Apesar de não terem sido dois episódios realmente ruins, eles constatam que The Killing está mais para uma série com um potencial gigante que se perde no desenvolvimento.
A proposta era explorar a vida de familiares, detetives e suspeitos após um assassinato. Adentrar a casa da família Larsen e mostrar os detalhes da vida de Rosie, seus relacionamentos, a semana antes do crime, os motivos…mas cadê tudo isso? Estamos acompanhando o luto real e emocionante dos pais de Rosie. Ok, ponto para a série. Mas quem era Rosie? Ela é o ponto central de toda essa história e tudo o que sabemos até então não dá para nem para o cheiro. Explorariam seus segredos e então a partir dai poderíamos montar o quebra cabeça dos fatores que levaram alguém a assassiná-la, tanto que o canal AMC até montou uma página para explorarmos o quarto de Rosie. Poderíamos conhecê-la através dos amigos e relacionamentos, mas a série escolheu partir para outro assunto e esqueceu totalmente de Sterling, Jasper e qualquer outro amigo. Até tentaram explorar (e conseguiram sucesso) nos primeiros episódios, mas então focaram no professor Bennet.
Desde então especularam pedofilia e partiram para terrorismo. No final das contas, não era nenhum dos dois…não com o professor Bennet. No fim do dia ele era apenas um professor preocupado com assuntos delicados, que lutava para salvar crianças submetidas aos extremismos de suas religiões. Anule totalmente o desenvolvimento da trama até aqui e foque apenas nesses dois episódios. Foi bom e interessante mostrar o que pistas falsas, fofoca e vingança podem fazer com alguém totalmente inocente do crime principal? Foi e realmente achei válido essa abordagem…mas somente se esquecermos tudo até então. Faltando quatro episódios para o final, The Killing acaba com seu suspeito principal, voltando a estaca zero. Pode ser tarde demais para voltarem a investigação de Rosie e analisar a semana que antecedeu o crime, o final de semana em si, a falta de preocupação de Mitch para com a filha, os amigos e relacionamentos. Isso tudo deveria ter sido usado para a evolução desses nove episódios até então.
Gastaram dois episódios para a história do terrorismo, a procura por Muhammed e problemas na investigação que não conseguem chamar minha atenção. Eu não ligo se está difícil para Sarah e Holder. Eu quero ver a investigação de fato, eles juntando pistas…mas passamos os episódios vendo a frustração dos dois e a falta de evolução em seus dramas pessoais. Ok, admito, fiquei extremamente feliz com as descobertas que tivemos da vida de Holder. Como muitos supunham, aquele homem era mesmo padrinho dele em um programa para ex-viciados em droga. Isso não exclui o mistério de como esse cara sabia sobre a vida mafiosa de Stan, mas tudo bem, já foi o bastante. O depoimento de Holder com a interpretação de Joel Kinnaman foi emocionante e conseguiram que nos importássemos com a situação. Mas e Sarah? Poxa, Mireille Enos tinha tudo para ser excelente em suas explosões, mas a atriz fez o básico…deu um grito com Jack aqui e socou o carro ali. Sempre comentei sobre como Sarah parecia prestes a explodir e quando Enos teve a chance de se entregar a interpretação e mostrar o quão boa atriz é, ficou com um pé atrás. Era fato que era Jack quem enviou as fotos de Rosie, afinal, quem não seria um adolescente rebelde com uma mãe que não lhe dá bola e ainda ironiza o fato de você estar preso com ela, pois seu pai já o abandonou?
Com Bennet morto, é bem capaz de as coisas complicarem para a polícia, pois até Amber deve procurar justiça. O mais bizarro de tudo isso foi assistir Belko completamente transtornado socando uma pedra enquanto Stan acaba com a vida de Bennet. Todo o lado da máfia polonesa deve ser explorado agora, visto que Stan pedirá ajuda para livrar-se do problema. Para mim, Belko deveria ser o assassino. Ele tem um perfil psicopata (por favor, o cara lutou com uma PEDRA!!) e seu olhar de culpa para Stan e a garotinha da bicicleta explicita ainda mais a situação. Enquanto minhas suspeitas por ele aumentam, Terry parece cada vez menos provável a assassinar a sobrinha. Não vejo motivo algum para ela cometer esse crime, pois pelo que sabemos, ela tinha um relacionamento muito bom com Rosie. O mesmo não se pode dizer de Mitch, que mais uma vez coloca os filhos em perigo ao deixar o motor do carro ligado e os dois lá dentro. Eu gostaria muito que explorassem o relacionamento dela com a filha, os motivos de não ligar para Rosie no final de semana…pois parece existir muita coisa válida nessas questões. Fiquei tão frustrado com o rumo que a série está tomando que nem apreciei muito Michelle Forbes. É inegável que ela continua fazendo um ótimo trabalho, mas precisam mostrar outros aspectos para que fique mais interessante. Gostei do confronto de Mitch e Stan sobre o quarto da filha e o que cada um tem de culpa na educação de Rosie. Os dois estarem mais envolvidos com a investigação também é algo que pode ajudar a melhorar a série.
Agora…alguém realmente se importa com a parte política de The Killing? Onde tudo isso levará? Por que existe essa trama na história da série? Não vejo motivo algum para os conflitos cada vez mais fortes entre Richmond e Adams; as estratégias de luta política; as preocupações de Gwen e Jamie; e muito menos os dramas pessoas de Richmond e a morte de sua esposa. Agora com a morte de Bennet e sua aparente inocência, voltamos a parte em que o único link da política com o crime é que Rosie foi encontrada em um carro da campanha de Richmond, que pode ter tudo a ver com o assassinato, ou simplesmente apenas uma coincidência.
Com o final da trama Bennet, será que os roteiristas conseguem voltar a mostrar um desenvolvimento interessante e que faz jus ao que nos prometeram, como visto nos quatro primeiros episódios? E na nossa última enquete, Belko foi o mais votado. Será que o suspeito mudará após esses dois episódios?
