Nas últimas duas semanas (e na próxima também) mergulhamos nos horrores de Peleliu em The Pacific. Tanto a parte 5 quanto a parte 6 foram focadas nessa missão que seria, comparando com Band of Brothers, equivalente à batalha de Bastogne, onde vimos nossos heróis em seus momentos de maior desespero.
A parte 5 começa ainda em Pavuvu, com a chegada (até que enfim!) do Eugene Sledge à guerra e seu reencontro com Sid Philips. E na maior parte do tempo, o episódio parece que não vai deslanchar. Temos o primeiro contato dos novos soldados com a vida precária da guerra e com seus companheiros que já passaram por maus bocados. E o grande problema é que nada disso parece do que a gente já viu em outros filmes e séries que mostram o contraste entre soldados calejados e novatos. O ponto alto parecia ser a conversa entre Sid e Eugene, onde o Sid tenta explicar como é a sensação da guerra.
E eu digo parecia porque o episódio ainda reservava o desembarque à Peleliu, que me fez calar a boca e deixar de lado todas as críticas que fiz no parágrafo acima. Afinal, se a explicação de Sid já havia sido tocante, a experiência do Eugene em entrar na guerra valeu mais do que qualquer palavra do amigo. A sequência inteira, até o fim do episódio, foi espetacular. Tensão, desespero, medo e adrenalina, tudo muito bem captado por um direção impecável e uma edição ágil, que não coincidentemente lembrou o começo de O Resgate do Soldado Ryan, dirigido pelo Spielberg (produtor da série).
Nesse turbilhão de sensações, vimos Hoosier ser gravemente ferido (e até agora não sabemos se ele está vivo ou não) e Eugene finalmente sentir a ficha caindo. A atuação de Joseph Mazzelo travando em alguns momentos e caindo na real para salvar a própria vida foi memorável.
E essa atmosfera opressora da guerra continuou no excelente episódio seguinte, que mostrou a ousada (e quase suicida) travessia dos fuzileiros americanos pelo campo de pouso de Peleliu, sob fogo constante dos japoneses protegidos em suas cavernas. Mais baixas no campo de batalha acontecem, e entre os feridos estão velhos conhecidos nossos. Runner leva um tiro no braço e Leckie corre para procurar um médico, sendo atingido pelo impacto de uma bomba japonesa. Ambos feridos acabam se reencontrando depois no navio médico, que zarpa para a América. Seria a despedida da série do protagonista dessa primeira metade? Não conheço a história do Leckie, mas acho improvável. Assim como o Basilone provavelmente ainda voltará a aparecer.
Mas agora o foco é em Sledge, e é bacana ver como ele vai aos poucos ganhando o respeito dos seus companheiros, inclusive daquele babaquinha que até agora não descobri o nome, mas que vem se tornando interessante. Na parte 5, ele parecia apenas um personagem bidimensional escrotinho, sem nada demais. Mas está sabendo muito bem construir seu personagem, mostrando que sua personalidade desagradável não passa de um fruto da dureza da guerra.
E agora a minissérie engrenou de vez. Já ficou claro que ela não vai chegar ao nível de Band of Brothers, mas que merece ficar marcada como uma das melhores e mais bem acabadas produções pra TV. E o melhor: ainda temos 4 episódios dela, incluindo Iwo Jima e Okinawa. Promete.
