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The Pacific Parte 9 – Okinawa

Por: em 19 de maio de 2010

The Pacific Parte 9 – Okinawa

Por: em

“O horror, o horror”.

Essa frase acima foi imortalizada pelo Coronel Kurtz, personagem de Marlon Brando em Apocalypse Now. E embora o filme do Coppola tenha se passado durante a Guerra do Vietnã, essa fala poderia se aplicar bem a qualquer personagem desse penúltimo episódio de The Pacific.

Mais uma vez anunciada como a batalha com mais baixas na guerra (acho que disseram isso na introdução de TODAS as batalhas), a disputa pela ilha de Okinawa traz um elemento novo e ainda mais dramático para a jornada sangrenta dos fuzileiros americanos: civis.

Pela primeira vez na série, vemos a guerra acontecer em uma região habitada, e obviamente isso acaba trazendo cenas ainda mais fortes de se ver, além de dilemas morais. Até onde pode-se confiar e deve-se proteger os civis, que podem ou não ter ajudado os japoneses? Quando estamos aqui, sentados, pensando racionalmente, é fácil responder que os civis não têm culpa de nada e deveriam ser protegidos com toda a compaixão. Mas a questão é que Sledge, Snafu e seus companheiros não estão num estado racional. Eles já passaram por tanta coisa e viram o inferno tão de perto, que se tornaram quase animais.

É impressionante a transformação de Sledge, que já havíamos observado no episódio 7. De garotinho bonzinho e franzino, ele virou apenas uma sombra de humanidade, cheio de ódio, rancor e traumas. Isso fica evidente ao longo do episódio, onde ele tem sede de sangue sempre que vê um japonês, a ponto de gritar até com seus superiores. Perto dele, até o debochado Snafu soa mais humano (aliás, é impressionante como o personagem foi se tornando cada vez mais tridimensional e interessante).

O resquício dos homens que eles eram antes da guerra reside em dois novatos: Hamm e Peck. Hamm é o humanitário e questionador, que tenta levantar essas questões ligadas aos civis e à postura deles todos com os japoneses. É como se fosse uma voz da consciência, vindo de alguém que ainda não se acostumou com os horrores do confronto. Já Peck foi convocado, e mostra esse mesmo desconforto com a dura realidade da guerra, mas sem o mesmo equilíbrio do Hamm.

E no fim, ironicamente, essa inexperiência deles é fundamental, já que Peck surta e quando Hamm corre para tirá-lo da linha de fogo, acaba atingido e morto.

Não é apenas aí que vemos tragédia nesse episódio. Ele é, sem dúvida, o mais pesado da minissérie até aqui, e mais violento do que qualquer um de Band of Brothers, por exemplo. O destaque fica para a desesperadora cena em que os fuzileiros não sabem como reagir a um grupo de civis até que, quando já estão dando passagem para eles, descobrem que se trata de uma armadilha japonesa. Os soldados inimigos usando civis como escudos humanos está sem dúvida garantido como um dos momentos mais marcantes de The Pacific.

Para finalizar, tivemos o resgate do antigo Sledge, quando ele se depara com um bebê e depois com uma senhora agonizante em uma cabana. Muitos podem achar que a atitude mais humana e misericordiosa ali seria acabar com o sofrimento dela. Mas para o Sledge significaria um passo adiante no desprezo à vida. Ali ele toma consciência de que já matou demais, e do quão desnecessário é querer destruir aquelas pessoas. Consciência que fica clara quando ele poupa a vida do jovem japonês em seguida (antes que outro americano acabe abatendo o coitado). É uma mostra que a guerra torna os homens em animais, mas que nós podemos resistir e recuperar nossa essência.

No seu episódio mais violento, The Pacific provavelmente chegou em seu ápice, preparando terreno para um final focado nas conseqüências da guerra na cabeça de quem sobreviveu e voltou para a casa pra tentar uma vida normal.


Alexandre

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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