “ela” da conversa é Sarah. Quem sabe ele foi mandado para lá já com alguma intenção relacionada ao crime que ele sabia que iria acontecer e precisa fazer alguma coisa, mas sabe que Sarah é esperta e precisa de tempo. Enfim, estou só balbuciando sobre questões que podem ser o oposto completo do que estou sugerindo. O fato é que Holder tem muita coisa em seu passado que estou louco para descobrir, e a série consegue nos deixar bem em cima do muro quanto a seu personagem. Joel Kinnaman continua fazendo um excelente trabalho. Hora parece dedicado a encontrar o assassino, disposto a tudo, porém meticuloso; hora tende a agir sem pensar, por puro instinto.

Mas o que mais me chamou a atenção, novamente, foi a família Larsen. Até hoje não vi uma série tratar com um período de luto de uma forma tão real e detalhista. Tudo isso é muito complexo, pois as pessoas tendem a agir de formas diferentes. Vejam os irmãos, um deles teve curiosidade para saber como a irmã morreu, enquanto o outro colocou um prato a mais na mesa, como de costume, o que levou Stan a refletir. O próprio pai age com mais “raiva”. Não que essa raiva seja mostrada, mas sim contida, e ele busca por vingança, mas deixando nas mãos dos policiais, porém exigindo respostas. Pergunto se Stan tentará tomar decisões por conta própria quando tiver uma mínima suspeita de quem é o assassino e acabar estragando a investigação. Mas Michelle Forbes é quem volta a roubar a cena. E não é só porque eu vibro quando ela aparece em cena, mas porque a atriz faz um trabalho excepcional. O desespero misturado a esperança de quando ouviu a voz da filha no telefone foi sensacional. Imagino que na estado mental triste e confuso no qual Mitch se encontra, existia a mínima possibilidade de que Rosie estivesse viva e que tudo não tivesse passado de um sonho. A cena na qual percebemos que Mitch ficou por horas escutando a voz de Rosie é inesquecível. Mas especial mesmo foi ela na banheira. Sarah contou aos pais que Rosie morreu afogada, mas que provavelmente estava inconsciente. A cena no banheiro é praticamente inenarrável. Só assistindo para ver Forbes dando o melhor de si em uma cena rápida e aparentemente simples, mas com uma carga dramática enorme em que uma mãe tenta saber como sua filha se sentiu ao morrer. E a descoberta não poderia ser pior.

Quanto a nossa enquete, continuamos com os mesmos nomes e adicionei alguns. A opção mais votada por vocês com base nos dois primeiros episódio foi “Uma combinação das opções acima”. Mas o personagem mais votado foi o professor Bennet, seguido do gerente de campanha Jamie, enquanto o atual prefeito Lesley foi o único a não receber nenhum voto. Imagino que após esse episódio as ideias irão mudar, e acredito que isso acontecerá até termos a verdade descoberta. The Killing continua provando que é uma produção excelente e o público parece estar gostando, visto que a audiência continua estável, mesmo caindo um pouco, o que é completamente normal para o episódio exibido após a estreia. Os dois primeiros marcaram 2.72 milhões e esse terceiro ficou com 2.56. Mais ansioso para o próximo episódio impossível!!



Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

×