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The Killing – 1×05 Super 8

Por: em 29 de abril de 2011

The Killing – 1×05 Super 8

Por: em

Mesmo não achando que o Sr. Bennet Ahmed seja o assassino de Rosie Larsen, a série mudou a tática e não descartou o suspeito logo de cara, mantendo o suspense por mais tempo. E você? Acha que é possível conhecer de verdade uma pessoa? Eu não.

Talvez isso seja o mais fascinante de ser humano. A ideia de que tudo que que achamos pode ser apenas algo criado pela nossa mente para que nos acomodemos com o fato. Diz-se que confiança é a base de qualquer relacionamento, mas atire a primeira pedra quem nunca duvidou de alguém, até da pessoa que você mais ama no mundo, mesmo que seja por algo bobo, banal. Confiar em alguém leva tempo, e bastam simples ações para que toda essa confiança vá por água a baixo. The Killing mostra isso de uma maneira realista e assim como na vida real, de forma lenta e não menos dolorida.

Insira tudo isso em um cenário político. Aí as coisas pioram ainda mais, e dependendo das pessoas com as quais você se envolve, tudo pode acontecer. Na campanha de Richmond os papéis se invertem a todo momento. Jamie, um homem obstinado e aparentemente habilidoso perdeu o controle quando precisou fingir ser amigo do prefeito Adams. Mas quem disse que ele não pode ser forte o suficiente para atacar Richmond por trás? Como já disse, não acho que o prefeito Adams seja burro. Acredito mesmo que sabe das intenções de Jamie com ele, e que o garoto está trabalhando com Richmond, como um agente duplo. Por isso mesmo aproveitou a chance e “soltou” a informação sobre Yitanes ser a verdadeira cobra dentro da campanha. Desse jeito Adams só vai atrapalhando os planos de Richmond e o fazendo suspeitar das pessoas que ele mais gosta. Seu relacionamento com Gwen sofreu um baque quando Yitanes revelou que ele também pediu a Nathan que vasculhasse o computador da atual affair. Claro, ninguém sabe se Gwen é realmente confiável, afinal vimos que ela está disposta a tudo, inclusive trair Richmond em troca de favores que o coloque no poder e consequentemente eleve seu status social. Apesar de tudo, continuo gostando do vereador. Ele pode até parecer disposto a tudo para se eleger, mas é um homem que luta entre o que é certo e o que é errado. Gwen, assim como Jamie, não ligam para a família Larsen e seu luto. Isso acontece no mundo real. Existem aqueles que fazem de tudo para que as pessoas envolvidas fiquem bem; aqueles que se aproveitam da situação; e aqueles que querem ajudar, mas não sabem como, acabando por evitar contato, como a mulher do mercado ou os clientes de Stan. Mas Richmond, que foi enviado ao mercado para aproveitar o luto de Mitch sabe muito bem pelo que ela está passando.

Mesmo assim ele está no meio de tudo. Ao abraçar o professor Bennet no final do episódio, ele irá incitar a raiva de Stan, mesmo que acabe não tendo nada a ver com a morte de Rosie. Aliás, Brent Sexton mandou muito bem em suas cenas nesse episódio. Era óbvio que cedo ou tarde Stan iria explodir. Estava passando uma imagem de calmo e de que tudo estava bem, mas por dentro precisava gritar, e assim o fez. Foi incrível a cena que sai do carro, explode no banheiro e volta calmamente para ao lado da esposa como se nada tivesse acontecido. Stan deve retornar ao seu provável passado criminoso agora que tomará vingança pelas próprias mãos. Eu não engoli em nenhum momento o papo de que tanto faz quem matou Rosie. Ao pedir para o amigo Belko ir atrás de quem os detetives estão na escola, saberão de Bennet e o conectarão com o vereador. Enquanto isso, ele mesmo age como “tio” para os outros filhos de Stan. A família está desmoronando. O começo desse episódio foi triste demais. O mais novo indo comprar leite sozinho andando pelas ruas lamacentas de Seattle para comer seu cereal, enquanto o mais velho acorda com lençol e pijamas molhados após fazer xixi na cama. Eles estão sendo esquecidos pelos pais e quando tem a chance de socializarem com eles, Mitch da um ataque como deu no banheiro ao ver o filho tomando banho. Não sei se aquilo foi simplesmente por Rosie ter morrido afogada ou se tem mais coisa por trás, mas tudo está sendo muito bem mostrado, não só os pais, mas como irmãos, e até a tia, que está cuidando de tudo da melhor forma que pode.

O episódio focou muito em colocar Bennet como principal suspeito, mas acredito que não tenha sido ele o verdadeiro assassino, mas talvez tenha tido algo a ver, mesmo que não diretamente com a morte em si, mas nos eventos anteriores. Ele é casado com uma ex-aluna para a qual também mandava cartas como as que mandou para Rosie. Mentiu sobre a companhia de reforma cancelar na última hora, quando foi ele mesmo que pediu para que não fossem; sua esposa estava na casa da cunhada na noite da festa; e o quarto que será do bebê tinha latas com hidróxido de amônio, composto encontrado em diversas partes do corpo de Rosie, como unhas e pulmão, ou seja, ela inalou e depois o assassino usou o composto para apagar evidências nos dedos nas partes íntimas de Rosie. É curioso notar que logo depois de Sarah conversar com o médico (que afirmou que Rosie estava limpa, nada de drogas e álcool), e ela falar sobre isso ser feito por um profissional que já fez antes, a cena cortou para Stan pedindo ajuda ao amigo Belko, alguém que sabemos estar familiarizado com “apagar” evidências pelas suas últimas conversas. Seria apenas coincidência ou uma tentativa da série passar a culpa para Belko?

Com todo esse lance do professor, podemos muito bem colocar a culpa na esposa Amber. Em um cenário hipotético em que ela descobre que o marido está tendo um caso com uma aluna, a persegue e mata (ou nesse caso manda matar, pois uma grávida de praticamente 9 meses não iria correr atrás de Rosie nas florestas e vencer a corrida). Não sabemos se o álibi de Amber bate, mas mesmo se ela estivesse na casa da irmã, poderia muito bem ter contratado alguém para fazer esse trabalho sujo. E se esse alguém fosse Belko, que ainda faz trabalhos sujos sem Stan saber e ter sido apenas avisado sobre a vítima, sem saber que era Rosie? Que ele vive com uma cara de suspeito e até de culpado, é verdade, mas são tantos questionamentos que a maioria deles não levará em nada. De qualquer forma Bennet permanece como suspeito principal. O vídeo que Rosie fez também é muito estranho. Não, vocês não estão sozinhos…eu também vi uma cabeça no chão na cena que tem uma grade em primeiro plano. Não sei por que Sarah não comentou nada sobre aquilo, porque pra mim é algo realmente curioso. Borboletas-monarca; aviões; florestas; paisagens urbanas…o vídeo de Rosie deve estar cheio de pistas. O fato dela adorar borboletas também deve mostrar algum significado em certo momento, visto o formato da colagem de fotos em seu quarto e seu colar quando foi encontrada morta.

Enquanto isso a série segue em passos ainda mais lentos na vida dos detetives. Acho que dava para dar uma adiantada ou pistas mais conclusivas sobre o passado dos dois. Sarah segue na investigação, visivelmente presa ao assassinato de Rosie. O noivo Rick já percebeu que ela não irá sossegar até encontrar o culpado. Pelo pouco que foi dito, ela já liderou uma investigação parecida, pela qual ficou obcecada e deve ter tido problemas psicológicos com isso. A garota de antes desenhava, algo que foi comentado aqui nos comentários e eu tinha esquecido. Rosie fazia filmes e mesmo Sarah prometendo não fazer um quadro de pistas sobre o caso, sua última cena foi montando o começo de um quebra cabeça em quadro com frames do filme de Rosie. O que aconteceu com Sarah durante a investigação anterior está me deixando nervoso. Estou realmente louco para descobrir os motivos que a fazem ficar tão obcecada com o caso de Rosie, assim como ficou com o anterior. Mas essas pequenas pistas não estão sendo suficientes e acho que a série precisa apressar um pouco as revelações dos passados dos detetives ou o público pode cansar.

Holder continua mais misterioso do que nunca. Seis meses sem sexo por razões pessoais? De onde veio o dinheiro que ele deixou em uma caixa de correio? E pior ainda, de quem era aquela casa com uma mulher e duas crianças para quem Holder deixou o dinheiro? É fato que ele não gosta de receber ordens e mesmo gostando de Sarah, ele não aceita ser colocado para trabalhos menos importantes e da falta de iniciativa da detetive para prender Bennet logo. Holder age por impulso e com certeza não conseguiria levar uma investigação como essa sozinho. O que eu acho interessante é que Holder sempre acaba tendo um comportamento mais violento quando questiona os suspeitos que poderiam ter se aproveitado sexualmente de Rosie. Será que essas mudanças bruscas de comportamento tem a ver com seu atual celibato?

Quanto a nossa enquete, no episódio passado Sterling foi a mais votada como a assassina de Rosie. Em segundo lugar Rick e a opção “Uma combinação das opções acima” empataram, enquanto o professor Bennet ficou com a terceira posição. A única alteração nessa enquete será a adição de Amber, a esposa de Bennet. Apesar de ter gostado de Super 8, e o episódio ter conseguido prender minha atenção, foi o que menos gostei até agora. Porém, para mim, The Killing continua sendo uma grata surpresa, da qual eu quero cada semana mais.



Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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