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The Killing – 1×04 A Soundless Echo

Por: em 19 de abril de 2011

The Killing – 1×04 A Soundless Echo

Por: em

Apesar da série continuar a incrível façanha de fazer 45 minutos de trama lenta passarem voando com histórias inteligentes, com A Soundless Echo vem a minha primeira reclamação.

Não é nada que chegue a preocupar, mas pode tornar a série menos provocativa. Já pelos primeiros episódios podemos dizer que a série tende a terminá-los com um cliffhanger que nos deixa bem angustiados para o próximo. Porém, nunca é nada demais. Veja, os dois primeiros terminaram com a descoberta da jaula, e o terceiro com o vídeo de Jasper e Kris com Rosie no local. Porém, pelo rumo que a história tomou, nada disso tem a ver com o assassinato de Rosie. É fato, se tudo fosse esclarecido rapidamente, não precisaríamos de uma temporada e sim apenas de um telefilme, mas se essa fórmula continuar a se repetir, pode deixar os cliffhangers previsíveis e consequentemente sem graça.

Mas foi só isso que me incomodou, no geral, The Killing apresentou mais um excelente episódios dando pistas sobre o passado de cada personagem. Cada episódio, ao mesmo tempo que me incita a descobrir mais e criar teorias, também me deixa com uma certa “preguiça” porque o tempo todo os roteiristas provam que ninguém é confiável e que todos tem uma agenda secreta, então 90% do que formulo acaba sendo errado. O melhor jeito de comentar a série é separar por assuntos. Comecemos pela investigação que continua avançando mas ainda a passos de criança. Como eu falei acima, toda a história da jaula aparentemente não tem nada a ver com o assassinato de Rosie. Tudo não passou de uma festinha entre Jasper, Kris e Sterling que gostou de se passar por Rosie, seja lá se isso tenha excitado ainda mais os dois garotos. Ela estava bêbada, feliz por estar sendo notada e o sangue era dela pelos frequentes sangramentos no nariz. Se esses sangramentos são normais ou em decorrência de algum tipo de droga, isso é coisa de Sterling. O fato é que ela teria motivos o suficiente para ser a assassina. Vemos todos os dias notícias de espancamentos ou assassinatos aparentemente sem motivos, que acabam sendo por pura inveja. O mesmo acontece com Sterling, e sua amizade com Rosie já andava meio perdida. Para sua infelicidade, as pessoas que foram legais com ela foram as mesmas que a levaram para um porão na escola e abusaram sexualmente. Agora Sterling conseguiu notoriedade, e uma das piores possíveis. É claro que ela sabia sobre Rosie e o professor, ou não teria ficado tão constrangida na presença de Mitch.

Espero mesmo que a série não dê mais uma reviravolta e mostre que a relação professor-aluna era apenas uma amizade mais forte. Rosie e Bennet devem ter tido um caso, o que coloca o professor de literatura como um dos mais suspeitos. Ele teria tudo a perder se o caso viesse a tona. Não só perderia seu emprego como iria preso acusado de pedofilia. Existe um possível cenário no qual Rosie, apaixonada, exige alguma coisa e caso não fosse atendida, contaria para todos e o professor enfurecido assassina a adolescente. Possível mas não provável. Realmente acho que não é o caso, mas é o que o episódio tendeu a mostrar. Bennet é o próximo que será interrogado por Linden e Holder, cujos passados também foram explorados de forma bem curiosa. Holder, por exemplo, desde o começo do episódio já levando uma babada por estar se vestindo mal e aparentando pior do que o usuário de drogas Kris. Mais curioso ainda foi o garoto perguntar ao detetive se o pessoal sabia que Holder era como ele, viciado em drogas. Não seria nenhuma surpresa. Holder não é policial correto que usa terno e lida com as investigações de maneira padrão. Já vimos ele fumando maconha, mas dizendo que era artificial, algo que ele usava quando trabalhava com narcóticos. Será mesmo? Além disso ele e Sarah começaram a se estranhar. Holder não gosta de ficar para trás nas investigações e ainda menos receber ordens de Sarah. Porém, parece bem decidido a descobrir o assassino, e foi ele que seguiu os passos de Rosie no ônibus, chegando a descoberta de que ela se encontrava com Bennet, que era voluntário do time de basquete de uma das campanhas financiadas pelo vereador Richmond.

Falem o que quiserem, estou cada dia mais fascinado por Mireille Enos e sua Sarah Linden. Uma detetive como nenhuma outra na tv atualmente, Enos passa exatamente a expressão calma e suave de Sarah, ao mesmo tempo que parece esconder diversos segredos e querer explodir a qualquer momento. As expressões da personagem são cuidadosas e bem exploradas pela câmera, favorecendo o que Enos consegue fazer bem, que é incitar sentimentos com o olhar. Além disso tudo, Sarah também chegou ao caso com o professor Bennet através das cartas que ele mandou para Rosie e estavam escondidas em seu quarto. O interessante mesmo foi que ela resolveu voltar a verificar o cômodo após encontrar cigarros escondidos no travesseiro no barco de Regi. No recap do episódio do próprio site da AMC diz o seguinte: “Back on Regi’s boat, Sarah finds a pack of cigarettes that Jack hid inside a pillow”. Ou seja, a carteira de cigarro não era de Sarah, de Regi ou de Rick, e sim do próprio filho, mas nesse episódio vimos ela pegando um chiclete para mascar e não colocariam isso assim do nada, ainda mais que naquela caixa, em que ela pegou um desenho de uma floresta, estavam chicletes de nicotina. O que me chamou atenção foi o diálogo dela com o noivo Rick. “Não está acontecendo de novo, está?”; “Não posso competir com um fantasma”. O que foi tudo isso? Em uma interpretação dá-se a entender que essa já existiu uma outra investigação de Sarah sobre uma garota morta, na qual ela também se machucou (o braço machucado foi de uma facada do zelador Lyndon no episódio passado) e que não conseguiu resolver, carregando esse peso nos ombros até hoje, o que seria o “fantasma” com o qual Rick está competindo (seja ele a vítima da investigação passada ou quem sabe um ex-parceiro que acabou morto durante a época).

Rick é muito estranho e isso está claro. Ele teria todos os motivos para tirar Sarah do local, afinal quer realmente mudar de cidade com ela, sabendo que um assassinato assim deixaria ela presa em Seattle, o que pode afastá-lo da lista de suspeitos. Sarah chamou Holder de novo parceiro ao invés de seu sucessor, o que deixou o noivo ainda mais irritado pelo comprometimento dela com o caso. A cena de Rick comendo os pedaços de bolo com Jack foi muito estranha. O garoto riu e tudo o mais, mas eu ficaria assustado com aquele cara comendo daquela forma e falando daquela maneira. Ainda sobre Sarah, de quem era aquela caixa…dela mesma certo? O tênis parecia dela, além dos chicletes de nicotina e algumas pastas sobre uma investigação antiga que continha um desenho de uma praia com montanhas atrás e árvores mortas com um tronco e algumas pedras. Não sei se isso é relevante para a história, mas os mínimos detalhes em The Killing me fazem criar suspeitas. Foi quando sentou para olhar o desenho que Sarah descobriu o travesseiro com os cigarros, e instintiva e rápida como é, percebeu que Rosie poderia esconder muitas coisas em seu quarto. E ah, mais alguém sentiu falta da Regi? Tipo, o barco é onde ela mora, mas em nenhum momento ela apareceu. Sei somente que ela é importante, ou a atriz Annie Corley não faria parte do elenco principal da série (aqueles atores cujo nome aparece na abertura como regulares e não guest).

A campanha de Richmond continua sendo uma trama aparentemente paralela mas que consegue prender a atenção do telespectador. Como comentei semana passada, se Jamie realmente quisesse passar a perna no vereador teria feito algo mais inteligente do que mandar um e-mail do computador pessoal. Está claro que alguém fez isso com ele para ganhar alguma coisa. E Richmond sabe disso. Gostei mesmo de ver os dois continuando amigos e jogando no mesmo time. Porém, não acho que o prefeito Adams é burro. Alguns anos no poder e pelo que todos dizem, roubando bastante, o transforma em um oponente forte e astuto, que pode descobrir logo esse jogo duplo de Jamie. Ao mesmo tempo que joga sujo com essas pequenas situações, Richmond não me parece uma pessoa ruim, e sim um cara que realmente quer trazer justiça para a cidade de Seattle. Quem quer ganhar por trás dele é Gwen, que vem se transformando em uma ótima personagem, com uma atuação muito boa da atriz Kristin Lehman. Ela ganha por estar com o vereador, mesmo que isso seja escondido do público. Só esse fato me faz crer que não seria ela a tentar mandar Jamie embora, pois sabe que se o rapaz sentisse raiva, poderia contar sobre o affair dela com Richmond, ou seja, Gwen só teria a perder, e vimos nesse episódio que isso é exatamente o que ela não quer. Não só trabalhou a questão de tornar Richmond mais visível com a instalação de placas, como foi ela quem recorreu ao milionário Tom Drexler, que vira suspeito. Ele quer ver Adams cair e acha que Richmond consegue isso. Que melhor maneira do que incentivar o vereador a precisar de sua ajuda do que colocando-o em maus lençóis depois da questão de Rosie ser encontrada em um dos carros da campanha? Ok, estou sendo paranóico, mas The Killing está me deixando realmente angustiado por respostas e me fazendo trabalhar em todas e quaisquer teorias. Aposto que com vocês também, ou seja, a série sabe fazer seu trabalho. Mesmo sendo colocado como suspeito no site da AMC, ainda não tenho motivo algum para desconfiar de Charles Widmore, vulgo senador Eaton, pai de Gwen, que teve uma participação rápida no episódio.

Novamente a melhor parte do episódio ficou com a família Larsen. Chegou a hora de enterrar Rosie!! A primeira cena do casal na funerária foi mortal. O vendedor fazendo de tudo para que eles comprassem o caixão mais caro e apelando para sentimentalismos foi genial. Muito interessante a série mostrar, mesmo que rapidamente, esse lado, de como a morte de uma garota pode ser o lucro de outra pessoa, e que por dinheiro, faz-se tudo. Tudo foi curioso com a família. Stan comprou uma casa de surpresa para Mitch e os filhos, mas com a morte de Rosie tudo foi por água abaixo e ele está cheio de dívidas. Precisou recorrer a um tal de Janek Kovarsky, um homem ligado ao passado de Stan e que agora está ajudando financeiramente. Eles não se falam há 17 anos, pois Kovarsky deve ter feito algo ruim para Stan. Tudo me leva a crer que o pai de Rosie era envolvido com crimes, afinal, o que foi aquele papo do colega Belko: “Quer fazer algo com aquele cara? Richmond? É só falar e cuidaremos disso. Como nos velhos tempos”. Não vejo motivos de Belko ser suspeito, mas a partir de hoje ele entra na nossa lista. Estou bem curioso para descobrir do passado criminoso de Stan, que diz não fazer mais “isso” hoje em dia. O dinheiro dado por Kovarsky foi guardado…será que Stan usará para contratar um investigador particular ou coisa assim para descobrir o assassino da filha? A raiva aumentou mais ainda depois dele e Mitch terem visto as fotos do corpo cortado e machucado de Rosie, o que nos leva a pensar: se você fosse o pai, iria querer saber a verdade ou acreditar que sua filha morreu sem dor?

Michelle Forbes continua sua caminhada rumo ao tapete vermelho do Emmy com sua impecável atuação. Ao explorar o luto da família Larsen, a série resolveu mexer com religião, um assunto delicado sobre o qual cada um tem sua própria opinião. A cena na igreja foi arrasadora!! Mitch olhando a representação de Jesus na cruz e seus machucados, relembrando as imagens que viu da filha mais cedo foi sensacional. O próprio padre ficou sem saber o que responder para a mãe em luto. A indagação de Mitch é bem razoável em uma situação como essa. Para ela, tudo o que aconteceu foi injusto em todos os aspectos. Sua filha foi assassinada cruelmente e agora ela precisa aceitar tranquilamente que tudo acontece por uma razão? Não são assim que as coisas acontecem e tudo tem seu tempo. Além disso, é cruel ver Mitch sofrendo. Ela abraçou Sterling como se fosse sua filha e perguntou sinceramente se a amiga sabia de algo…e ela provavelmente sabia do envolvimento com o professor Bennet, o mesmo que se fez de querido e confortou Mitch na escola, enchendo Rosie de elogios.

Quanto a nossa enquete, mais uma vez a opção mais votada foi “Uma combinação das opções acima”. Seria interessante vocês apontarem quais são essas combinações e compartilharem conosco suas teorias e o por que das escolhas, pois o melhor de tudo isso é debatermos positivamente sobre a série e suas suspeitas. Porém, Bennet e Jamie deixam o 2º e 3º lugar de mais votados para dar espaço a Gwen e o próprio detetive Holder. Dessa vez, Stan, Michael Ames, Terry e Lyndon não receberam nenhum voto. Estou cada vez mais apaixonado e preso a The Killing, um drama que sabe contar uma boa história e explorar de forma inteligente e crível todos os seus ângulos. Com um ótimo roteiro e abordagem cuidadosa dos personagens, está mais fácil dizer quem não matou Rosie Larsen!!



Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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